Avante com a festa

Ao contrário de muitos, concordo com a realização da Festa do Avante.

Também concordo com o PCP quando critica ajudas do Estado (“lucros privados, prejuízos públicos”).

Para manter coerência, o camarada Jerónimo de Sousa deve incluir, no preço do bilhete, seguro que pague custos de testes e internamento de infectados com Covid-19.

É que, como muitos, não estou disposto a pagar possíveis consequências desta Festa “política”.

Os empregos criados por Costa

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No Jornal de Notícias de hoje aparece o título da foto. É incrível como os jornais compram esta conversa aldrabona de que os governos criam empregos. Pior: Neste caso os empregos são “criados por Costa”. Que se saiba os únicos empregos criados pelo actual PM, durante toda a sua vida, foram os tachos para os correligionários e para o amigo mega-consultor.

E a adorável ironia de que os empregos são criados por ele e destruídos pelo Covid? É que apesar de tudo, a relação entre as decisões do governo relativas ao confinamento que causaram esta destruição de emprego é mais directa do que a suposta relação entre políticas públicas e a criação de emprego. Mas enfim. É para isto que servem os milhões dos contribuintes que subsidiam os media.

Automutilação

No Reino Unido, a média móvel do número de mortos por dia de Covid-19 era de cerca de 260 no início de Junho. Felizmente, nas pouco mais de três semanas desde então, o número baixou para cerca de 130. Metade. No mesmo periodo, os números correspondentes relativos a Portugal são 14 e 3, respectivamente. No início de Junho, morriam no Reino Unido por dia dezoito vezes mais pessoas que em Portugal, sendo que a população britânica não chega a ser sete vezes maior. Neste momento, lamentavelmente, ainda morrem por dia no Reino Unido 43 vezes mais pessoas que em Portugal.

No entanto, o governo britânico está prestes a anunciar acordo bilaterais com alguns países para permitir que viajantes entre os dois não sejam sujeitos a quarentenas. Tudo indica que Portugal não estará nesses acordos, o que significará uma machadada na ténue esperança que os operadores turísticos portugueses ainda têm relativamente a este ano.

A que se deve esta aparente incongruência (comparando os perfis de risco, etc)? Desconfio que exclusivamente à histeria de parte da população portuguesa, acicatada pelos media que noticiam cada infecção como se fosse uma morte. Conseguiram transformar um pequeno surto perfeitamente controlado, em Lagos, numa notícia internacional que levanta dúvidas sobre uma das regiões menos afectadas e que, num contexto de liderança ao sabor do vento, passou a ser destino a evitar para os seus principais mercados internacionais.

O estranho caso do Alto Minho

Alto Minho 27:Mar:2020.png

No site da DGS para o COVID-19 hoje (28/Mar) podem ver este mapa.
Se clicarem nas bolas dos concelhos, os números são:
Viana, 19, Arcos, 8, Caminha, 3 e Ponte de Lima, 5.

No dia 23/Março o JN tinha os números também desagregados por concelho, e os números eram os seguintes: Viana, 11, Arcos de Valdevez, 7, Paredes de Coura, 2, Caminha, 2, Ponte de Lima, 2, Monção, 2 e Melgaço, 1.

Dia 25/Março, a freguesia de Parada do Monte (Melgaço) foi colocada sob uma cerca sanitária devido aos descontrolo da situação na freguesia.

Face a estes dados, ficam algumas perguntas:
1. Que credibilidade têm os números diariamente divulgados pela DGS?
2. Qual a causa destes erros: incompetência ou mentira?
3. E, independentemente da resposta à 2, o mais importante: Porquê?

No fim desta crise, haverá muita política a fazer. Até lá, por favor: Honestidade!

 

 

 

 

Virus provoca desejo de 1984

Economistas pedem gabinete para monitorizar produção e distribuição e garantir acesso a bens essenciais

Os subscritores começam por chamar a atenção para as prováveis consequências das medidas actualmente em vigor em diversas economias: o desemprego mundial poderá sofrer um aumento de dezenas de milhões e em vários países a quebra percentual do produto andará na casa dos dois dígitos.

A falta de dinheiro e de actividade económica terá um efeito secundário: a falta de acesso a bens “essenciais”, que o grupo de subscritores não define.

A solução é simples: “Para garantir o acesso aos bens essenciais durante a crise pandémica e manter a economia a funcionar, propomos a criação de um gabinete para monitorizar a crise composto por quadros quer do sector privado quer público, bem como de representantes do governo.” – Ou seja, por eles próprios.

O objetivo do gabinete é o de recolher e usar dados (big data) em tempo real para prever e, idealmente, evitar cortes no fornecimento de bens essenciais. – Ou seja, criar uma economia planificada.

