Coelho ao poleiro!

Face ao estado podre desta república corrupta, ladra e imoral, é impensável votar num dos responsáveis pela situação. Quem não quiser continuar a premiar com o votinho do costume os corruptos e os cúmplices da destruição de Portugal só tem de votar no candidato Coelho, o único verdadeiramente anti-sistema (a prova disso é a perseguição que lhe fazem na Madeira, através do poder judicial). Sabe-se que não tem hipóteses de ganhar, portanto uma boa votação (5%? 7%?) era uma chapada nos desavergonhados do sistema.

Para os direitistas/liberais/conservadores que ainda têm ideias de votar no Cavaco, pensem nisto: um traidor trata-se com firmeza e sem complacências. Cavaco Silva é socialista, é guardião desta república socialista, nada faz para a mudar (nem para apoiar quem a queira mudar), dá-se muito bem com todas as falsas elites que mandam em Portugal, já disse que não ia demitir o governo, e obviamente não quer mesmo reformar o estado (ainda ontem teve a lata de propor um aumento suplementar de impostos para se evitar os cortes – ridículos – que se anda a tentar impor à função pública… tragicamente é este o mal menor que a “direita” consegue pôr no poder…). Mais vale então votar no candidato anti-sistema e arriscar uma vitória da esquerda na segunda volta. Que se lixe, não há-de ser muito pior do que com Cavaco (de qualquer forma, quem manda é Sócrates). Indivíduos sem princípios não devem ser sempre recompensados só por haver outros ainda piores (embora da mesma espécie socialista). Uma travessia do deserto só ia fazer bem à direita, dava-lhe a oportunidade de sanear os traidores e de pôr gente nova na primeira linha.

Coelho ao poleiro!

Socialismo ou roubalheira?

The source elaborated on the depth of Guebuza’s
business interests, which range across the economy. He said
that Guebuza is in on almost all of the “mega-project”
multi-million dollar deals via contractual stipulations to         
work with the Mozambican private sector. One example is
Guebuza’s involvement in the 2007 purchase of Cahora Bassa
Hydroelectric Dam (HCB) from the Portuguese Government for
$950 million. $700 million of this was paid by a private
consortium of banks, which was arranged by a Guebuza proxy,
for which Guebuza received, while he was a sitting president,
an estimated commission of between $35 and $50 million. The
Portuguese bank which arranged the financing turned over its
shares in BCI Fomento, one of the largest Mozambican
commercial banks, to a Guebuza-controlled company.

Não deve surpreender ninguém que após décadas de desmontagem das falácias socialistas estas se repitam.

como cá, a conversa de político sobre a necessidade do estado na economia não passa de areia para os olhos, para eleitor ver. Na verdade, o estado assume um papel na economia porque é indispensável que a classe inútil e sanguessuga por excelência – a classe política – se sirva enquanto está no poder (há alguns que, sem se rirem, chegam mesmo a falar em “espírito de missão”). Desengane-se quem ainda pensar que os políticos têm ideais, uma ideologia (mesmo que errada) ou um mero sentido do bem público. Não têm. Estão no poder unicamente para se servirem e para perpetuarem a exploração dos cidadãos e usarem os bens ‘públicos’ para seu próprio interesse. Esta regra tem muito poucas excepções. Raros são os cidadãos que se sujam para ousarem lutar na arena política contra o poder com vistas a reduzi-lo, mais raros ainda aqueles que não se deixam corromper a meio da sua tarefa. É natural que isto suceda dada a natureza sanguessuga do estado.

Aquilo que distingue a actividade política da de uma máfia é somente a sofisticação manhosa que a primeira teve a inteligência de colar às suas práticas e métodos.

Houvesse mais Wikileaks por aí, e mais ainda se saberia do que o poder faz nas nossas costas.

A liberdade de saber

É irrelevante a motivação dos responsáveis da Wikileaks. Apenas importa saber se o que revelam é verdadeiro ou falso, e até agora nada foi desmentido.

