Ficando Para Trás, o Quarto de Século Socialista

Leitura muitíssimo recomendada de João Caetano Dias no jornal online Eco com o seu artigo Ficando Para Trás, o Quarto de Século Socialista.

Nos últimos 25 anos da nossa democracia, o Partido Socialista esteve sempre no poder excepto em dois momentos, os períodos do pântano e da troika.

[…]

Os orçamentos de estado, no Quarto de Século Socialista, são quase todos iguais. Aumentam-se uns quantos impostos, aumenta-se sempre a despesa pública, distribuem-se alguns milhões adicionais para alguns ministérios como resposta à pressão mediática, às causas do momento ou à necessidade de satisfazer alguns grupos de interesse. Geralmente, anunciam-se 2 ou 3 “medidinhas” aparentemente bem intencionadas de combate à fuga fiscal e à corrupção e inventa-se uma taxa de inflação futura para iludir sindicatos e permitir aumentar o encaixe com o IRS de forma mais ou menos imperceptível para a maioria da população.

Não há uma única alteração estrutural com impacto positivo a longo prazo. Bem pelo contrário, segue-se a velha máxima de Reagan sobre a forma de olhar para a actividade económica: “If it moves, tax it. If it keeps moving, regulate it. And if it stops subsidize it”. O alojamento local estava a mexer? Mais impostos. O desemprego continua a baixar? Novas leis laborais, mais restritivas. Os transportes públicos estavam em queda? Mais subsídios.

A incoerência sobre a forma com que se apresentam medidas fiscais é permanente. Aumentam-se impostos sobre combustíveis, bebidas açucaradas, tabaco ou alojamento local com o objetivo declarado de diminuir a procura. Aumentam-se impostos sobre toda a economia, e argumenta-se acaloradamente, que esses aumentos não afectam negativamente o crescimento.

Em resumo, Portugal é latino mas tem impostos superiores aos escandinavos. É pobre com impostos de rico. E não cresce de forma sustentada, entre outros motivos, porque tem uma fiscalidade que asfixia o sucesso. Temos excesso de socialismo e escassez de liberalismo. A consequência do Quarto de Século Socialista é o Portugal medíocre, estagnado, na cauda da Europa e sem futuro que as futuras gerações vão herdar.

18 pensamentos sobre “Ficando Para Trás, o Quarto de Século Socialista

  1. “Nos últimos 25 anos da nossa democracia, o Partido Socialista esteve sempre no poder excepto em dois momentos, os períodos do pântano e da troika.”

    Não será mais correcto Partidos Socialistas tiveram no poder sempre nos últimos 25 anos?
    Quem foram esses não socialistas que não aumentaram impostos nestes últimos 25 anos?

    Nem vou falar de leis mais intrusivas e coercivas.

  2. Continuando…

    É muito pior que impostos coercivos.
    Existe um sistema (até já se pode chamar de cultura) activo de punir quem se mexe e destaca da mediocridade que foi implementado em consciência.

    Começa logo na educação e e nos jornais.

  3. ATAV

    Gosto muito deste blog. A trafulhice aqui é como um relógio suíço, nunca falha.

    Em baixo segue um post meu mais antigo sobre a escolha arbitrária de 25 anos para contabilizar o tempo.

    “Toparam a manigância? Eu explico: o objectivo é dizer que os problemas de Portugal explicam-se devido a politicas “socialistas” porque a maior parte dos governos de Portugal têm sido de esquerda.
    Claro que para dar essa ideia começa-se a contar de forma arbitrária após a década do Cavaquismo
    Claro se escolhermos uma data que faça mais sentido como por exemplo a adesão europeia (porque os fundos europeus mudaram a nossa economia) então dá 16 anos de governos de direita e 17 de esquerda.
    Ou então pode ser desde a entrada em vigor da nossa constituição em 76. Dá 21 anos de governos de esquerda (que inclui o Bloco Central e o Governo PS/CDS) e 20 anos de Governos de direita (que inclui o Bloco Central).
    Também podia ser após a adopção do Euro em 2001. Aí já dá 11 anos de PS e 7 anos de PSD/CDS.”

