Mário Centeno anda preocupado com a “desaceleração do crescimento económico”. Com razão! Porque este evento próximo não se vai tratar de uma desaceleração, abrandamento ou qualquer outro eufemismo para menor crescimento. Avizinha-se, para final de 2019/início de 2020, uma recessão (i.e. decrescimento). Possivelmente uma longa depressão, que poderá durar uma década ou mais.
O ministro das Finanças português, presidente do Eurogrupo, “pediu para não se “retratar” a desaceleração económica como “crise”, e solicitou medidas dos governos europeus contra “os riscos””. Tradução: quer tapar o sol com uma peneira…
Peritos da Comissão Europeia, por outro lado, “alertaram para o risco “significativo” de desvio das metas orçamentais e recomendaram prudência na política orçamental, devido à particular vulnerabilidade a choques justificada pelo “elevado rácio da dívida pública”“. Um claro alerta aos governantes portugueses.
Portugal faliu em 2011. Só não tivemos de pagar a factura porque o então Governo em funções (Sócrates, Teixeira dos Santos e – não esquecer – António Costa) negociou um resgate financeiro com FMI, União Europeia e Banco Central Europeu (“troika”). Mas se o custo imediato desse resgate foi menor que o da bancarrota, as consequências foram apenas adiadas… e exponencialmente aumentadas. É que hoje a dívida directa do Estado é cerca 61,8% superior à verificada no início de 2011. Se nesse ano foi impossível pagar a dívida sem ajuda externa, imaginem agora.
Depois de Sócrates ter levado o país à bancarrota, eleitores descartaram-no nas eleições de Junho de 2011. Mas nestes quase 8 anos de ajuda externa da troika, os governos de, primeiro, Passos Coelho, e depois, António Costa muito pouco fizeram para preparar o Estado para o próximo impacto económico negativo. E ele está a chegar.
Se eles foram incapazes (ou incompetentes) de tomar as difíceis decisões, que podemos nós agora fazer? Como nos podemos preparar para a próxima crise económica? Quanto mais tempo temos?