Um Grande Estado Mamão

Basta ter um salário de 750€ que se considerarmos apenas IRS, Segurança Social e IVA, o trabalhador entrega mais de metade do seu rendimento anual ao estado.

Elaborando:

  1. Usando as taxas de IRS para 2020 descritas aqui e considerando o rendimento anual, portanto 14 salários.
  2. Considerando para efeitos de Segurança Social, não apenas os 11% que aparecem no recibo de vencimento, mas também os 23,75% que entidade empregadora é obrigada a pagar ao estado. Isto na realidade trata-se apenas uma manobra contabilística, uma vez que a) é óbvio que o valor pago pela entidade patronal é obtido pelo valor do trabalho produzido pelo empregado; e b) tanto para o empregado como para a entidade empregadora é completamente indiferente se ambas as parcelas de segurança social fossem pagas apenas pelo empregado ou apenas pela entidade empregadora.
  3. Considerando que o trabalhador gasta tudo o que sobra, portanto o rendimento anual subtraído do IRS e Segurança Social em consumo (o destino último de toda a produção) e que paga a taxa normal de IVA de 23%. Esta simplificação excluí outro tipo de impostos, como o IMI, Imposto Sobre Produtos Petrolíferos, etc.

Comecemos por fazer os cálculos tendo em conta apenas o rendimento anual, o IRS e a Segurança Social. Podemos então construir os dois gráficos abaixo. O primeiro descreve a percentagem do rendimento anual do trabalho que fica para o trabalhador e a percentagem que vai para o estado. O segundo gráfico inclui também o valor do rendimento anual do trabalho que fica com o trabalhador, e o valor do rendimento anual que vai para o estado no eixo do lado esquerdo.

Se apenas contabilizarmos o IRS e a Segurança Social, constatamos que ganhando cerca de 3500€ mensalmente, se entrega ao estado metade do rendimento anual. Posto de outra forma, quem ganha 3500€ por mês, trabalha meio ano (de 1 de Janeiro a 30 de Junho) para o estado para apenas pagar o IRS e a Segurança Social.

Consideremos agora que o rendimento que sobre para o trabalhador é todo ele gasto em consumo à taxa de IVA normal de 23%. Obtemos então os dois gráficos abaixo. À semelhança dos dois gráficos acima, o primeiro descreve a percentagem do rendimento anual do trabalho que fica para o trabalhador e a percentagem que vai para o estado. O segundo gráfico inclui também o valor do rendimento anual do trabalho que fica com o trabalhador, e o valor do rendimento anual que vai para o estado no eixo do lado esquerdo.

Se contabilizarmos então também o IVA, neste caso basta ganhar 750€ mensalmente, se entrega ao estado metade do rendimento anual. Posto de outra forma, quem ganha 750€ por mês, trabalha meio ano (de 1 de Janeiro a 30 de Junho) para o estado para apenas pagar o IRS, a Segurança Social e IVA. Quem ganha 4000€ por mês, entrega quase dois terços do seu rendimento anual ao estado, trabalhando de 1 de Janeiro a 31 de Agosto para pagar IRS, Segurança Social e IVA. A certa altura os trabalhadores devem questionar-se se vale a pena se esforçarem mais e para quem é que estão de facto a trabalhar.

E isto sem contabilizar a enorme quantidade de taxas e taxinhas que o estado é pródigo em criar (ver 150 Maneiras de Esmifrar o Contribuinte), como IMI, IMT, ISP, IA, Contribuição Audiovisual, etc.

Quem de facto explora os trabalhadores?

Para quem quiser, disponibilizo os meus cálculos com os gráficos acima aqui.

11 pensamentos sobre “Um Grande Estado Mamão

  1. Manuel

    Já me tinha apercebido do esmifre desde que o número de funcionários públicos começou a aumentar e a arranjarem lugares para todos no Estado com em Cuba.
    Queria apenas dizer que esta situação é um OBJECTIVO . É isto o q o socialismo quer. Que não haja poupança, que não haja iniciativa privada, e q a economia privada seja ASFIXIADA.
    No fim estarão muitas lágrimas….