    Assim excluem o período em que o PSD integrou o governo de forma ininterrupta entre 1980 e 1995 com quatro governos de direita pelo meio.

    E a parte mais estúpida é que tentam passar a ideia que o problema de Portugal é o “socialismo”, ignorando que desde 1995 o PS tem aplicado as politicas economicamente liberais que eles defendem com unhas e dentes. Mais um post antigo meu.

    “O Guterres privatizou imenso, o Sócrates liberalizou o mercado de trabalho, reformou a administração pública de forma a permitir despedimentos, cortou pensões e montou PPPs. Até o Costa que era apoiado pela esquerda manteve o grosso da reforma laboral do Passos Coelho naquela que era uma “reforma contra a precariedade” e cortou os impostos directos aumentando os indirectos que beneficia os mais abastados à custa dos mais pobres (transferir o fardo fiscal dos ricos para os pobres também é outra politica muito apreciada pelos liberais).”

    Basicamente tentam atribuir os resultados das politicas que eles defendem ao “socialismo”. Só cai nisto quem quer…

  4. Eduardo Menezes

    … e viva o socialismo do Largo do Rato que distribui o dinheiro dos portugueses pelos familiares directos e colaterais, pelos amigo e pelos cola cartazes do mesmo largo dos ratos

  5. Carlos Guerreiro

    ATAV

    Clássico dos comunas e socialistas, quando as coisas correm mal, é porque não aplicaram a teoria fantástica de forma correcta. A novidade é dizer que a política dos xuxas é liberal, é só rir!
    De novo a auto-citar? Com tantas citações não dava para escrever um livro?
    Volto a repetir, no final da segunda guerra mundial na Alemanha e na Coreia divididas, uma parte aplicou políticas comunista/socialista e na outra política capitalista, 40 anos depois até os comunas viam a diferença e por esse motivo evitam fazer essa comparação.
    O comunismo/socialismo só traz miséria, “Fazer, todos os dias, as mesmas coisas e esperar resultados diferentes é a maior prova de insanidade.” (e não sou eu que digo).

  6. A. R

    Não há qualquer dúvida: depois do golpe de Estado do 25 de Abril dois meses depois a esquerda tinha destruído as maiores empresas Portuguesas que guindavam o país para um crescimento económico espectacular. Daí para diante nestes malfadados anos que já são quase tantos como a “longa noite” fomos maioritariamente governados pela esquerda -não tão letal quanto os comunistas- mas igualmente ineficazes. Três falências e agora os nossos ricos não são capazes de por um cego a cantar em Singapura, nos EUA, etc.
    É uma maldição desde a balburdia da I República.

  7. ATAV

    Carlos Guerreiro

    Porque que me vem outra vez com a mesma conversa que o capitalismo funciona e comunismo/socialismo não? Eu até concordo com isso! Nos regimes comunistas/socialistas a generalidade da população sofre privações e perseguições em grande escala. Não funcionam.

    E que tal se fosse debitar isso para o Avante, já que lá é que está cheio de gente que defende o regime Cubano ou da Coreia do Norte?

    Eu não defendo regimes comunistas ou socialistas. Qual destas palavras é que não compreende?

    O regime que defendo é a social-democracia como por exemplo a Finlândia, a França ou a Austrália. Países capitalistas com uma rede de proteção social abrangente e impostos relativamente altos para pagarem um estado social grande.

    Aparentemente para si isto é socialismo e eu sou um comuna com as quotas do partido em dia.

    Enfim, há que aplicar a máxima do camarada Goebbels e repetir continuadamente a mesma mentira até que seja verdade não é?

  8. “proteção social abrangente e impostos relativamente altos para pagarem um estado social grande.”

    Queres nada disso. O que queres é Poder. Poderias fazer a social democracia com vouchers para todos quer em ensino quer em saúde. Permitindo a escolha permeando a eficiência , recompensando a qualidade, as melhores práticas
    . Mas claro isso não pode ser porque o que interessa é ter a possibilidade de ter poder corporativo sobre o povo.