O efeito das fugas é a sociedade ficar a saber os segredos do poder. Este, ao guerrear a sociedade com extorsão (impostos), leis e regras esmagadoras da actividade económica e da vida em geral da comunidade ou ainda a actividade policial que aplica cegamente os ataques do poder político, não pode esperar que a sociedade coopere (ou pelo menos, não toda a sociedade). É expectável que haja pelo menos uma parte desta que não aceite ser tratada como súbdita, meramente útil a pagar impostos e a respeitar tudo aquilo que os seus pretensos representantes aprovam. Neste sentido, é expectável que não haja respeito pelo que o estado considera confidencial. Além da divulgação de informação confidencial dever ser livre (ao abrigo da liberdade de expressão), é preciso dizer que essa divulgação é útil e indispensável mesmo. Por princípio (o poder tem de ser controlado e cerceado o mais possível), mas também porque não há nenhum motivo para que seja dado o benefício da dúvida a empregados ou detentores do poder, tal é o historial de tramóias ou puros actos mafiosos por parte destes (há mesmo quem argumente que são precisamente as pessoas mais imorais que se vocacionam para ocupar o poder, mas esta é outra conversa, até porque haverá sempre honrosas excepções, etc). Mais: numa sociedade de informação, livre, é utópico esperar que os cidadãos se auto-censurem, tenham bom senso e não divulguem informações sensíveis para a integridade do estado. Haverá sempre alguém a quebrar o bom senso. Querer acabar com esta divulgação é, na realidade, aprovar um ataque à oposição mais subversiva vinda da sociedade (subversiva no sentido de não ser institucionalizada, por partidos ou associativismo político). É perseguição política.

O alegado medo de uma transparência total como um perigo totalitário não tem sentido. A ideia de transparência tem sido mal vista, com alguma razão pois os abusos na busca de transparência têm sido todos por parte do estado em direcção aos cidadãos. É normal e legítimo que um cidadão não queira ser observado e escrutinado em todos os aspectos da sua vida. Essa transparência é que é negativa, pois ninguém dá o direito ao estado de invadir a liberdade de uma pessoa inocente. Já o estado, e seus membros, é à partida (e assume-no claramente) culpado, visto que detém o monopólio da força e da execução da justiça dentro da sociedade, e é normal e justo que seja escrutinado pela sociedade. Quanto mais transparência no estado, melhor.

Que a Wikileaks continue o seu trabalho, e que mais ‘Wikileaks’ apareçam.

Cortar na gordura

Carlos César disse ontem que desviou dinheiro destinado a obras num campo de futebol para o subsídio extra aos funcionários açorianos que terão corte de salário, conseguindo com isso que este na prática se mantenha intacto.

Este tipo de práticas nada tem de inovador. Por todo o país, as câmaras e o governo em geral têm feito aquilo que se chama “cortar nas gorduras” (obras em estruturas públicas, iluminações de Natal, subsídios a festas ou a associações recreativas locais por exemplo). Pretensamente, com o ataque às ditas gorduras, mantêm-se a carne e o osso do estado. Mas sabendo-se que o grosso da despesa do estado vai para salários, o que fica saliente é que este tem cortado em tudo o que é prestação ao cidadão-pagador em prol de uma manutenção da situação dos seus funcionários. Isto evidencia a essência puramente parasitária do estado. Evidencia que os serviços prestados ao cidadão são um mero rebuçado, pondo este a pensar que o estado existe para o servir. Chegar-se-à a um ponto em que, por aperto orçamental, toda a gordura será cortada (mas com o pessoal da câmara instalado e, claro, a receber o dele).

No fundo, podemos pensar no efeito terapêutico disso. Talvez aí as pessoas acordem, vejam com clareza que são governados por meros parasitas e reajam.

Sócratismo laranja

  • a comunicação e a propaganda prevalecem sobre a verdade
  • a estratégia e a agenda prevalecem sobre o interesse do país
  • a sobrevivência e o acesso ao poder justificam todas as mentiras
  • todos os políticos mentem —> versão alternativa: «he may be a son of a bitch, but he’s my son of a bitch»
  • encenações dissimulam qualquer recuo
  • princípios? o que é isso?
  • o povo é burro, acredita em tudo
  • viram as últimas sondagens?
  • aquele Pacheco já se calava
  • temos muitas ideias mas medo de as apresentar, o país que espere
  • o site das propostas de cortes é muito moderno (Ferreira Leite, aprende…)
  • aprovar aumentos sucessivos de impostos não é socialismo
  • usar à descrição palavras pomposas como responsabilidade ou intransigência
  • a oposição não ganha eleições, é o governo que as perde
  • quem tem isso dos «princípios», nada percebe de política
  • nunca assumir erros
  • fazer cara feia em situações de fragilidade
  • o facebook é fixe

A credibilidade do PSD

Primeiro, pediram desculpa pelo volte-face a que se prestaram aquando da aprovação do PECII de Maio. Eram contra um aumento de impostos, mas acabaram por se desdizer e aceitaram-no.

