O ensino a distância (ou, como se diz agora, “on-line“, conceito bastante redutor do que é o ensino a distância) não substitui o ensino presencial. Em alguns nichos é possível mitigar e até fazer do ensino a distância uma modalidade poderosa. Mas como regra, e sobretudos nos ciclos de ensino básico e secundário, e nas licenciaturas universitárias, estamos muito longe de ter conteúdos, professores, e abordagens suficientemente maduras para substituírem o ensino presencial. Tendo eu defendido o não encerramento das escolas, enquanto fosse possível mantê-las abertas, em coerência, e a meu ver, enquanto for possível adaptar o calendário escolar para que se privilegie o ensino presencial, esse deve ser o Plano B, em alternativa a ter escolas abertas. Tal não tem a ver com a capacidade das escolas, públicas ou privadas, para ministrarem aulas a distância/on-line, mas com a convicção que tenho que não devemos sacrificar o ensino presencial em favor de uma solução menos efectiva. E, lamento, nenhuma escola – nenhuma – consegue assegurar que um mês a distância tem a mesma efetividade que um mês de ensino presencial.
É evidente que a atitude do Ministério da Educação é inadmissível, se impedir que as escolas possam desenvolver qualquer tipo de acompanhamento a distância dos seus alunos, desde que isso não substitua, no futuro, as aulas presenciais. Se for essa a lógica do Ministério da Educação, estou contra: o Ministério não pode impedir que as pessoas, livremente, possam aprender e/ou ensinar. Se a exigência for apenas a de ajustar o ano escolar, exigindo que as aulas venham a ser ministradas presencialmente, por redução das férias, então sou a favor.
Podem dizer-me que a suspensão das aulas por 15 dias, decretada, é insuficiente, e que a pandemia poderá impor várias semanas de confinamento. Se assim for, poderemos no futuro ter de sacrificar as aulas presenciais, na medida do tempo que não possamos compensar por sacrifício de férias. Nessa altura, será melhor permitir as aulas a distância, a quem delas possa beneficiar. Este será um plano C. Mas será importante que tenhamos consciência que será sempre uma solução indesejável, por impossibilidade de se ministrarem aulas presenciais. Enquanto for possível ajustar o calendário para que haja aulas presenciais, essa deverá ser, a meu ver, a solução preferencial.
Dito isto, tenho vergonha deste Ministério da Educação, que não consegue dar estabilidade e consenso ao ensino, e gerir politicamente esta crise, sem forçar divisões e utilizar maniqueísmos ideológicos para justificar a sua evidente falta de competência política. Virar uns contra outros é a arma dos fracos.
O divertido é que tudo isto mostra que “medição de temperatura”, banhos de álcool gel, focinheiras e distanciamento não servem para nada! As escolas andam a fazer esta palhaçada desde o ano passado e mesmo assim fecha tudo e boas férias!
Não se esqueçam de continuar a VOTAR em salafrários e corruptos e depois a queixarem-se na WWW!
Let the games begin…
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