No fundo, o problema de Portugal e da maior parte dos portugueses é não termos um amigo como o Carlos Santos Silva. Vá, ao menos um José Guilherme.
Etiqueta: endividamento
Da superioridade das empresas públicas sobre as privadas
Enquanto as empresas privadas com excesso de endividamento e falta de vendas são forçadas a fechas as empresas públicas demostram uma notável resiliência a estes “pequenos” problemas. Desde que consigam forçar os contribuintes a pagar a conta…
Autonomia e Responsabilidade
O meu artigo hoje publicado no Diário Económico, no âmbito da parceria estival com O Insurgente
Nos últimos dias têm-se multiplicado as notícias sobre os pedidos de auxílio das regiões espanholas ao governo central.
Conjugado com o recente ‘bailout’ à Região Autónoma da Madeira, será grande a tentação para considerarmos que existem razões suficientes para se descartar de vez o eternamente adiado processo de regionalização. No entanto, convém recordar que a descentralização pode ser extremamente benéfica desde que aproveitemos a ocasião para tentar perceber o que correu mal e quais as condições necessárias para que o processo seja bem sucedido. Continue a ler “Autonomia e Responsabilidade”
Autonomias (4)
No ABC
La consejera andaluza de Hacienda y Administración Pública, Carmen Martínez Aguayo, se dirigirá al ministro de Hacienda y Administraciones Públicas, Cristóbal Montoro, para que “revise” la “penalización” a Andalucía en su límite de endeudamiento acordada en el Consejo de Política Fiscal y Financiera (CPFF) antes que sea aprobada por el Consejo de Ministros.
Os limites ao endividamente das regiões não são tratados como limites máximos inultrapasséveis mas como objectivos de curto prazo antes de, perante a “força das circunstâncias”, negociarem um novo limite superior. (refira-se de passagem que a administração central faz precisamente o mesmo). Uma solução seria impedir o endividamento das regiões mas, nesse caso, porquê dar-lhes autonomia financeira?
Autonomias (3)
Um interessante post do FT Alphaville que compara e distingue o problema da divida das regiões em Espanha e Itália: Regional debt in Italy is not like regional debt in Spain
A origem da dívida pública
Avelino de Jesus no Jornal de Negócios
Entre 1995 e 2000, Portugal manteve uma dívida pública, em percentagem do PIB, substancialmente inferior à média da Europa. O grande salto para o endividamento faz-se no período 2000 a 2008, antes da crise internacional. Em 1995, só 4 países tinham dívidas mais baixas do que o nosso país. Em 2000, Portugal tinha das dívidas mais baixas; só 3 países (Irlanda, Reino Unido e Finlândia) tinham valores inferiores. Em 2008, só 3 países (Grécia, Itália e Bélgica) tinham valores superiores. Nenhum país conheceu neste período maior acréscimo do peso da dívida. Neste período, metade dos países conheceram decréscimos. Tivemos um acréscimo de 42,1% contra uma média de apenas 0,5% em média na Europa. Já no período pós-crise, embora Portugal esteja entre os países que mais viu crescer a dívida, a diferença é menos marcante; tivemos um acréscimo de 50,6% contra uma média de 39% e 3 países (Irlanda, Espanha e Reino Unido) conheceram um crescimento maior.
A narrativa que atribui à crise o insuportável endividamento publico português não é apenas uma atrevida e errónea interpretação do passado. Ela serve o desígnio de alimentar a insistência nos mesmos erros de política económica que nos trouxeram à desgraçada situação de falência: sempre mais dívida, agora trasvestida de euro-obrigações, obrigações de projecto, acréscimo de créditos e de massa monetária do BCE e o mais que por aí circula loucamente. Justifica-se, assim, duplamente a sua refutação.
Solução única
“What the Greek election means for the eurozone” de Andrew Lilico (Telegraph blogs)
“The authorities are running out of hope and bereft of ideas. Every plan involves getting the French and Germans to pay everyone else’s debts. The sheer lack of imagination, the stubborn refusal to engage with or propose any option other than more and more and more bailouts until the thing goes pop, suggests that ultimate disorderly collapse is now more likely than not.
That path would destroy the euro – the French would have to withdraw because they can’t afford it and the Germans would withdraw because tomorrow’s Germans wouldn’t be prepared to do it. There is, however, still a way out. Each country, each bank, each corporation, each household must be responsible for its own debts. If, at the last, we can still remember this fundamental principle, we can still escape“
Fica para a próxima
O lider do bloco de extrema-esquerda acha que é o ”fanatismo orçamental” que colocou vários países europeus a caminho da falência. Para o nosso Robspierre parece que quanto mais um país gastar melhor será o seu saldo orçamental. Espanta-me que a apesar dos recorrentes saldos orçamentais Portugal esteja mais próximo da penúria do que do paraíso. A sério. Tal como escreveu o Carlos, estes modernos vendedores de banha da cobra merecem ganhar as eleições. Venham daí combater a realidade com uma contabilidade alternativa. Vai ser bonito de se ver.