Em Democracia, todos os votos contam e todos os votos valem o mesmo. Mas será mesmo asim? Analisemos a votação das eleições legislativas do passado dia 6 de Outubro (fonte).
Com o sistema eleitoral em vigor (círculos distritais com o método de Hondt), temos que:
- O PS com 37% dos votos recolhe 47% dos mandatos, precisando de 17 608 votos em média para eleger um deputado. O PS obtem 23 mandatos a mais do que o sistema eleitoral elegesse deputados num círculo único nacional.
- O CDS com “apenas” menos 112 mil votos do que o PCP-PEV obteve menos sete deputados.
- O Chega (seguido de perto pelo Iniciativa Liberal) obtiveram apenas 0,44% dos mandatos embora tivessem recolhido cerca de 1,3% dos votos. Além disso, foram os partidos que mais votos obtiveram por deputado, cerca de 66 000, isto é, precisaram de obter quase 4 vezes mais votos por deputado do que o PS.
Claramente, o sistema em vigor favorece os grandes partidos. Novos partidos para ganhar representação parlamentar, terão forçosamente que começar por Lisboa – círculo que elege 48 deputados, mais de 20% do total nacional.
Outras Observações Dignas de Nota
- Existiram mais votos brancos (129 610) e nulos (88 551) do que votos no CDS, o quinto partido mais votado com 216 454 votos.
- A abstenção registou um nível recorde em eleições legislativas tendo atingido 45,49%.
- António Costa será primeiro ministro tendo obtido menos de 20% dos votos de todos os eleitores inscritos.
Em Democracia, todos os votos contam e todos os votos valem o mesmo?
Nota: na tabela acima não foi corrigida a percentagem das votações nos diferentes partidos de acordo com os votos brancos (2,54%) e os votos nulos (1,74%); apenas foram considerados os mandatos já atribúidos (226); e apenas foram considerados partidos que conseguiram eleger pelo menos um deputado.