Queriam que falhassemos por mais?

Peço desculpa por me repetir. Era só para dizer que continuo maravilhado com a consistência da argumentação daqueles que ao mesmo tempo que criticam o falhanço das metas orçamentais criticam os (magros) cortes na despesa pública. Nem é preciso ir nuito longe. Têm toda a última década para demonstrar o bonito resultado dessa “estratégia de crescimento”.

Acerca do suposto fracasso da austeridade

Pretendedo provar o fracasso do programa de austeridade do governo os “abrantes” apresentam a imagem supra. Porém os gráficos e números neles apresentados contam uma história algo diferente. O está a falhar na execução do OE2012 é a receita. Algo que vários insurgentes avisaram atempadamente. A receita fiscal depende de demasiados factores exógenos e numa conjuntura recessiva é muito pouco fiável. É até altamente desejável que se verifique uma redução da carga fiscal que incide sobre individuos e empresas Para além do mais a redução do défice deve, por motivos estruturais, ser feita essêncialmente (para não dizer, exclusivamente) pelo lado da despesa e recorrendo a cortes permanentes. Ora, precisamente no lado da despesa pode-se verificar que o governo está a conseguir atingir e mesmo a ultrapassar alguns objectivos.

Já nos governos do PS tinhamos avisado que a redução do défice era feita exclusivamente pelo lado da receita aproveitando a conjuntura favorável mantendo-se a despesa pública em crescimento constante, inclusivamente acima inflação anual. Recordo-me de ter escrito na defunta revista Atlântico acerca dos perigos deste caminho e que uma reversão da conjuntura económica faria disparar o défice e traria à luz do dia todos os erros cometidos. A realidade provou exctamente isso.

Sempre em grande, Tó Zé

É extremente curiosa (para não dizer, incosistente) a posição de António José Seguro quanto ao previsível não cumprimento do objectivo do défice orçamental para este ano. Ao mesmo tempo que critica o governo por falhar o objectivo critica o “excesso” de austeridade e declara-se indisponível para aprovar medidas suplmentares.

Um governo socialistas teria falhado por mais, subentede-se. Provavelmente o que ele acha criticável é a “reduzida” dimensão da “derrapagem”.

Os sábios do regime (2)

“não recolher os impostos previstos por causa da recessão, ou ter um crescimento exponencial das despesas da segurança social devido ao desemprego, já são consequências do modelo escolhido para controlar o défice.”

Eu até me vou esquecer da conjuntura internacional. Que já no governo anterior andavamos a pedir dinheiro para pagar os encargos da dívida. E que, de qualquer forma, os credores já não estavam dispostos a financiar-nos os défices públicos pelo que se não fizessemos um acordo com os credores o défice orçamental era imediatamente ZERO e teriamos de cortar despesa muito mais rapidamente pela simples razão de não haver dinheiro para além do que conseguissemos extorquir aos contribuintes ou a vender património. Posto isto, gostava imenso que o Pacheco Pereira apresentasse propostas para reduzir o défice público em Portugal sem causar

a) Contração da actividade económica
b) Redução da receita com impostos
b) Aumento do desemprego