  2. Filipe Bastos

    Sr. Cortez, o Estado leva realmente demasiado para aquilo que nos dá em troca – não referiu esta última parte, pois noutros países, aqui mui louvados, leva tanto ou mais, mas dá muito mais em troca – porque o nosso Estado é gerido de forma chula, corrupta, prepotente e negligente pela nossa classe pulhítica.

    Por classe pulhítica refiro-me ao CENTRÃO, não tanto aos comunistas, pois estes só mandam em sindicatos e em meia dúzia de Câmaras, nem aos ‘socialistas’, que só existem na cabeça da direita.

    Nada disto é socialismo: as contas do Sr. Cortez ilustram um Estado cuja pança cresceu ao longo de sucessivos governos PS-PSD e CDS, sem redistribuir riqueza (pelo contrário), sem a gestão colectiva de nada. Quem mais afiou a dentuça ao Fisco, recordo, até foi o Paulo Macedo – um provável herói cá da casa.

    E para falarmos a sério de mamões, Sr. Cortez, fazem falta alguns gráficos. O Estado leva muito, mas gasta ainda mais: para onde vai esse dinheiro ? Não vai para os pobres e remediados, que estão cada vez mais pobres e menos remediados.

    Então para onde irá a massa? Ocorre-lhe alguém, Sr. Cortez?

  3. A. R

    Em Cuba leva quase tudo. Em venezuela são menos de $2 por dia. Vai para quem? Para a clientela comunista que esvazia o país de Ouro e divisas acumulando fortunas incalculáveis. Comunismo e socialismo são miséria, fome, repressão e esbulhos dos trabalhadores. Vejam quem apoia o PD nos EUA: os grandes capitalistas (Bezos, Bloomberg, Steier, etc, etc), os sindicatos da esquerda, os carniceiro do aborto e outros mamões esquerdalhos.

    A esquerda está contra quem trabalha: das barricadas passaram à mariscadas.

  4. Carlos Guerreiro

    O comentário do Filipe é uma resposta típica dos trolls da rataria.

    “Sr. Cortez, o Estado leva realmente demasiado para aquilo que nos dá em troca – não referiu esta última parte, pois noutros países, aqui mui louvados, leva tanto ou mais, mas dá muito mais em troca – porque o nosso Estado é gerido de forma chula, corrupta, prepotente e negligente pela nossa classe pulhítica.”

    Em caso de evidência, concorda-se, mas…
    Não podia deixar de concordar com a extorsão fiscal MAS é igual a outros países “aqui mui louvados” (ou seja falam, mas são iguais a nós, xuxas), e depois o clássico de dizer mal dos políticos (fica sempre bem e colhe simpatias). O problema é que os políticos que se governam desde há mais de 20 anos são os que dão rendimento ao Filipe (e seus colegas de trabalho ATAV, Luís Lavoura).

    “Por classe pulhítica refiro-me ao CENTRÃO, não tanto aos comunistas, pois estes só mandam em sindicatos e em meia dúzia de Câmaras, nem aos ‘socialistas’, que só existem na cabeça da direita.”

    Depois vem o clássico, o socialismo é que é bom, mas ainda não foi aplicado correctamente, as experiências que houve dizem que foi socialismo, mas não foi… Estranho que mais de 100 anos de experiências socialistas não houve uma correcta. Ou o socialismo é impossível de aplicar ou (mais provável) aquilo é uma patranha que não funciona mesmo.
    Só um pormenor (neste caso até é pormaior) os comunistas, com uma representação política marginal, têm uma capacidade de intervenção desproporcional devido ao controlo dos sindicatos, que não defendem os trabalhadores mas são actualmente o “braço armado” do comunismo jurássico. Isto explica a participação do PC na geringonça, era importante parar e reverter a privatização dos transportes (aqui esteve mal o Passos Coelho que deveria ter feito a privatização no início do mandato).

