Do enorme aumento de impostos

Adolfo Mesquita Nunes no Público

A tese era simples: a direita, no seu desprezo pelos mais necessitados, forjou uma política de enorme e desnecessário aumento de impostos que, além de sufocar os que menos tinham, era incapaz de trazer crescimento. O país crescia 1,6% em 2015, era muito pouco, era preciso virar a página.(…)

O governo das esquerdas aprovou então o seu primeiro Orçamento. Baixou o IRS? Não. Baixou o IRC? Não. Baixou o IVA? De relevante, só parcialmente o da restauração. Baixou o IVA da eletricidade e do gás? Não. Baixou o IMI? Não. Criou novos impostos? Sim. Aumentou impostos que incidem sobre a classe média, como o automóvel ou o da gasolina? Sim. Eliminou a sobretaxa? Não.(…)

E eis que o Governo das esquerdas apresenta o seu segundo Orçamento, segunda oportunidade de acabar com o enorme aumento de impostos. Baixou o IRS? Não. Baixou o IRC? Não. Baixou o IVA? Não. Baixou o IVA da eletricidade e do gás? Não. Baixou o IMI? Aumentou. Criou novos impostos? Sim. Manteve ou reforçou o aumento dos impostos verificado no ano anterior? Sim. Eliminou a sobretaxa como prometido? Não.

Dir-se-á que se mantém a reposição de rendimentos, nomeadamente nos pensionistas, muito abaixo do prometido e sobretudo nas pensões mais altas (sim…). E qual é o resultado que se prevê? Um crescimento de 1,5%, muito abaixo dos prometidos 3,1% do Plano Centeno, abaixo do crescimento deixado pelo PSD/CDS. E porquê? Porque tudo o resto que nos faz crescer tem sido descurado pelo governo.

A isto chama-se austeridade. Este Orçamento não só não acaba com o enorme aumento de impostos como anuncia que vamos crescer menos. É o tal virar de página.

O infindável aumento de impostos e uma estratégia falida

Miguel Morgado no Público

Com um governo indisponível para poupar na despesa corrente do Estado, e absolutamente hostil a qualquer ideia de reforma, o País entrou num ciclo de vagas sucessivas de aumentos de impostos. Sacrificando o desenvolvimento futuro, e deixando-nos no radar do risco financeiro, o governo vasculha todo o nosso quotidiano para tributar. Segundo as contas do governo, pagaremos mais 3 mil 600 milhões em impostos e contribuições em 2017 face a 2015.

Sobre o OE2017

Pelos novidades que fomos sabendo durante o dia é justo reconhecer que autores do OE2017 são dotado de uma imaginação extremamente fértil. Acho que só se esqueceram de criar um novo imposto sobre as pedras da calçada (é melhor não dar ideias). O espírito que os parece ter conduzido foi “If it moves tax it, if it doesn’t tax it anyway”

Esta também foi de mestre

Pensavamos nós que a segurança social estava bem de saúde. (Aparte outros “salvadores”, só o actual ministro já garantiu a sua sustentabilidade em defintivo por 3 ou 4 vezes.) Afinal não é bem assim. Ficamos hoje a saber que o governo pretende consignar a receita do novo imposto anti-investimento imobiliário à segurança social.

O governo estima uma receita de 170 milhões (o que dada a receita do imposto de selo que será extinto significa um acréscimo de apenas 70 milhões, mas isso são economicismos que não interessam). Para quem não está a vislumbrar o alcance da medida significa garantir anualmente mais 5 ou 6 dias de pensões. Um disparate. É o mesmo que tentar tapar o buraco no caso do Titanic com um remendo para triciclo.

Enfim, lá seguimos nós cantando e rindo rumo ao abismo.

 

Ligeirinho, assim como uma manada de bisontes

Primeiro começa-se por “soprar” para os jornais que a taxa sobre o alojamento local vai ter um aumento “brutal” de 400%. Um tipo lê isto mal se levanta e até fica mal disposto. Umas horitas depois lá vem a correcção. O aumento já não vai ser “brutal”. Feitas as contas serão uns “ligeiros” 133%. E até vamos almoçar mais bem dispostos sabendo que afinal os tipos da geringonça não são as sanguessugas que julgávamos.

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Mário Centeno aprsionado numa realidade alternativa

10 de Outubro: Mário Centeno diz que DBRS considera contas públicas “muito robustas”

Vejamos o que disse a DBRS a semana passada (06/10): A agência de notação financeira DBRS considera que a economia portuguesa está presa num “ciclo vicioso” de dívida elevada, baixo crescimento e adiamento de reformas económicas

O ministro das finanças está extremamente optimista e adianta que a ““expectativa do governo é que eles não irão alterar nem o rating nem o outlook [perspetiva futura]”

Se é pouco provável que se verifique, para já, uma alteração no rating, o mesmo não pode ser dito acerca do outlook. Ou o governo cede consideravelmente nas fantasias do OE2017 ou vai ter uma surpresa desagradável.