O António Costa de 2020 realça a importância de Portugal ser um estado de direito:
Já o António Costa de 2015, estava-se a literalmente a borrifar para o estado de direito (fonte e fonte).
Como é que se chamam mesmo os seres sem espinha dorsal?
Este país às vezes parece um sketch dos Monty Python.
Por um lado temos o governo a passar uma medida inconstitucional, uma vez que não se pode proibir a circulação entre concelhos sem declaração do estado de emergência – inconstitucionalidade essa confirmada pelo Presidente da República (ver notícia abaixo).
Por outro lado, a medida inclui um grande conjunto de excepções, o que leva a crer que o vírus seja altamente selectivo e dotado de particular inteligência (quem sabe, pode ser que um dia ainda chegue a ministro):
Ora bem. Depois do que sucedeu nas eleições legislativas de 2015 com o Partido Socialista a criar um precedente na história da democracia portuguesa, é preciso ter muita cara da pau para proferir estas declarações (notícia retirada daqui):
De acordo com a notícia abaixo os partidos da ex-geringonça: PS, BE, PCP e os Verdes (estes com apenas dois deputados e que nunca foram a eleições sozinhos), vão impedir os partidos com um único deputado de intervirem e interpelarem o governo durantes os debates quinzenais. E isto, depois de na legislatura anterior, terem aprovado um regime de excepção para o PAN que na altura só tinha um deputado.
De referir que o Chega, Iniciativa Liberal e o Livre obtiveram cerca de 192.000 votos e 3,7% dos votos (fonte) e que usando um método proporcional teriam obtido 8 a 9 deputados entre os três partidos.
Um partido novo tem que superar obstáculos herculianos para eleger um deputado em Portugal:
Não tenho dúvidas de que se o único pequeno partido que tivesse eleito um deputado nesta legislatura tivesse sido o Livre, que o regime de excepção da legislatura anterior se fosse manter. Os partidos da geringonça não se importam de dar voz a quem pense como eles ou a quem se preocupe com os animais. As vozes incómodas vêm da Iniciativa Liberal e sobretudo do Chega. Mas o princípio basilar da democracia é precisamente dar voz às minorias e dar voz a ideias diferentes – por mais incómodas que sejam.
Ideias combatem-se com ideias, não amordaçando e silenciando as ideias de que não se gosta.
Uma das maiores realizações do governo da geringonça, senão porventura a maior foi a domesticação e o amansamento quer do PCP quer do Bloco de Esquerda – quem os viu e quem os vê.
Imaginem a reacção que teria o Bloco de Esquerda se o cenário das relações familiares no governo acontecesse com um governo de direita. Acham que nesse caso a Catarina Martins iria pedir ao governo que “fizesse uma reflexão”?
A imagem acima foi retirada daqui.
O PCP a oprimir a classe trabalhadora (fonte):
Na participação, apresentada no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, o ex-funcionário, que tinha gabinete nas instalações da Organização Regional de Setúbal (ORS) do PCP, nesta cidade, invoca a criação de um ambiente de hostilidade contra si, que descreve como de «marginalização e perseguição», supostamente para o impedir de «livremente expressar a sua opinião». A fricção com o partido culminou numa diretiva emanada em março deste ano pela direção para mudar o seu local de trabalho de Setúbal para a Quinta da Atalaia, no Seixal, a qual Miguel Casanova entendeu não acatar, com base na disposição legal que estabelece que tal alteração do posto laboral para outro concelho só pode ser efetuada por acordo entre as partes.
Sobre a saída limpa de Portugal do programa de ajustamento da troika, declamava de forma poética o Doutor Mário Centeno em Dezembro de 2015:
[…] Hoje, caídas todas as máscaras, e levantados todos os véus, percebemos que a expressão ‘saída limpa’ foi um resultado pequeno para uma propaganda enorme.
A economia portuguesa apresenta um crescimento anémico, em que o investimento teima em não aparecer. Em que, pelo esforço das empresas e dos trabalhadores, se conseguiu conter a destruição de emprego. Mas esse esforço traduziu-se numa redução inédita dos salários e também num aumento nunca visto da imigração”. […]
Doutor Mário Centeno , 2 de Dezembro de 2015
Já em Agosto de 2018, já com o estatuto de “Ronaldo das Finanças”e presidente do Eurogrupo, o mesmo Doutor Mário Centeno afirmava de forma bem menos prosaica:
Hoje é um dia especial para a Grécia. O seu programa de assistência chegou ao fim depois de um caminho longo e tortuoso do qual todos nós aprendemos liçoes.[…]
O crescimento económico foi retomado, estão a ser criados novos empregos, há um excedente orçamental e comercial, a economia foi reformada e modernizada.
A Grécia re-conquistou o controlo pelo qual lutou. Mas com controlo vem responsabilidade. Os Gregos pagaram duramente as más politicas fiscais do passado. Voltar atrás seria um grande erro.[…]
Doutor Mário Centeno , 20 de Agosto de 2018
Este post foi elaborado com base nesta notícia do jornal ECO.