Seis meses depois, durante várias semanas mentem descaradamente aos portugueses prometendo a não viabilização de um orçamento com aumento de impostos. Este novo aumento, apesar da cedência parcial do PS nas deduções fiscais, manteve-se e esta semana lá vai o PSD abster-se e garantir a viabilização do orçamento. Ou seja, dizem uma coisa, fazem outra. Como Sócrates (a quem o PSD tanto gosta de chamar de ‘ilusionista’). Pelo meio, envolveram-se em teatrinhos e em cenas ridículas de merceeiro com o Ministro das Finanças. É agora suposto que os portugueses vejam o PSD como um partido responsável, sério e que obriga o PS a ceder na sua criminosa irresponsabilidade. Balelas, como é óbvio, mas o povo é estúpido e sempre se vai enganando alguns pelo caminho.

Um dos ensinamentos destes primeiros meses de liderança, independentemente de se concordar com a sua repetida colaboração com o PS, é que Passos Coelho não é mais credível do que Sócrates. Não tem qualquer pudor em enganar caso ache necessário. Em seis meses, duas manipulações grosseiras da opinião pública. Nesta última, andou desde finais de Agosto a lançar areia para os olhos dos portugueses. Foi intransigente até finais de Setembro (isto é, manteve simplesmente a palavra dada), decidindo-se pela negociação. Do pedido de desculpas de Maio, passou para uma justificação do novo volte-face, desta vez proclamada com voz grossa e adjectivação incisiva contra o Governo.

Sobre o seguidismo dos simpatizantes/militantes do PSD, não há muito a dizer. Passaram, com uma facilidade impressionante, do puritanismo anti-Sócrates para o relativismo da mentira. Apetece perguntar o que o Tiago Azevedo Fernandes perguntava há dias no seu Twitter: “É assustador tantos comentadores aceitarem como normal o bluff e a quebra de palavra dos políticos. Serão eles próprios assim?”

A coragem de Cavaco

Lê-se no blog mar salgado que Cavaco Silva deve ser valorizado por não ter fugido. Espantoso. É que também só faltava que depois de assistir impávido e servido de bandeja a governação de Sócrates se tivesse demitido a meio (com medo de Sócrates talvez? cansado dos seus inúmeros e inúteis passeios pelo país rural…? ninguém sabe..).

Por outro lado, e pensando bem, essa até teria sido uma atitude consistente perante a passividade com que exerceu a presidência. Deixou Sócrates governar à vontade, em nome da sacrossanta “estabilidade governativa”, apesar da criminosa irresponsabilidade dessa governação. Para ter um presidente da república que nada faz, que cria falsos conflitos como o do estatuto dos Açores, que se envolve em polémicas ridículas como a das escutas, que em defesa do Tratado de Lisboa pressiona para a (ainda maior) submissão de Portugal a potências estrangeiras, que aprova leis progressistas como as do aborto e dos casamentos gays (que, homem que fosse, teria vetado, nem que passassem na mesma depois), que em vez de criticar duramente o governo se põe com discursos cínicos e manhosos, enfim, se é para ter um presidente banana realmente mais vale que fuja.

Cavaco Silva, só por muito sectarismo ou ignorância se pode dizer que serve a direita*. É pena que esta mantenha as ilusões e se apronte a lhe entregar o voto outra vez.

*era interessante já agora que os seus apoiantes dissessem que grandes diferenças teria havido com um Alegre ou um Soares na presidência nos últimos cinco anos.