    “Nada disto é socialismo: as contas do Sr. Cortez ilustram um Estado cuja pança cresceu ao longo de sucessivos governos PS-PSD e CDS, sem redistribuir riqueza (pelo contrário), sem a gestão colectiva de nada. Quem mais afiou a dentuça ao Fisco, recordo, até foi o Paulo Macedo – um provável herói cá da casa.”

    Agora vem o clássico 2, se isto não é socialismo, então a culpa é da direita… Até o PS não é socialismo…
    Ou seja socialismo seriam o comunas jurássicos do PC e as esganiçadas caviar do BE. O que é engraçado, porque quando se tenta colar o socialismo à experiência da URSS, aí a resposta é o contrário, PC e BE não são socialismo, o socialismo está no no PS (e até nos países escandinavos, ou até o EUA fazem redistribuição da riqueza…).

    “E para falarmos a sério de mamões, Sr. Cortez, fazem falta alguns gráficos. O Estado leva muito, mas gasta ainda mais: para onde vai esse dinheiro ? Não vai para os pobres e remediados, que estão cada vez mais pobres e menos remediados.
    Então para onde irá a massa? Ocorre-lhe alguém, Sr. Cortez?”

    Agora uma pergunta que é uma insinuação. O dinheiro não vai para os pobres então insinua-se deve ir para alguém que seja da simpatia do autor do post.
    Ou seja no fundo o que é dito no post é verdade mas a culpa é dos amigos do autor do post, que ele quer branquear. Um clássico do revisionismo da história feito por comunas (caviar e jurássicos) e xuxas.

    Filipe, quer saber rapidamente para onde foi o dinheiro? Consulte a lista dos mecenas da Fundação Mário Soares, estão lá todos, devem ser poucos os beneficiários dos últimos 40 anos que não marcaram presença. E o SóAres era socialista (até foi comunista).

  5. Filipe Bastos

    O Carlos continua convencido de que é preciso ser um troll, para mais do PS, para frequentar blogs com opiniões de que se discorda.

    Está tão habituado à sua echo chamber, tão confinado à sua pequena bolha de compinchas direitistas, fanáticos do mercado, fanboys de Rand e de Friedman, sempre a trocar high-fives a cada gráfico do Sr. Cortez ou referência à Coreia do Norte, que nem concebe como alguém possa querer discutir opiniões diferentes.

    Menos ainda compreende, viciado como deve estar na dopamina dos ‘likes’ dos seus compinchas, que alguém venha cá sujeitar-se ao seu impiedoso sarcasmo e a tantos ‘dislikes’. Só mesmo um troll.

    Vá, Carlos, agora a sério, até lhe dou valor. Parece sincero, é civilizado, argumenta e tem poder de encaixe. Outros aqui nem isso.

    Não é minha missão defender o socialismo: apenas contrario a vossa “narrativa” (como diria o 44), pois chamam socialismo a tudo e mais umas botas. Mas isto das ideologias é redutor. Sou igualitário. Rejeito o egoísmo e a ganância que por aqui, grosso modo, se defendem. Identifico-me com o socialismo libertário, até certo ponto, mas nunca é bom ter grilhetas ideológicas. O mundo é a cores.

    Sou empresário, como todos por aqui sou chulado pelo Estado, e não partilho da fábula comuna dos trabalhadores coitadinhos e dos patrões mauzões. Mas também não sou cego. Muita gente aqui parece sê-lo.

  6. Como é que o Sr. João Cortez acha que se pagam as despesas correntes das partes comuns deste condomínio com 92.000 Km2, com 10 milhões de habitantes, com 3 milhões de casas de habitação, com 14.000 Kms de estradas só nos IC e IPs, etc.? e ainda por cima em que cada habitante deve ao exterior €25.000? e para manter essa dívida estável tem que pagar (cada português) €900 todos os anos em juros?