Perante choques da magnitude da pandemia do covid-19, regimes democráticos com economias descentralizadas têm de conseguir salvaguardar quer o bem-estar material quer a própria democracia. Um Gabinete de Monitorização poderá transmitir confiança e uma sensação de controlo à população durante a crise, evitando pânicos e agitação social. O grande desafio que enfrentamos exige também monitorização a nível europeu em coordenação com os governos nacionais. – “Never let a good crisis go to waste”

Infelizmente, na atual crise, os mecanismos de mercado, ou os ‘sentimentos morais’ dos empreendedores, poderão não ser suficientes por si só. Primeiro, corremos o risco de não nos podermos dar ao luxo de esperar que o mercado ajuste a oferta de bens às necessidades críticas da sociedade. Segundo, o livre funcionamento do mercado pode obrigar a desobedecer às instruções de recolhimento em casa, contribuindo para a disseminação do vírus. Terceiro, dada a excepcionalidade das atuais circunstâncias, os preços podem ser um mecanismo de coordenação ineficaz. – Professores de Economia que não acreditam no mecanismo de coordenação dos preços. Triste.

Por exemplo, devido a uma carência de bens intermédios ou falta de trabalhadores, as empresas podem não conseguir aumentar a produção como resposta a um aumento brusco nos preços. Numa situação destas, os preços deixam de ser um mecanismo de coordenação para passarem a ser um mecanismo de racionamento que garante que apenas os mais ricos têm acesso aos bens essenciais. Os preços de equilíbrio podem ser tão elevados que gerem revoltas em partes da sociedade podendo pôr em causa a coesão social. Num caso extremo, até a democracia poderia estar em risco. – Há que matá-la então intencionalmente então.
Este ponto merece umas linhas. Preços como mecanismos de racionamento continuam a ser úteis como sinalização de oferta e de procura, informando uns empresários para produzirem mais, outros empresários para alterarem a sua produção, e os consumidores para racionarem o consumo. Os bens essenciais continuam a ter preços que dão acesso ao seu consumo aos mesmos que tinham acesso antes. E se assim não fosse, a solução poderia ser comparticipar preços, nunca a criação de uma nova estrutura burocrática.

Nestas circunstâncias excepcionais, poderá ser possível conseguir um resultado melhor monitorizando e coordenando as decisões de vários agentes. – 1) E se os agentes económicos não quiserem ser coordenados? Com que força se vai impôr a coordenação a estes? 2) Há tanta falta de bens “essenciais”… porque não manter esta estrutura após o fim das circunstâncias actuais? Certamente que após a criação desta estrutura a desigualdade no acesso não vai desaparecer, e é necessário um “garante que apenas os mais ricos têm acesso aos bens essenciais“! E certamente que não faltarão candidatos a gerir (e a crescer) tal estrutura! Quem for contra a manutenção, é contra os pobres!

Podem ler o artigo completo no link acima. Eu não tenho estômago para mais.

Conclusão:
Mal surge uma crise, vamos logo correr a controlar preços e a coordenar tudo num comité central. Perdão, num “gabinete de monitorização e controlo”.
A cada um de acordo com as suas necessidades, de cada um conforme as suas capacidades!
O PCP devia ter pedido ao PCC um vírus em 1975 e teria sido bem sucedido!

Contar com o ovo no rabo da galinha

No final de 2019 muita atenção se deu ao valor do défice do Orçamento de Estado. E por bons motivos. Finalmente o Estado português teria, em 2020, um superávit. O primeiro, dos quase 46 anos desta democracia.

Problema é que se trata apenas de uma previsão/estimativa. E o impacto na economia mundial do vírus Covid-19 está a estragar as contas do governo do Partido Socialista, liderado por António Costa.

Desde o pedido de ajuda financeira pelo governo de José Sócrates já passaram cerca de 9 anos. E, apesar de uma das mais longas conjunturas económicas favoráveis, governos do PSD/CDS (Passos Coelho/Portas) e do PS (segundo de Costa) não conseguiram preparar as finanças do Estado para a próxima crise económica. Mesmo com a continuada intervenção do Banco Central Europeu a manter yield da dívida portuguesa artificialmente baixa.

Se não for o vírus, será outro evento. O abrandamento da economia mundial já começa a ser um distante cenário optimista. Aproxima-se uma recessão e – face ao resultante acréscimo de despesas estatais e redução da receita fiscal – o Estado português não terá os mecanismos para a enfrentar. Novo pedido de ajuda financeira? Provavelmente sim. Superávit em 2020? Cada vez mais improvável.

O CDS no seu labirinto

Escrevi no Observador sobre o actual momento do CDS e o seu futuro imediato. É dar lá um saltinho e voltar de seguida.

E eu vejo dois desafios importantes para o CDS: por um lado recuperar a situação administrativa e financeira do partido e reconquistar a confiança de funcionários, dirigentes e militantes locais; e por outro lado liderar o combate político de oposição ao Socialismo.

