Ó Daniel Oliveira, Afinal Em Democracia Manda Quem?

A coerência de Daniel Oliveira, tecnicamente designada de conveniência, fica aqui revelada em duas crónicas. Esta de Outubro de 2015:

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esta, de Fevereiro de 2017:

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Daniel Oliveira, round 2

Depois de ter atacado displicentemente a jovialidade, a falta de barba e o “fanatismo ideológico” de alguns Secretários de Estado, Daniel Oliveira cerra agora os punhos a Alexandre Soares dos Santos, não sendo parcimonioso nos vitupérios.

Rui Albuquerque relatou o confronto. Neste combate histórico entre o snob e o merceeiro, Daniel Oliveira arremessou os primeiros golpes. Destituído de melhor argumentário, o snob recorreu às armas de que dispunha. “merceeiro” ou vendedor de “iogurtes de pedaços, bacalhau demolhado da Noruega e champôs anticaspa”, “de Oreos e rolos Renova”.

Se ignorarmos os insultos e a demagogia, o que sobra é isto:

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A barba de Daniel Oliveira

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Daniel Oliveira arqueia o arco, com a autoridade que a sua pujante barba revolucionária lhe concede, a todos aqueles que, destituídos do opulento pêlo facial, ousem ser “novos”, “imberbes” ou ter uma opinião contrária à sua. Prática esta que, imbuída do espírito soviético de suprimir contra-revolucionários que atentem ao ideal por eles idealizado, aponta a tudo o que mexe.

Ou se não mexe, fala. Que as palavras são inimigas da revolução, e cale-se o mensageiro na esperança de calar a mensagem. Da guilhotina de Robespierre à execução de carabina para a descredibilização numa crónica, a diferença é a democracia que lhes foi atando as mãos. A motivação, essa, está lá, de bala ou esferográfica na lapela.

E como a história avança por força destes, ou assim reza a dialética que os rege, há que definir bem o inimigo. “Fascista” caiu em desuso, não fosse este um termo que, ironicamente, cola igualmente bem às autocracias sanguinárias da extrema-esquerda, apenas com ligeira mudança de estilo, de retórica e de eye liners, mas igual ou pior resultado em mais um ensaio — porque aquele não era a sério — na instalação da prometida sociedade socialista.

E assim, com enorme naturalidade, Daniel Oliveira, a quem barba não falta, recorde-se, ex-militante do PCP e militante do moderadíssimo Política XXI, um punhado de anos não faz que reintegrado com outros arautos da moderação como o PSR ou a UDP numa amálgama política a que chamam Bloco de Esquerda, erguido na sua fausta altivez, considera oportuno chamar a alguém de “fanático ideológico”.

Entenda-se: Daniel Oliveira está nú, excepto onde a sua pilosidade oculte, e imbuído de uma qualquer superioridade moral que tem tanto de superior como de esquizofrénica, acha-se no direito de apelidar alguém de rôto.

Que Daniel Oliveira não concorde com o Governo ou com os seus representantes, não é propriamente novo. Aliás, é um bom semáforo sinalizador da qualidade de uma determinada proposta. Se passar o crivo voraz do nosso sénior barbudo, é porque foi mal delineada. Que a crítica seja a esse mesmo entendimento ideológico e político de determinada matéria, embora também não seja novo, é compreensível e de salutar.

Pouco salutar é esta reiteração da política baixa e demagógica de espoliar uns quantos que se atravessem no seu caminho do absolutismo moral. Uma crónica estuprada por ataques pessoais, o anúncio da denúncia é óbvio: Daniel Oliveira é isto. A sua barba, e pouco mais.

Adenda: este artigo complementa este e é uma reflexão à crónica de Daniel Oliveira no Expresso onde este se aproveita do espaço para delapidar o Bruno Maçães e o Miguel Morgado, acusando-os de fanatismo ideológico, serem novos e imberbes.

Raquel Varela pede um bebé para o próximo debate

Raquel Varelas no 5 Dias anda com uma produção acima do habitual. No seu mais recente artigo – “Para a próxima aguardo um adversário à altura, um bebé que desperte em mim o instinto maternal” – Raquel Varela dá-nos um lugar de 1ª fila para saber o que vai na sua mente.

Abandonada por outros elementos de extrema-esquerda – como Daniel Oliveira ou Sérgio Lavos, que um dia também eles receberão o rótulo de neo-neo-liberais – que criticam a sua falta de tacto e de sentido de oportunidade, Raquel Varela e o marido passam ao ataque!

Queixa-se de que não teve interlocutores, de que ninguém (além dela) apresentou qualquer ideia “que tivesse conseguido ser defendida”, que o único argumento da campanha contra ela é “os 16 anos” do Martim. Desgostosa por ser uma incompreendida, pede “um bebé que desperte em mim o instinto maternal”.

Acusa o Governo e a Troika – que na sua mente limitada é quem controla tudo e todos, num modo de pensar que eu estou mais habituado em crianças de 5 anos, que culpam tudo no “papão” ou no “homem do saco” – de quererem desemprego. Para ela, “o desemprego serve justamente para isto. Serve para se legitimar o mal menor, isto é, a miséria. Desemprego é, numa palavra (sic), criação de um exército de desesperados dispostos a trabalhar a qualquer preço – é esse o programa da troika, numa frase.” Nesta frase comete essencialmente 2 erros:

  1. Ela achar que o desemprego deve dar votos ao Governo. Isso e a miséria. Está nas intenções de qualquer governo gerar uma crise para ajudar na reeleição…
  2. Ela achar que o desemprego ajuda a pagar o que devemos à Troika. Isso e a diminuição do PIB. Gerar desemprego não é um efeito lateral, é mesmo o objectivo de qualquer comissão criada para levar um país a pagar o que deve…

Por fim, diabolizou o José Manuel Fernandes, um site do BCP e um site de anúncios que – na sua mente – são os culpados por esta “campanha” contra si (tentando menosprezar O Insurgente e Blasfémias, que provavelmente terão ajudado um bocadinho). Como claramente ela não disse nada senão ideias interessantes, bem contextualizadas e inseridas, revolta-a a reação.

A mulher que só compra produção nacional de marcas que paguem salários “dignos” e que comprem matérias-primas em fornecedores igualmente escrupulosos na sua relação com a mão-de-obra não pára de justificar o salário que eu lhe pago: já que não produz nada de jeito na sua “investigação” ao menos diverte-me :]