    E não me venha com a conversa de que a culpa é do 44! ele e os que o antecederam no PS e do PSD, só fez o que era preciso fazer: criar condições de investimento estrangeiro cá no brejo. Fez as infraestruturas necessárias pagando-as a crédito.

  7. A média da taxa de IVA recolhida é cerca de 13%.

    Mas junte 70% de 10% em ISPP, considerando que, segundo o INE, uma família média gasta cerca de 15% do seu rendimento em automóvel, 2/3 do qual em combustível.

    E cerca de um mês do seu rendimento em IMI para a família média.

  8. Filipe Bastos

    Manuel,

    “E não me venha com a conversa de que a culpa é do 44! ele e os que o antecederam no PS e do PSD, só fez o que era preciso fazer: criar condições de investimento estrangeiro cá no brejo. Fez as infraestruturas necessárias pagando-as a crédito.”

    Ena: não contente em branquear o 44, já estende o tratamento Tide a toda a pandilha que o antecedeu?

    São umas autoestradas lá-vai-um, uns milhares de rotundas, uns patos-bravos de Mercedes e uns largos milhões nos offshores do BES, da Mota-Engil e do Grupo Lena que justificam três bancarrotas e quarenta anos de saque, bandalheira e mama?

    Muito nos conta, Manuel. E o apartamento em Paris, essa infraestrutura necessária, foi também paga a crédito?

  9. Não diga mais , Filipe. Já percebi que o senhor é dos que acham que Ricardo Salgado, Fernando Ulrich, Oliveira Costa, Dias Loureiro, etc., são perigosos socialistas.
    Deve encontrá-los às quintas-feiras nos chás dançantes do Largo do Rato…

  10. E no Brasil é assim: vigarismo político do Partido dos Trabalhadores.

    PT e seus variados satélites (PCdoB, PSOL etc.):
    “Muito engana-me, que eu compro”

    E o PT®? Qual o poder constante de sua propaganda ininterrupta?
    Eis:
    Vive o PT© de clichês publicitários bem elaborados por marqueteiros. Estilo do brilhante e talentoso João o Milionário Santana. Nada espontâneo.
    Mas apenas um frio slogan (tal qual “Danoninho© Vale por Um Bifinho”/Ou: “Skol: a Cerveja que desce Redondo”/Ainda: “Fiat® Touro: Brutalmente Lindo”). Não tem nada a ver com um projeto de Nação.
    Eis aqui a superficialidade do PETISMO:
    0.“Coração Valente©”
    1.“Pátria Educadora™” [Buá; Buá; Buá].
    2.“Pronatec©”
    3.“A Copa das Copas®”
    4.“Fica Querida©”
    5.“Impeachment Sem Crime é Golpe©” [lol lol lol]
    6.“Foi Golpe®”
    7.“Fora Temer©”
    8.“Ocupa Tudo®”
    9.“Lula Livre®”
    10.“®eleição sem Lula é fraude” [kuá!, kuá!, kuá!].
    11.“O Brasil Feliz de Novo®”
    12.“Lula é Haddad Haddad é Lula®” [kkkk]
    13.“Ele não®”.
    14.“Minha Casa, Minha Vida©”
    15.“Saúde não tem preço®”
    16.“Haddad agora é verde-amarelo®” [rsrsrs].
    17.“Rede cegonha©”
    18.“LUZ PARA TODOS™” (KKKKK).
    19. (…e agora…): “Ninguém Solta a Mão de Ninguém©”
    20.“Água para todos©” (é mesmo?)
    21.“Mais Médicos®”
    22.“Controle social da mídia™” (hi! hi! hi!): desejo do petismo.
    23.“Brasil Carinhoso©” [que momento açucarado].
    24.“Bolsa Família®”
    25.“SKOL®: a Cerveja que desce RedondO”.
    PT© é vigarista e aderente ao charlatanismo.
    Vive de ótimos e CALCULADOS mitos publicitários.

    É o tal de: “me engana que eu compro”.
    Produtos disfarçados, embalagens mascaradas e rótulos mentirosos. PT!

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