Durante campanha das eleições presidenciais portuguesas, o Polígrafo (“primeiro jornal português de Fact-Checking“) cometeu um erro básico de estatística num dos seus artigos. Avaliou como “Verdadeiro” uma afirmação do candidato comunista, João Ferreira, que comparava o número total de mortes por COVD em Portugal com o mesmo número nos EUA. Dois países de dimensão populacional radicalmente diferente. Podem verificar. Neste momento essa avaliação ainda se mantém naquele site.
No entanto, esta semana, em outra publicação, os critérios de avaliação mudaram. Agora já fazem a comparação do número de mortes por milhão de habitantes. E, desta vez, passaram no segundo exame de estatística…

Ao longo de quase um ano, todos os órgãos de comunicação social (não só o Polígrafo) centraram atenções no número total de fatalidades resultantes do vírus Covid-19. Inúmeras vezes fizeram essa comparação entre Portugal e países como Brasil ou EUA. Só agora, que infelizmente já estamos com a mortalidade acima daqueles, é que usam a correcta variável estatística.
Se todos os portugueses (cidadãos, governantes e jornalistas) tivessem acesso a melhor informação, poderíamos ter evitado tantas mortes do COVID-19? Teriam os comportamentos e políticas de confinamento – especialmente durante o Natal – sido diferentes? Poderia a actividade económica ter sido menos afectada? Talvez sim. Talvez não. Mas um melhor entendimento de conceitos científicos (como a estatística) mal não fazia.