Parece que Nicolau Santos descobriu que isto «está a correr mal». Amigo do seu amigo, o jornalista «especialista em assuntos económicos» e diretor adjunto do Expresso lá desculpa o ministro das Finanças: «Mário Centeno não podia prever o abrandamento da economia internacional e, em particular, do crescimento económico na União Europeia». Já fazer qualquer coisa acertada depois do azarado imprevisto, podia, e depois o artigo, para continuar a ser lido, requer uma chave qualquer que só as pessoas que compram o Expresso têm, e eu com muita mágoa minha não tenho.
Tudo ao contrário. Centeno podia perfeitamente ter previsto o abrandamento da economia internacional e em particular da economia europeia. Pelo menos desde o Outono passado que a Comissão Europeia tem vindo a fazer generalizadas revisões em baixa das projeções para o crescimento, alertando para o dito abrandamento.
O que sucede é que, se Centeno tivesse «previsto», teria feito mais uma borrada e previsto mal; é certo que seria um erro muito mais desculpável do que todos aqueles em que se tem aprimorado, porque induzido pelas instituições internacionais.
De facto, as economias europeias estão a acelerar, enquanto a portuguesa está a travar, como ilustra o gráfico em baixo. A economia da Zona Euro (19 países) acelera, como aceleram as economias nacionais cujo desempenho maiores repercussões têm na nossa, e nós somos aquela nódoa amarela.
Muito recentemente, o O BCE conduziu o seu último exercício projetivo, revendo em alta o crescimento da Zona Euro; no âmbito desse exercício, o Banco de Portugal reviu as projeções para Portugal, voltando a cortar no crescimento, como vem fazendo desde o início do ano.
De modo que o que o dr. Centeno teria previsto ou deixado de prever é aparentemente irrelevante, uma vez que entrámos em contraciclo com a Europa e nem a sua melhoria sensível de há um ano para cá nos tem valido de coisa alguma.
Já o «especialista em assuntos económicos» do Expresso podia perfeitamente poupar-se a mais este desconchavo. Se fosse um bocadinho que seja mais aplicado e procurasse informar-se antes de dizer coisas, conseguia.