Professores: há que separar o trigo do joio

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Fonte: Our World In Data

O gráfico acima, aparentemente complexo mas de simples interpretação, ilustra bem a importância do professor na performance dos discentes, uma observação muitas vezes contestada pelos romeiros do eduquês, que insistentemente se resguardam no contexto sócio-económico, Santo Graal para os fatídicos resultados da escola pública — os republicanos-laicos-excepto-para-construir-mesquitas-em-Lisboa que me perdoem a referência pia.

Vejamos. O gráfico no canto superior esquerdo ilustra o efeito da entrada de um bom professor. Existe claramente um aumento significativo da apreciação escolar dos alunos, medida no eixo vertical, criando um gap com a média. Em contraste, a entrada de um mau professor, cujo efeito está ilustrado no gráfico do canto inferior esquerdo, gera uma clara degradação dos resultados dos alunos.

Se este efeito causal é consistente, então o efeito nos resultados dos alunos deverá verificar-se também quando um bom ou um mau professor abandona a turma. Efectivamente, este efeito verifica-se. No canto superior direito temos o efeito da saída de um bom professor, que diminui o gap positivo existente, e no canto inferior direito temos o efeito análogo no caso de um mau professor, que revela que os resultados recuperam face à média.

Posto isto, deveria parecer claro que o sistema educativo deverá estar montado de forma a que os pais e as próprias escolas consigam identificar os bons e os maus professores, separando o trigo do joio, e criando também incentivos a que os maus se esforcem e melhorem a sua prestação. Certo? Errado.

Existe um motivo claro pelo qual a FENPROF não quer a avaliação dos professores: porque não quer a heterogeneidade, não quer a diferenciação, não quer a distinção dos bons profissionais dos maus profissionais, porque isso quebra a uniformização da classe operária, da unidade sindical. E a FENPROF permite-se a isso porque o objectivo do sindicato não é obter o melhor sistema de ensino possível, público ou privado, mas salvaguardar única e exclusivamente os interesses dos seus professores — em particular os maus, que os bons não precisam dos sindicatos para rigorosamente nada. E os interesses desses estão melhor garantidos dentro de um sistema público e estatal, centralizado e controlado pela FENPROF.

O desfecho dos contratos de associação, mecanismo que, não obstante alguns deméritos (uma solução ancorada no cheque-ensino seria claramente preferível), permite às escolas escolherem os seus professores, os melhores — único garante que lhes garante os alunos. Uma coisa boa para os alunos, boa para os pais, e por efeito das externalidades positivas que gera, bom para todos. Excepto, claro, para a FENPROF. Assim, continuaremos com os concursos de professores via 5 de Outubro, manietados, claro está, pelo verdadeiro Ministro da Educação, Mário Nogueira.