Perdoar-me-ão todos aqueles que se imbuíam na esperança de que a solução a ser proposta por Cavaco fosse uma first-best, uma second-best, ou sequer algo remotamente parecido com uma solução óptima. Não foi, nem nunca poderia ser, mas admiro a inocência. Com estes agentes políticos, o conjunto de possíveis soluções estará sempre majorado pelo melhor dos piores. Que é como quem diz, pelo menos mau.
Não compreendendo o pensamento político e económico de Cavaco, especialmente o pensamento, parece-me tácito que ele tentou minimizar os danos. Para tal, teria de atentar às seguintes restrições: 1) eleições antecipadas seriam o pior cenário possível; 2) é importante preservar a coligação PSD/CDS; 3) não seria aceitável que Portas beneficiasse com a birra, naquilo que seria uma clara declaração de jurisprudência de que a zaragata política compensa; 4) é fundamental incluir o PS na execução do plano que o próprio PS ajudou a partejar e do qual foi o principal mandatário; e, o mais bizarro, 5) uma revanche pessoal de Cavaco contra Portas.
Pesado tudo isto, a única solução que atendia a todas estas restrições era tão somente o cenário de um Governo de salvação nacional, embora sem os esteróides de um elenco tecnocrata. Cavaco optou por um Governo não de iniciativa mas de apoio presidencial, prescindindo do ónus de orientar as escolhas. Logo, não virá Monti, virão outros tantos de pedalada igual ou semelhante à atual.
Quem esperava melhor do que isto ou é inocente ou enganou-se no país.
“Politics is the art of looking for trouble, finding it everywhere, diagnosing it incorrectly and applying the wrong remedies.”
― Groucho Marx