António Costa contra governo de convergência de esquerda

No seguimento das novidades de hoje, o  António Pedro Barreiro descobriu um tesourinho em que António Costa, militante do PS, rebate dos argumentos do agora António Costa, líder do PS:

“Os portugueses conquistaram um direito a que não podem nem devem renunciar: o direito a que os governos não sejam formados pelos jogos partidários, mas que resultem da vontade expressa, maioritária, clara e inequívoca de todos os portugueses.”

Volta Seguro, Que Deixas Saudades

Não era tarefa fácil conseguir desempenhar um papel de secretário geral do PS de forma pior do que o António José Seguro, mas tenho que reconhecer que António Costa parece ter um dom natural, e que com a sua vacuidade consegue ser de facto pior que o secretário geral do PS anterior.

António Costa, que não sabe escolher os momentos para falar e os momentos para manter o silêncio, começa a parece um disco riscado com o seu lero-lero habitual e as baboseiras do costume. Sempre crítico em relação ao governo actual, vai insistindo que é preciso “acabar com a austeridade e gerar crescimento” (em termos técnicos é o equivalente a “eu não gosto da chuva e quero Sol”), sendo que a única proposta concreta conhecida é que se ele for primeiro-ministro, o Carnaval será festejado em todo país porque “é muito importante para a economia de todas as cidades e para as famílias“.

Depois de sabermos que o PS não quer confundir os eleitores com propostas, António Costa voltou hoje a não se comprometer com qualquer estratégia ou proposta alegando que:

 “Numa União a 28, não é possível prometer um resultado que depende de negociações com várias instituições, múltiplos governos, de orientações diversas”.

E adianta ainda que:

“Como se tem visto nas últimas semanas, é um erro definir uma estratégia nacional que ignore a incerteza negocial e se bloqueie numa única solução”

A solução segundo António Costa é então:

“Identificar corretamente os problemas, assumir a determinação de os enfrentar e ter a capacidade necessária para construir as alianças que permitam as soluções viáveis, trabalhando as várias variáveis possíveis”.

Poderoso, profundo e inspirador! De salientar que não é expectável que o facto de Portugal permanecer numa União a 28 se altere até ao dia das próximos eleições. Daí que, a levarmos em conta estas declarações, o PS corre o sério risco de se apresentar a eleições sem programa, porque “não é possível prometer um resultado que depende de negociações com várias instituições, múltiplos governos, de orientações diversas” e “é um erro definir uma estratégia nacional que ignore a incerteza negocial e se bloqueie numa única solução“.

É pois esta nulidade que o país se arrisca a ter como primeiro ministro – aparentemente basta estar no lugar certo na hora certa. Deus nos acuda.

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António vs António

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Tendo em conta a lei da cópia privada, talvez seja importante ressarcir as modelos, manequins e misses a quem os Antónios vão roubar as ideias. Antónios que estão, aliás, a fazer ao PS o que muito actores fazem à Erika Fontes.

O resto está na edição do Portugalex de hoje, um recomendável programa de humor de António Machado e Manuel Marques que roda na Antena 3.

Estratégia António vs. Estratégia António

Independente do resultado das primárias do PS, creio que a nação ficará bem servida dada a excelente qualidade das propostas inovadoras e fracturantes apresentadas tanto por António Costa como por António José Seguro.

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PS (pun intended): quem é simpatizante do PS e ainda não se inscreveu para as eleições primárias pode fazê-lo aqui, depois de passar este teste de despistagem.

“A Vulgata da Direita Liberal e dos Falcões da Austeridade”

O António Costa bem que pode ir preparando cartazes para agradecer ao próximo prémio Nobel da Economia. António José Seguro descobriu – ao contrário “da vulgata da direita liberal e dos falcões da austeridade“, que o problema fundamental do país é o fraco crescimento económico.

Leitura complementar: Desacato no RatoPrimárias PS: moção política de (in)Seguro

Desacato No Rato: Seguro vs. Costa

Escreve José Diogo Quintela no Público online (destaques meus):

O consenso sobre Seguro diz que ele é, e uso aqui o termo técnico de engenharia, uma parede. Que não tem uma única ideia e que está basicamente (‘basicamente’ nos dois sentidos: de ‘essencialmente’ e de ‘como um básico’) à espera que chegue a sua vez de ser primeiro-ministro. (…)

Mas não é verdade. Seguro até tem ideias. Tem uma ideia, vá. Mas chega-lhe. A ideia é que se a recessão económica é negativa, então vamos pelo crescimento económico, que é positivo. Pronto, este problema está resolvido, podemos ir almoçar.

Eis a Doutrina Tozé Seguro. (…) É uma ideia simples, mas tão poderosa que substitui um programa político. E mesmo um programa de vida, já que tem aplicação universal:

Viver mal é maçador, viver bem é agradável.

Desemprego é negativo, positivo é o emprego.

Tristeza é má, alegria é que é boa.

Estamos a perder? Então vamos ganhar!

Ter borbulhas é feio, opte-se antes por ter pele lisa.

Chove e isso molha. Faça-se sol.

Tenho 1,67, mas vou passar a ter 1,85.

Levar com um pau nas costas aleija. É preferível não levar para não doer.

Ser pobre é pior do que ser rico.

Dificuldades devem ser substituídas por facilidades.

Entre um pneu careca e um novo, escolha o segundo.

