Entretanto passou despercebido este momento do governo. Os ATLs e as famílias, na Sexta-Feira, estavam preparados para poder arrancar na Segunda-Feira a operação normal. Já depois do fecho de expediente, o governo anuncia que não, só dia 15. E nesse dia 15, só os ATLs fora dos estabelecimentos escolares, uma distinção nunca antes feita na comunicação do governo e sem qualquer sentido, os restantes (nos estabelecimentos escolares) esperam até ao final do ano lectivo.
“A decisão, avançou o primeiro-ministro, decorre de uma necessidade de preparar a organização dos espaços onde se desenvolvem estas actividades.” – esta declaração do primeiro-ministro é um disparate. Haveria certamente espaços que precisariam de mais tempo e espaços que já se tinham organizado. Como já se tinham organizado as famílias para ter um pouco mais de normalidade e os seus filhos nos ATL – ou não, numa escolha livre.
O que aconteceu foi muito simples, e é por isso que houve o adiamento e por isso que houve a separação entre ATLs em escolas e ATLs fora das escolas: a FENPROF não quer que as escolas abram e ameaçou o governo de uma barragem na comunicação social sobre uma suposta impreparação das escolas para abrir, culpando o governo sobre vidas supostamente colocadas em risco. E quem paga a factura desta loucura? Os pais, as famílias e o país que continua bloqueado enquanto tivermos o AVANTE para abrir mas as escolas fechadas. E foi isto, assim na Sexta-Feira e pela calada. E pouco mais de cinco linhas na imprensa.
Esta interpretação parece-me muito especulativa.
Porque é que a FENPROF não quereria que as escolas abrissem, se quem seria suposto estar nas escolas não seriam os professores mas sim as ATLs?
Se o problema é as escolas abrirem, porque é que o governo adiou até dia 15 também a abertura das ATLs que não utilizam escolas?
Eu acho que o problema é outro.
Qual a lógica de não abrirem as escolas devido aos riscos e depois abrir os ATLs nessas mesmas escolas?
Mas também não tem lógica abrir os ATL fora das escolas a 15 de Junho e nas escolas só depois de encerrar o ano lectivo. As instalações das escolas vão sofrer alguma modificação até ao final do ano lectivo? Isto parece mais um empurrar o assunto com a barriga para a frente e depois desencanta-se um estudo ou uma informação do ECDC ou da OMS para justificar a decisão (mesmo que estes já existissem quando se tomou a decisão contrária).