Já tiveram a experiência de entrar numa cerimónia, conferência ou em qualquer evento festivo que não fosse formalmente à porta fechada mas que deixasse subentendido que não seriam ali bem-vindos? Ao ignorar o bom senso que vos alertava previamente para não entrarem, teriam de permanecer num local em que destoariam do grupo e se sentiriam humilhados, durante horas, como verdadeiros intrusos? Confesso que já me aconteceu numa ocasião que ficou bem memorizada. Foi numa cerimónia de encerramento de uns dias de palestras no Mosteiro dos Jerónimos. Na prática, ninguém expulsaria três jovens alunas de um espaço repleto de gente madura e engravatadinha, diplomatas, ministros, seus familiares e afins. Já disse que tinha emissão em directo? Bem, como se costuma dizer, foi um “abre olhos” e louva-se a capacidade de o perceber.
Já num extremo oposto, encontramos o exemplo de um grupo que faz questão de estar sempre a mais, invadindo, ofendendo e ridicularizando-se, até. No caso brasileiro, a espécie selvagem assume a designação de “a marcha das vadias” e pode ser localizada e observada a olho nu, sobretudo entre grandes ajuntamentos de pessoas, em datas especiais, eventos nacionais, cerimónias de cariz religioso, entre outros. A espécie assume este comportamento parasitário de forma a socorrer-se da visibilidade de outros grupos para ultrapassar a sua inerente pequenez e insignificância. Uma das mais recentes ocorrências pôde ser observada na monumental Jornada Mundial da Juventude que têm decorrido no Rio de Janeiro. Segundo consta, a espécie enfrenta sérias dificuldades de expansão dos valores que preconiza, pois eles não se revelam suficientemente apelativos e convincentes aos olhos de quem prefere a preservação da vida humana à face da Terra.
As pessoas que se mobilizam para o evento apostólico já mostraram estarem interessadas em actividades bem mais edificantes do que dançar de peitaça ao léu avenida abaixo, avenida acima, ir ali abortar, exibirem o facto de terem um corpo com membros e tudo, ofenderem a mãe, a filha e a vizinha ou mostrarem os seios aos fiéis e aos polícias (que vantagem tão exclusiva é essa de ter seios). Dada a indiferença dos católicos perante estas propostas, a espécie protegida recorreu a uma brincadeira tradicional e milenar, recuperando a desesperada atitude iconoclasta. Atitudes cheias de maturidade, como a do menino no infantário que enterra a chucha da amiga na areia porque não consegue chamar a atenção de outra forma.
