Estes “seguros de crédito” tiveram um papel fundamental na crise subprime e estão a ter um papel fundamental na crise das dívidas soberanas.
O CDS é uma ferramenta muito interessante. Eu empresto 1000 milhões de Euros à Grécia por Euribor+4%. Eu crio 1.000.000 de títulos CDS que dizem o seguinte:
– Eu pago a quem me os comprar Euribor+3% até a dívida estar paga – O equivalente ao prémio do seguro
– Quem me compra os CDS paga 0 Euros (Eu não recebo uma torradeira ou uma máquina nespresso de bónus)
– Se existir um evento de crédito, definido como tal pelo ISDA, quem me comprou o CDS e esteve a receber o “prémio” até lá tem de pagar a mim o valor em dívida correspondente à base do que esteve a receber – Recebo o capital seguro.
Estes CDS transformaram desde bancos a empresas a pequenos investidores em pequenos seguradores. Esta é a primeira consequencia.
Como acontece normalmente nos mercado de activos derivados, o que é que foi feito de seguida? Emitiram-se CDS sem se ter dívida! A verdade é que o título tem um valor económico por si mesmo. O Mercado de derivados é assim muitas vezes maior do que o do activo subjacente.
É desta forma que a exposição do exterior à Grécia esteja estimada em mais de 10 vezes o total da sua dívida.
A crise do subprime, nomeadamente a falência de grandes Bancos de investimento deveu-se à exposição a CDS sobre dívida imobiliária. O mercado de CDS’s não só valia centenas de vezes o do mercado de dívida imobiliário como ainda por cima permite alavancamento. Alavancamento feito sobre bancos com autorização do FED (os big 5) para não terem limites de alavancamento.
Depois da crise do subprime afigura-se como possível a crise da dívida soberana. A verdadeira crise da dívida soberana ainda não chegou. Chegará no momento em que a ISDA disser que existiu um evento de crédito, por exemplo, com a dívida soberana grega.
Se esse momento chegar vão exisitir consequencias imprevisiveis. As perdas não são limitadas aos “haircuts” falados, são perdas totais, multiplicadas e alavancadas. Não são apenas os CDS em carteira dos Bancos. São os CDS em carteira dos clientes dos Banco que vão entrar em falencia e originar defaults de pagamento de dívida aos Bancos e imparidades. É o impacto na economia de falencias de empresas que embora sólidas no seu core vão sofrer do aventureirismo financeiro dos seus decisores.
É este momento que se está a tentar evitar. O default técnico grego é assustador por ter consequências imprevisíveis por serem muitas vezes multiplicadas pelo mercado de CDS. Todos nós que assistimos de fora apenas podemos esperar o melhor e preparar para o pior.