  9. ATAV

    Lucklucky

    “Poderias fazer a social democracia com vouchers para todos quer em ensino quer em saúde. Permitindo a escolha premiando a eficiência , recompensando a qualidade, as melhores práticas.”

    Ainda bem que fala nisto. Estas propostas liberais supostamente “para aumentar a liberdade” na realidade é mais uma batalha na guerra de classes que o liberais e os outros membros da extrema-direita tanto gostam. Nos sitios onde o cheque-ensino foi testado os resultados escolares pioraram e ocorreu um divisão entre alunos ricos e pobres. Os ricos iam para escolas de acesso limitado através de preços de propinas proibitivos ou onde só se entrava através de cunhas. E essa coisa de aumentar a liberdade de escolha é treta. Caso a escola boa ficasse a 200 km, os ricos podiam pagar o alojamento e o transporte, os pobres ficam na escola da residência. Enfim nada de novo… Quando um liberal fala em liberdade, refere-se à liberdade dos ricos. Os outros têm que comer e calar.

    Quanto à saúde, um sistema de seguros como o holandês, single payer tipo o canadiano ou o NHS britânico (como nosso) funcionam todos bem. Mas os liberais em vez de melhorar o sistema que temos querem privatizar o nosso SNS e montar outro de raiz por pura ideologia. Eles dizem que querem um sistema tipo o holandês mas é treta. O sistema holandês requer uma imensa intervenção estatal (SOCIALISMO!!!!!!) para ser mais ou menos funcional. Na prática e utilizando os princípios do mercado livre que tanto são apregoados por aqui, ficariamos com uma saúde semelhante à dos Estados Unidos. Uma saúde para ricos e outra para pobres. Uma saúde cara, ineficiente, cruel e não inclusiva.

    E chamam a isto liberdade com uma cara séria …

  10. ATAV

    “Mas claro isso não pode ser porque o que interessa é ter a possibilidade de ter poder corporativo sobre o povo.”

    Escola pública e um serviço de saúde universal com funcionários públicos? Poder corporativo!

    Pôr o estado a zelar apenas pelos interesses dos empresários e gestores das grandes empresas (baixas de impostos das empresas, liberalizar o mercado de trabalho, eliminar leis de segurança no trabalho, protecção do consumidor ou ambientais)? LIBERDADE!!!!!

  11. A. R

    ” O sistema holandês requer uma imensa intervenção estatal (SOCIALISMO!!!!!!) para ser mais ou menos funcional” Requer que as pessoas paguem um seguro mais ou menos no montante o que um funcionário público com 4 vezes o salário mínimo paga para a ADSE.
    Se a pessoa não tiver seguro o Estado entra e penhora todos os bens de quem não se precaveu.

    Mas podemos falar do sistema austríaco e comparar com o Venezuelano ou Angolano ou soviético onde os médicos diziam “eles fingem que pagam e nós fingimos que trabalhamos”. Claro que a Nomenklatura até tinha médicos ocidentais.

  12. Filipe Bastos

    “Quem foram esses não socialistas que não aumentaram impostos nestes últimos 25 anos?”

    Lucky, se o seu critério de ‘socialismo’ é aumentar impostos, há-de dizer quantos governos não são ‘socialistas’ neste mundo. Lembra-se do “read my lips” do seu herói Bush Sr.?

    A carneirada da direita é realmente igual à da esquerda. É ver o v. esgar de indignação quando a última atira ‘neoliberal’ ou ‘fachista’ a tudo que mexe… tal como vocês chamam ‘socialismo’ a tudo e mais umas botas.

  13. Filipe Bastos

    “Existe um sistema (até já se pode chamar de cultura) activo de punir quem se mexe e destaca da mediocridade que foi implementado em consciência.”
    “Permitindo a escolha premiando a eficiência , recompensando a qualidade”…

    Há algo de que um direitalha nunca fala: ‘premiar’ uns poucos significa não premiar todos os outros. E isso aumenta inevitavelmente o fosso entre eles. Ao contrário do que dizem, é mesmo um ‘zero-sum game’.

