GORDON BROWN E “NEW LABOUR”
Lamento ter de discordar de Carlos Manuel Castro e também de AAA sobre a política actual no Reino Unido. É preciso ter em conta os seguintes factos:
1. Mas antes de mais é preciso fazer um reparo quanto às conclusões do CMC. Não foi o povo britânico que repudiou Brown e “New Labour” nas recentes eleições locais mas, sim, um pequeno segmento desse mesmo povo. Quando dois terços do eleitorado fica em casa e 25 por cento dos que votam continuam a votar no New Labour, significa que só 26.25 por cento do eleitorado deu-se ao trabalho de votar contra New Labour. Amalgamar os números ao eleitorado inteiro é cometer um erro que se faz constantemente (também em Portugal). É um erro tipicamente mediático que tem pouco a ver com analises sérias.
2. O chamado New Labour não merece ser defendido por liberais. Para mim esse regime constitui a antecâmara dum novo fascismo. Longe de estadista, Blair foi o protótipo do demagogo populista. Transformou o país que foi o berço do liberalismo clássico na sociedade mais vigiada do mundo livre. Levou à lenta extinção do Estado de Direito (Rule of Law). Politizou o sistema judicial através do seu amigo Lord Falconer o Lord Chancellor. Este último acha que os juízes deviam ser escolhidos para representar os diversos grupos do povo incluindo a nomeação de juízes deficientes. O governo de Blair e as suas ONGs promoveram activamente o culto do politicamente correcto a todos os níveis da sociedade, incluindo a polícia, e apoia legislação para açaimar a expressão livre. Apoiou uma política essencialmente anti-família e subsídio-dependente.Traiu as promessas de um referendo sobre a “Constituição Europeia”. Ao longo de duas décadas tem vindo a entregar a feitura das leis a Bruxelas.
3. Durante a vigência do regime Blair a diferença entre ricos e pobres cresceu exponencialmente apesar da forte carga fiscal que só atinge esses ricos sem possibilidades para aproveitar a existência de paraísos fiscais. O próprio Blair nunca escondeu as suas predilecções para o convívio com esse tipo de pessoa. Entretanto, a proporção da população que trabalha para o Estado não cessou de crescer. Hoje excede mais de cinco milhões, os quais, com os seus familiares, constituem uma clientela enorme para quem domina o Estado.
4. Quanto a Gordon Brown, o relativo sucesso da economia britânica deve-se às políticas de Thatcher e à sua recusa da política monetária europeu e à não-adesão ao euro. O papel de Gordon Brown não foi muito mais do que o de um competente (?) guarda livros. Quem conhece o pensamento político deste político sabe que ele adere às ideias do “old labour” e à ortodoxia socialista. Assim, Brown é capaz de não partilhar o entusiasmo de Blair pelas “causas fracturantes”: o único ponto a seu favor. É duvidoso, todavia, que este homem hesitante terá a firmeza de se opor aos seus colegas.
Conclusão: “New Labour” é mais uma estratégia dos pensadores da social-democracia para garantir a sobrevivência do socialismo. Assemelha-se bastante ao nosso “liberalismo social” que já foi classificado neste blogue como “liberal-fascismo”.