Parecem verdades óbvias. E são. Estes truísmos podiam ser da autoria de António José Seguro. Ou de uma criança de sete anos. É justamente esse o ponto forte de Seguro: quem é que não gosta de crianças? E o povo português começa a tratar Seguro como uma criança, não ligando ao que ele diz.

Agora, substitua António José Seguro por António Costa. É isto que o PS tem para oferecer: a escolha entre dois alquimistas que prometem criar riqueza a partir do ar.

Esta semana soube-se que a cultura está com António Costa. Mas os seus apoios são mais vastos. Tenho a certeza de que a agropecuária também apoia Costa. Um homem que olha para vacas magras e sentencia, com convicção, que afinal se trata de vacas gordas, só pode ser o candidato predilecto dos criadores de gado. Engordar uma manada por decreto, eis a marca de um líder socialista. Mal posso esperar por Setembro para saber quem vai conduzir o país à próxima época de prosperidade.

É Jorge Coelho quem vai supervisionar o processo de escolha. Estou entusiasmadíssimo. Afinal, foi Jorge Coelho que proclamou: “Quem se mete com o PS leva!” Ora, sucede que, neste momento, António Costa se está a meter com uma parte do PS. Por outro lado, António José Seguro está a meter-se com a outra parte do PS. Logo, segundo Jorge Coelho, ambos devem levar. É por isso que a melhor maneira de resolver isto é à porrada. Cabe a Jorge Coelho organizar um combate de boxe entre Seguro e Costa. A Maria de Belém põe um biquíni e anuncia os assaltos. Antes do combate principal, haverá uma luta de pesos-mosca para aquecer o público: a fratricida bulha entre Galambas.

Falta só um título para promover a refrega. Tipo Thrilla in Manila ou Rumble in the Jungle. Eu sugiro Desacato no Rato.”

Mário Soares Vs Mário Soares

Mário Soares 2010 (Maio):

“Conheço Pedro Passos Coelho e considero-o um homem muito sensato, lúcido e com um grande sentido de Estado. E o que os políticos precisam de ter nesta altura é um grande sentido de Estado, defendendo sempre o interesse nacional, porque nesta altura é Portugal e a Europa que estão em causa”

As duas caras de Mário Soares e a benção de Passos Coelho, por João Lemos Esteves.

Sic Notícias 2011 (Abril):

Mário Soares admite simpatizar com o líder do PSD e diz que não compreende como é que José Sócrates e Pedro Passos Coelho não se entendem.

Mário Soares 2014 (Junho) – para apoiar António Costa contra Seguro:

“Seguro nunca se identificou com a esquerda e sempre dialogou com o PSD”

Leitura complementar: Como pensa Mário Soares, por Paulo Tunhas.
Alguém tem de ler Mário Soares de vez em quando para depois escrever resumos destes.
O meu obrigado ao Paulo Tunhas por este verdadeiro serviço público.

Os 80 Compromissos Do Tó Zé

80Compromissos

Os 80 Compromissos Do Tó Zé estão disponíveis aqui. O documento é relativamente extenso, mas deixo aqui alguns destaques, em particular do compromisso 75 em que basicamente o Tó Zé espera que a União Europeia financie ad eternum o despesismo do estado Português.

1. Criar “Plano de reindustrialização 4.0” do país que responda às necessidades das atividades já instaladas e que promova e apoie novas indústrias, posicionando o país na nova vaga industrial.

16. Promover o Programa Portugal em Rede – Modernizar e investir nas Conexões de Portos e Aeroportos, promover investimento em banda larga. Fazer de Sines o Porto Europeu do Canal do Panamá alargando o hinterland até Madrid.

17. Criar uma Estação Oceânica Internacional, com valências fixas e móveis, que será concretizada através das equipas existentes em Portugal alavancada por parcerias internacionais existentes e a desenvolver no âmbito da Estratégia 2020, em particular a sua componente para o Atlântico.

Continue a ler “Os 80 Compromissos Do Tó Zé”

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seguroDirectamente de quem promete não prometer nada que não possa cumprir, chegam os 80 compromissos do Tó Zé. Pela amostra destes 15 compromissos (os únicos conhecidos até ao momento), é com grande expectativa que fico a aguardar pelos restantes 65.

A minha preferida pela originalidade é a estação oceânica internacional nos Açores (número 7). É ainda reconfortante saber que depois da tentativa falhada do governo actual, será o PS a levar a cabo, finalmente, a reforma do estado (número 14).

  1. Acabar com a TSU dos pensionistas
  2. Revogar os cortes no Complemento Solidário de Idosos
  3. Não despedir na função pública
  4. Lutar contra a fraude e a evasão fiscal
  5. Estabelecer um acordo de concertação estratégica
  6. Apresentar um plano de reindustrialização do país
  7. Criar uma estação oceânica internacional nos Açores
  8. Celebrar um pacto de emprego
  9. Não aumentar a carga fiscal
  10. Separar o público e o privado no Serviço Nacional de Saúde
  11. Reduzir para metade a taxa de abandono na escolaridade obrigatória
  12. Recusar o plafonamento das contribuições para a segurança social
  13. Procurar que, no quadro do Tratado Orçamental, o país chegue a um saldo estrutural de 0,5% do PIB
  14. Promover a reforma do Estado
  15. Lutar por uma nova agenda para a Europa

Leitura complementar: As 15 promessas de Seguro em Português.