“This is John Galt speaking”

“Mand’s mind is his basic tool of survival. Life is given to him, survival is not”.

Citação que abre o meu artigo de hoje no ECO – Economia Online. Sobre o liberalismo que finalmente chegou à política portuguesa. E com isto encerro a minha participação no Insurgente. Aos amigos que por aqui fiz, um abraço, com amizade.

Da libra em Genebra às regras de Basileia

“A mudança que hoje se sente na actividade financeira, em particular na banca, é motivada pelas novas tecnologias, mas também pela regulação bancária.”

Destaque do meu artigo de hoje no ECO – Economia Online. Sobre as mudanças no sector financeiro e o financiamento da economia.

A Iniciativa Liberal e eu

Quando, no final de Fevereiro, anunciei que era candidato ao Parlamento Europeu pela Iniciativa Liberal, abracei o desafio da política activa de corpo e alma, com entusiasmo e convicção. Foi o início de uma caminhada que terminaria a 26 de Maio, durante a qual me coloquei à prova, batendo-me pelas ideias nas quais acredito. Tendo sido a minha primeira experiência na política e o primeiro acto eleitoral da Iniciativa Liberal, só posso estar imensamente grato às quase 30.000 pessoas que votaram nas ideias liberais e a todos aqueles que comigo percorreram o caminho das europeias. Bem hajam.

Foi com orgulho e muita satisfação que, pela primeira vez na democracia portuguesa, levámos a palavra liberal a votos, sem quaisquer pruridos, com todas as suas letras e com todo o seu significado. Pela primeira vez, que eu tenha visto em Portugal, pessoas juntaram-se para defender sem hesitações, e à vista de todos, o liberalismo. A votação obtida, com maior expressividade nos concelhos de Lisboa, do Porto e, também, no estrangeiro – as três áreas do País nas quais superámos a fasquia dos 2% -, permitiria encher um estádio da primeira divisão e fazer a festa liberal. É uma imagem que ficará no espírito e que certamente constituirá estímulo para o futuro.

Sempre entendi que a política deve ser vivida com convicção, mas também com independência. Foi assim, como independente, que me candidatei e é assim, como independente, que agora saio de cena. A razão é simples e cristalina: depois de me ter dedicado intensamente à Iniciativa Liberal, é agora minha obrigação regressar à vida privada, reconstituir a vida profissional, e cuidar da minha família que continua a crescer. Faço-o acreditando que valorizei o partido e que contribuí para a sua emergência no panorama político-partidário nacional.

Foi sob o desígnio da “política de futuro sem os políticos do passado” que assumi o compromisso das europeias junto do Carlos Guimarães Pinto, a quem presto homenagem pela liderança e inspiração que tem proporcionado ao partido. O Carlos, um amigo e um companheiro, é o John Galt da política portuguesa. É, pois, minha convicção de que, sob o mesmo desígnio, a Iniciativa Liberal vencerá os próximos desafios, trazendo para a política portuguesa pessoas que, tal como eu, aspiram à mudança. As pessoas são a prioridade da política e são a força da Iniciativa Liberal. Quanto a mim, continuarei na batalha pelas ideias liberais. A forma será diferente, mas a convicção será a mesma.

Com um abraço, do Ricardo Arroja.

O czar das finanças

“Centeno: recursos públicos devem ser usados sabiamente.” (via Negócios 10/05)

A intervenção do ministro das Finanças sintetiza a sua filosofia política: ele é o sábio. Na minha opinião, trata-se de uma abordagem muito perigosa e manifestamente anti-liberal, por várias razões. Primeiro, porque legitima a opacidade que inviabiliza o escrutínio da governação. É uma crítica que se aplica inteiramente a este ministro em particular, conhecidos que são os seus truques governativos. Segundo, porque permite ao sábio das finanças a centralização da despesa do Estado que, constituindo uma prática não-democrática, submete a execução do Orçamento do Estado aos humores do ministro. É também uma forma de nada fazer pela gestão descentralizada da administração pública. Terceiro, em resultado de um e de dois, porque distancia o Estado dos contribuintes, que são a base da legitimidade governamental. Em suma, é uma filosofia anti-liberal ou, dito de outra forma, czarista.