O papão do multiculturalismo

Todas as sociedades são multiculturais. O problema não é pois o multiculturalismo, mas sim algum multiculturalismo. O factor de sucesso de uma sociedade multicultural não é político, nem jurídico, como diz Henrique Raposo. Na Alemanha, os turcos vivem entre si, como em França o fazem por exemplo os imigrantes de origem magrebina ou da África negra. Não vale a pena o Henrique dizer que não há comunidades mas sim indivíduos porque a realidade fala por si. Se uma série de indivíduos com características minoritárias (religiosas, raciais, ou linguísticas) decide conviver com outros indivíduos com características semelhantes, podemos falar de uma comunidade. Distinguir multiculturalismo de cosmopolitismo, assumindo que neste a segregação não é tão forte, parece um jogo semântico porque não há forma de distinguir com rigor um e outro. Por outro lado, dentro de um mesmo país a integração/segregação dos imigrantes tem nuances. Os alemães e franceses das grandes cidades são tendencialmente mais tolerantes, havendo no entanto uma forte segregação (ou ‘guetização’, como diz a esquerda) entre os nacionais e os estrangeiros, que se concentram massivamente em bairros periféricos. Os alemães e franceses das zonas rurais são bem menos tolerantes mas, contrariamente ao contexto anterior, os imigrantes vivem no meio dos nacionais e esforçam-se mais para se integrar. Isto para dizer que falar de ‘multiculturalismo’ é um bocado fácil, devendo ser deixado esse jargão para os políticos (sempre em busca da nova moda para ganharem popularidade). Este é um ponto prévio.

Mas o problema das críticas ao multiculturalismo nem é tanto a sua falta de rigor. É sobretudo o seu lado romântico e utópico. Sendo que a extrema-direita não está sequer perto de chegar ao poder na Alemanha ou em França, é de supor que o fluxo de imigração se vá manter inalterado. E mesmo que ele seja moderado, o número de imigrantes nestes dois países é hoje suficientemente grande e as cisões culturais existentes tão fortes que é ilusório apelar ao respeito da lei e das regras por parte de todas as comunidades minoritárias. Por um lado, a pressão demográfica destas comunidades sobre os nacionais (muçulmanos e negros fazem muitos filhos) faz que dentro de poucas décadas elas se tornem relevantes e consigam competir em termos de acesso aos lugares políticos (vedar este acesso por via legal só teria efeito temporariamente, e nem se vê bem como isso poderia ser feito pois quem tem direito à nacionalidade tem automaticamente direito a votar e a ser eleito mal atinja a maioridade), e com isso que consigam mudar as próprias leis de acordo com os seus interesses. Por outro lado, não me parece que os governos francês e alemão se preparem para parar o fluxo migratório e comecem a expulsar em massa os turcos ou magrebinos para os respectivos países (única solução prática contra a pressão demográfica). Tal provocaria fortes resistências e o mais provável seria que eclodisse uma guerra civil, com possíveis atentados terroristas (afinal falamos de muçulmanos…) e ataques de membros destas comunidades contra os civis indígenas.

Goste-se ou não, hoje na Europa está a criar-se o cenário para um choque cultural violento. Quem o quiser evitar, tem que defender intransigentemente a liberdade: garantindo o direito à auto-determinação de zonas maioritariamente turcas e/ou muçulmanas ou de uma determinada etnia africana por exemplo; garantindo o direito à discriminação nos serviços públicos ou no trabalho (primeiro ser atendido num serviço público não é nenhum direito, depois um empregador devia ser livre de assumir que só contratava brancos ou católicos se o quisesse – estas duas medidas iriam favorecer a concentração comunitária e a segregação, de que poderia resultar a saída voluntária do país por parte dos discriminados ou o avanço para a criação de movimentos autonomistas); permitindo as câmaras não aceitarem mais estrangeiros (ou restringindo-lhes os direitos cívicos); vedando-lhes ou dificultando-lhes o acesso à nacionalidade; ou ainda não os incluindo no sistema de segurança social (enquanto ainda são minoritários tal seria possível sem grandes tumultos, isentando-os, claro, da respectiva contribuição).

O multiculturalismo não é um problema em si, não é por isso nenhum papão, nem está em falência. Só se torna um problema quando se quer integrar à força povos com culturas demasiado diferentes sob o mesmo ordenamento jurídico e administrativo. Foi esta ideia iluminista que faliu.