Em ambos os campos o João Almeida tem provas dadas.

As Viúvas de Cristas

“Às pessoas que eu detesto, diga sempre que eu não presto”, cantava Noel Rosa, do seu leito de morte, a Ceci, sua amante e eterna paixão. A viuvez é um estado de desolação, digno das maiores compaixões, mas pode, nas almas menos virtuosas, ser um martírio de indecências. Que o digam as viúvas da Dra. Cristas, a ministra mais socialista do governo de coligação, cuja morte política foi dos poucos feitos edificantes de uma direita moribunda.

Ainda dava a senhora os últimos suspiros e o silêncio não era de luto, mas de lata. A lata que a uns o manteriam e que em outros se transformaria num recém ganho repúdio à memória da senhora professora. Os que se esgueiravam por qualquer agremiação buscando a selfie com a senhora, se empenhavam em duelos virtuais pela sua honra, batiam fortemente o punho à mesa do almoço de Domingo em defesa à sapiência da dita, prontamente se remeteram a um estado que vacila entre o recato e o repúdio. Esse sonho da mulher do povo – que é o mais próximo do povo que a direita do condomínio fechado consegue estar – que compra um vestido no Colombo na véspera de ir à televisão fazer arroz de atum, essa sede protagonismo que fez o Presidente Marcelo parecer uma pessoa tímida e a nulidade do discurso misturada à futilidade da acção não aparentavam, em vida, incomodar as legiões de defensores da boa nova. As t-shirts com kiwis, as marchas pelo clima ou hashtag usadas pela nossa tia que descobriu ontem as redes sociais não pareceram demover o séquito.

Os burros éramos nós. Uns reaccionários que não entendiam nada de política, da grande estratégia que assessores pagos à peso de ouro haviam delineado para o país. E com a sua arrogância foram apoiando a líder em todos os seus tropeços, mesmo sem propostas, mesmo sem tino nas intervenções, mesmo com as jogadas internas de mafioso, mesmo do número de “a culpa é do Melo”. Entre campanhas inconcebíveis, os amigos do costume e megalomanias avulsas, fez-se às contas do partido o que se prega evitar no país. Os burros éramos nós porque não conseguíamos ver além. Mas do peito feito vieram 4%.


O povo português, o que anda de autocarro, o que está a ponderar que conta deixa este mês por pagar, o que está a recibos verdes, o que viu a fábrica fechar, não esteve para fanfarras e serpentinas. Não percebeu muito bem o porquê da senhora falar de tudo sem falar de nada. Não apanhou muito bem aquela história do IRS porque não ganha para pagar isso. Não gostou de se saber abaixo dos professores. Não foi muito à bola com a direita mansa que não o livra nem da ladroagem de rua nem da de gravata, que tolera discretamente que a sociedade se transforme um experimento de engenharia social ao serviço de quem almeja substituir a luta de classes pela luta de géneros e raças. Ainda hoje está para saber o que era aquela história do Faz Sentido, visto aquilo não ter feito sentido nenhum.

Alguns viúvos da tragédia, ainda com o corpo em câmara ardente, vieram a público como se nada se tivesse passado, como quem, não era nada comigo, não sei de nada, é preciso mudar e refundar e uma série de lugares comuns de vendedor de automóveis. Mas aquilo que os viúvos da senhora não percebem é que a memória não é curta, que nós sabemos quem disse o quê, quem defendeu o quê, quem esteve com quem. E que no dia do julgamento, não o divino, mas o terreno, em congresso, os cúmplices do desastre – de altos dirigentes a membros de claque – não sairão impunes da merda que fizeram. Há, no entanto uma esperança. A esperança de que entretanto o CDS saia do condomínio fechado.

Apresentação do livro “Linhas Direitas. Cultura e Política à Direita”

Há convites que aceitamos com reservas. Há convites que aceitamos após ponderação. E há convites que aceitamos de forma imediata e incondicional — o convite do Miguel Morgado para contribuir para o Livro “Linhas Direitas. Cultura e Política à Direita”, coordenado por ele e pelo Rui Ramos, foi um deles. E fi-lo por achar que Portugal é isto, mas que não tem de ser isto. Não tem de ser um país estertorante, atirado para os lugares rasos da Europa dos pequeninos, dos anquilosados, que celebram taxas de crescimento de 1.7% enquanto a Europa do Leste cresce a 4 e 5%. A esquerda pode ser muito eficaz a redistribuir o bolo (e afirmo-o sem qualquer ironia), mas é péssima a fazê-lo crescer. Para isso, só com o contributo e a liderança da direita.

A apresentação em Lisboa foi um sucesso. Hoje, terá lugar a apresentação no Porto. Será na Casa Allen, às 18h30, e estão todos convidados.