A crítica anterior em nada invalida o mérito e a necessidade dos especialistas. Recordo-me, aliás, de uma obra, publicada há uns anos, intitulada “A morte da competência” de Tom Nichols, que apontava a necessidade de valorizar o conhecimento específico, numa sociedade em que qualquer um facilmente se sente um especialista. A sociedade precisa dos seus especialistas, isso é indiscutível, e os especialistas também precisam de manter as suas reputações. Mas a valorização do conhecimento especializado numa sociedade aberta e democrática não se faz com os especialistas em bicos de pés. Faz-se com informação, discussão e deliberação. Um processo em que é o especialista que procura persuadir o cidadão, que seguidamente lhe passa o cheque depois de passado o crivo. Mas em Portugal temos o inverso. Temos a soberba do especialista, que sequestra os recursos do cidadão com mais e mais impostos, mas a quem os cidadãos devem ouvir e obedecer passivamente. Temos um czar.

O polígrafo para este homem!

“Não há corte nenhum de 7% e também não há aumento nenhum porque trata-se de uma proposta. É uma das mentiras desta campanha, a ideia de que Portugal aceitou um corte de 7% nos fundos de coesão.”, no Negócios de hoje 10/05.

Podem começar por aqui (p.29). O ex-ministro do desinvestimento, que em representação do governo português negociou a dita proposta (que inclui um corte de 7%, sim senhor), é agora o candidato da desinformação.

Quem governa o governo?

“A percepção de que o primeiro-ministro é “um artista” não é necessariamente um activo. Mas, num país de artistas, sempre é melhor do que ser olhado como um nabo.”, Bruno Faria Lopes, no Negócios (10/05)

“Presidente de câmara do PS nomeou marido como chefe de gabinete. “É mais barato”, justifica”, no Observador (9/05).

Os textos anteriores reflectem bem a actuação política de muitos em Portugal. Não há coerência. Não há rectidão. Apenas manha, aldrabice e muita falta de vergonha. Mais do que novos poderes, faltam em Portugal novos contra-poderes que limitem e contrariem aqueles que usurpam a democracia desta maneira. Que disciplinem aqueles para quem literalmente vale tudo. Caso contrário, a “filosofia” instalada levará a que sejam uns atrás dos outros, cada qual à espera da sua oportunidade para sacar e aldrabar. A mudança faz-se, não com a substituição de uns por outros iguais ou piores, mas com a eliminação do espaço que conduz à sacanice. Isto passa por recolocar o Estado no seu devido lugar: torná-lo um meio ao serviço das pessoas – a tal linha vertical de que tenho falado e que coloca as pessoas no topo – e não um fim em si mesmo. Passa por restituir a liberdade de escolha das pessoas, valorizando não os grupos, mas sim cada indivíduo.

Disse um dia Nietzche que “Madness is rare in individuals but in groups, parties, nations and ages it is the rule”. Ora, o que a perspectiva liberal enaltece, ao contrário do socialismo (nas suas diferentes formas), é precisamente a valorização das pessoas, quer na pessoalidade e na individualidade de cada pessoa, quer na liberdade de associação entre várias pessoas com propósitos comuns. Se o foco estiver nas pessoas será possível construir um futuro de soma positiva e criar a esperança. Um futuro verdadeiramente inclusivo. Pelo contrário, se o foco estiver nos grupos e na usurpação de poder, então, será um jogo de soma nula com muita desesperança e revolta à mistura. É, por isso, por paradoxal que pareça, que a valorização pessoal é o melhor caminho para a coesão social. Quem votar na Iniciativa Liberal, não estará necessariamente a votar em mim nem no partido. Estarão a votar nas ideias que eu defendo. Estarão a votar em mim um poder que eu tenciono devolver a si.