Dez Milhões De Lesados

Aparentemente, António Costa prepara-se para anunciar com a pompa e circunstância habitual uma solução para os “lesados do BES”.

Esta solução passará pela criação de um fundo que será financiado por um empréstimo bancário, garantido pelo Estado e pelo Fundo de Resolução. Isto é, a conta será paga muito provavelmente pelos contribuintes (esse bolso interminável e sem fundo).

De salientar que quem aplicou o seu dinheiro em papel comercial do Grupo Espírito Santo estava a aplicar o seu dinheiro num produto com maior risco à procura de uma melhor remuneração do seu capital quando comparado por exemplo com um depósito a prazo. Risco significa precisamente perda potencial do capital.

Mais uma vez, são lesados dez milhões de contribuintes para a socialização das perdas de alguns milhares de investidores.

Porreiro, pá.

Isto explica muita coisa

No Observador

O Correio da Manhã verificou as contas da Fundação Soares e escreve que o seu maior financiador desde 2011 foi o BES. No total, e através de dois contratos de mecenato, o banco doou a esta instituição presidida pelo histórico socialista que completou recentemente 90 anos, cerca de 570 mil euros. Faltará pagar a prestação do último contrato no valor de 100 mil euros – este contrato ia até 2015.

Esta visto a quem interessa que Ricardo Salgado fique calado.

O Corporações sobre o caso BES

Finalmente, os 7 alter-egos que compõem a personagem pessoniana Miguel Abrantes, três dos quais o João Galamba, mais 4 que vieram como reforço de inverno após a vitória de António Costa, pronunciaram-se sobre o caso BES/Ricardo Salgado.

Em suma, tal como no caso Sócrates, é bom que Justiça/Governo/PSD/Cavaco/Passos Coelho/PGR que não Pinto Monteiro/Presidente do STJ que não o maçon Noronha Nascimento/todos excepto o cabecilha se pronunciem sobre o caso, revelando se tinham informação privilegiada sobre o BES, porque certamente que Ricardo Salgado desconhecia tudo, o pobre incauto.

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Recordar é viver

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É importante recordar que a Caixa Geral de Depósitos emprestou 300 milhões de Euros ao GES em troca de colaterais seguríssimos como acções do grupo e títulos do ESFG, transformáveis em acções do BES. E mais importante do que recordar, é perceber porquê que a CGD o fez. Não é a CGD o banco público que assegura o financiamento às PMEs, quando a restante banca os ignora? Se é, tem menos 300 milhões para o fazer. Se não o é, para que serve então?

Questões.

Supervisão e Estabilização de mercados

Uma lição que parece que ninguém quer tirar com a novela BES são as consequências do conflito de interesse entre quem tem a missão de supervisionar um mercado e de quem tem a missão de o estabilizar. A supervisão tem como missão identificar irregularidades. Irregularidades que podem por em questão a estabilidade de curto prazo do mercado em questão.

Quando existem este tipo de conflitos, prioritiza-se. Para o BdP o mais importante é a estabilidade dos mercados financeiros, é esta a prioridade. A supervisão é apenas mais uma ferramenta para alcançarem a estabilidade dos mercados financeiros. 

Não mudando explicitamente a prioridade na actuação do BDP, o que parece impossível, nem autonomizando a missão de supervisão, o que parece improvável, podemos ter a certeza que outros BES acontecerão no futuro. De acordo com o BdP todos os bancos serão absolutamente sólidos até ao momento que o serão tão pouco que têm de ser nacionalizados.