Na nossa memória colectiva não faltam exemplos, mesmo que remetendo-nos somente aos tempos mais próximos, do papel importante que a Igreja Católica desempenhou em momentos cruciais da Humanidade, quer como guia espiritual dos seus fiéis e baluarte Ético, quer por ter arregaçado as mangas e desempenhado em momentos chave as tarefas importantes que se impunham.
Não faltam exemplos quer na pandemia da gripe espanhola, ou na participação no esforço de guerra no apoio a doentes nas duas Grandes Guerras do século XX. E é essa memória que faz com que a Igreja Católica surja como uma das principais vítimas da presente pandemia. Para confrontar com essas memórias temos muito pouco, quer ao nível interno quer ao nível internacional mais alto da organização, o que poderá ter contribuído para o alheamento dos seus fiéis e para uma imagem pública de irrelevância.
Onde está a Igreja Católica?
Destas várias semanas de pandemia sobram para exemplo as imagens do um Papa Francisco em exibição sozinho em pleno Domingo de Páscoa, com ar meio perdido e de quem não sabe muito bem o que há-de dizer. Sobram a postura dócil e complacente de uma organização que viu impor-se-lhe e aos seus fiéis a proibição dos seus principais ritos: missas, celebrações pascais, casamentos e principalmente funerais foram proscritos do seu cerimonial religioso e participação sem uma qualquer reacção ou questionamento, sem qualquer mostra de indignação ou de dúvida e confronto em relação às decisões tomadas.
Enquanto isso, depois de ver canceladas na vigência do Estado de Emergência as cerimónias públicas pascais, faz-se representar ao mais alto nível pelo Cardeal Patriarca e líder da Conferência Episcopal Portuguesa nas pitorescas cerimónias passadas do 25 de Abril. Assiste tranquilamente, e obedece submissamente à proibição da participação de peregrinos nas cerimónias do 13 de Maio, sem criticar a inconstitucionalidade e ilegitimidade de o governo impedir ajuntamentos populares fora de uma proclamação de Estado de Emergência, enquanto assiste em silêncio a outras peregrinações – tuteladas ao mais alto nível – no dia primeiro de Maio.
Enquanto isso, coloca dioceses em lay off, por “falta de receitas”, estendendo-o aos próprios elementos do clero.
O que sobra da imagem pública da Igreja Católica deste período de pandemia? Da parte que se refere ao que ela própria acha em relação ao que está a suceder e aos seus contornos, da mensagem Ética que quer transmitir aos seus fiéis em relação aos valores em confronto e colocados em cima da mesa por esta questão? Um rotundo e estrondoso vazio.
O que sobra então? Uma organização com uma imagem pública depauperada, remetida de forma auto-infligida ao papel de uma mera IPSS dócil, bem comportada e complacente.
“Sobram a postura dócil e complacente de uma organização que viu impor-se-lhe e aos seus fiéis a proibição dos seus principais ritos…”
Bem, eu dá-me a ideia que a Igreja ela própria suspendeu esses ritos antes de alguém a proibir.
Eis finalmente a grande, a enorme, a urgente, a dilacerante questão que todos aflige nestes tempos: onde está a Igreja?
Que será feito do nosso baluarte Ético? E que será de nós sem ele?
Sim, as criancinhas poderão andar um pouco mais tranquilas, mas agora quem ajuda a controlar a carneirada?
Ainda por cima sem bola na TV, e já ninguém liga peva a fado… quem vai brincar às missas, quem vai perdoar os pecados?
Quem nos vai dar cruzes a beijar nos lares? Quem nos vai assegurar que os falecidos do covidas foram para melhor?
Valha-nos a memória colectiva do papel que a Igreja desempenhou em momentos cruciais. Como as duas Grandes Guerras.
Jamais esqueçamos o papel da Igreja na glorificação da carnificina da I Guerra. Ou o seu papel em Jasenovac na II. Jamais.
Os padres hoje são os jornalistas são eles que constroem a moral.
Ninguém é jornalista para noticiar coisa alguma, vai-se para jornalista para pregar moral.
A missa hoje é o Telejornal.
Querem saber o que é hoje a Igreja Católica. Isto explica umas décadas antes:
Caro Senhor
“Onde está a Igreja católica?” ; “…fica uma imagem pública depauperada.”
1_ está junto dos mais desfavorecidos ( julgo que não será um deles), através das centenas de misericórdias, e de milhares de IPSS que têm na doutrina da Igreja a sua razão de ser.
A igreja, para os cristãos, não é um espectáculo, nem uma visibilidade: é uma pertença, uma partilha, e uma esperança. Ou seja tudo o que os não Cristãos não vêem ( não vem nos noticiários).
2_Não indo discutir a tremenda força espiritual e simbólica que teve a celebração pelo Papa da cerimónias litúrgicas da Páscoa ( …onde estiverem 2 ou três em Meu nome, Eu estarei com eles.”) poderá ser importante para um não crente o aparato ou a multidão; para o cristão, é no interior de si, no silêncio de uma igreja ou em qualquer pardieiro do mundo, que se encontra, que se dá o encontro com Deus, o conforto da sua religião, o estímulo para a pôr em actos.
Caro senhor, esta Páscoa,em que pela primeira vez não celebrei numa igreja de província, e não comi o borrego pascal com a minha família mais alargada, foi a mais Cristã das Páscoas que vivi em 60 anos, onde a Fé na ressurreição e na vida que vem foi mais sentida.
Cumprimentos
Vasco Silveira
A igreja deu hoje uma resposta racional e eticamente louvável a propósito da celebração do 13 maio em Fátima sem peregrinos. Ao contrário dos governantes hipócritas e dos jornalistas armados em pides que ameaçam meia dúzia de indivíduos que vão passear à Praia ao mesmo tempo que deram passadeira vermelha aos palhaços para irem brincar para a Alameda aos desfiles Norte coreanos.
A Igreja está em fraternidades minúsculas como a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, que não se subjuga ao socialismo e medo impostos pelos governos e pela própria ICAR, que como Miguel Madeira disse, se antecipou a todos na interrupção de celebrações e ritos.
Uma Igreja que se segue a mentalidade do naturalismo, que se preocupa mais com a salvação terrena ao ponto de ignorar a salvação das almas, é o quê?
Não esquecer que a Igreja é liderada por um homem que é elogiado e admirado por uma grande maioria daqueles que sempre se identificaram como seus inimigos, e não há noticia de que algum deles se convertesse. O que pensariam, por exemplo, os adeptos do Sporting do seu treinador se ele fosse idolatrado pelos adeptos do Benfica?
A Igreja tem uma práctica de séculos em tramar os seus oponentes. Com sabedoria e também com elegância. O nosso homem de torres vedras, está muito aquém desta ciência da Igreja. Não piou. Poderia ter piado para estragar o sossego à esquerdalhada. Mas é de torres vedras, um bastião comunista à conta das dezenas de tipografias.
Até o Senhor Hipólito criador de um grande centro industrial em torres vedras [género Nabeiro], foi tido pos fássista.
Não é jesuíta. Mas porta-se como tal.