    Há um limite de ricos. Há um limite de cargos bem pagos. Há um limite no ‘sucesso’, como a direita gosta de lhe chamar. Esta sociedade, e a riqueza e os luxos da minoria que a governa, dependem de a esmagadora maioria da população não ter nada disso. Sempre assim foi.

    Quando o direitalha fala em “destacar-se da mediocridade”, está realmente a dizer: eu sou melhor que os outros. Mereço ter mais que os outros.

    Caso não pertença ainda à elite a quem lambe o rabo, acredita que um dia fará parte dela; ou pelo menos que os seus filhotes farão. A sua identidade depende dessa crença, dessa superioridade sobre os demais.

    Daí ver tanta ‘inveja’ nos outros: ele mede os outros e o mundo pela sua própria bitola. Para ele tudo se resume a status e ao que os outros têm ou deixam de ter. Ninguém é realmente tão invejoso como o fanático direitalha.

  14. ATAV

    A.R.

    “Requer que as pessoas paguem um seguro mais ou menos no montante o que um funcionário público com 4 vezes o salário mínimo paga para a ADSE.
    Se a pessoa não tiver seguro o Estado entra e penhora todos os bens de quem não se precaveu.”

    A sério? Voce está mesmo a dar a entender que o estado holandês pune a pobreza de quem não tem dinheiro para pagar um seguro com penhoras?

    Sabe nem toda a gente odeia os pobres como você que chega a este nível de crueldade.

    Algumas pessoas neste mundo estão dispostas a pagar um pouco mais de impostos para melhorarem a vida dos menos afortunados em vez de os perseguirem.

    Mas na realidade quem não tem recursos para comprar uma apólice na Holanda recebe um subsídio estatal para tal. E que não contrata o seguro vai recebendo várias multas até o fazer. Se mesmo assim não o fizer, o estado contrata um seguro para a pessoa e debita-lhe o valor da conta bancária.

    Mas a sua predisposiçao para a guerra de classes contra os mais humildes fica registada.

  15. A. R

    “A sério? Você está mesmo a dar a entender que o estado holandês pune a pobreza de quem não tem dinheiro para pagar um seguro com penhoras?”

    Ah, pois pune quem não se cuida se puder fazê-lo! Não sabia? Enquanto tiver bens próprios vão buscá-los! Carro, casa, etc. É sempre atendido mas depois a conta aparece!

    Agora não me dê lições de moral pois não tem estaleca para o fazer. Trabalho desde os 7 anos e era das 7horas da manhã até o sol se pôr: fiz os trabalhos mais humilde -desde agricultura a trolha- comi muita sardinha salgada sei bem o que é a pobreza pois passei por lá.

    Esse activismo de sofá faz-me rir. Mas fica registado!

  16. ATAV

    A.R.

    “Agora não me dê lições de moral pois não tem estaleca para o fazer. Trabalho desde os 7 anos e era das 7horas da manhã até o sol se pôr: fiz os trabalhos mais humilde -desde agricultura a trolha- comi muita sardinha salgada sei bem o que é a pobreza pois passei por lá.”

    Portanto passou privações e, conhecendo essa realidade, está ansioso para que os outros passem pelo mesmo. Que humanitário que você me saiu.

    E quem lhe disse que eu também não passei dificuldades? E mesmo que eu tenha tido uma vida privilegiada, qual é o problema de defender os mais humildes? É melhor do que você que gosta de espezinhá-los, que diga-se de passagem, é o comportamento expectável de um cobarde e um psicopata.

    E é uma lógica completamente estúpida pois significa que só pode falar de um assunto quem passou por isso.

    Venezuela? Só pode abrir o bico quem fez a “dieta Maduro”

    Auschwitz? Só diz mal quem sentiu o odor do Zyklon B.

    USSR? Se não apodreceu no Gulag não manda bitaites…

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