Foram precisos mais de 40 anos, mas finalmente é apresentado um orçamento que a concretizar-se será a primeira vez na história da democracia em que de facto “são previstas as receitas para cobrir as despesas“.
Embora discorde na íntegra da proposta do orçamento do estado para 2020 – mais um orçamento socialista sem nenhuma visão estratégica para o país; sem nenhuma reforma estrutural; que torna o país menos competitivo; que aumenta a carga fiscal; e que basicamente se limita a manter o status quo; aplaudo o facto de prever um excedente orçamental.
A notícia acima foi retirada daqui.
Carrega Centeno.
Meti o texto no Tradutor Liberal/Português do Google. Os resultados seguem em baixo:
Embora discorde na íntegra da proposta do orçamento do estado para 2020 – mais um orçamento socialista sem nenhuma visão estratégica para o país; sem nenhuma reforma estrutural; que torna o país menos competitivo; que aumenta a carga fiscal; e que basicamente se limita a manter o status quo; aplaudo o facto de prever um excedente orçamental.
“Não gosto do Governo porque é de centro-esquerda – propôs um orçamento que não beneficia exclusivamente os ricos; não elimina o IRC e o imposto sobre as mais-valias enquanto corta os subsídios dos pobres ; não tira direitos e rendimentos aos trabalhadores; aumenta a redistribuição; e que basicamente se limita a tentar impedir que Portugal se torne numa oligarquia mais rapidamente; não compreendo os efeitos da politica orçamental no ciclo económico por causa da ideologia que defendo.”
Fascinante! Realmente as barreiras linguísticas têm muito que se lhe diga…
ATAV, é realmente isso que muita direita quer. Mas só um tolo pensará que o PS pretende o oposto.
Cada orçamento do PS é um esmerado exercício de demagogia: por um lado tem de parecer ‘socialista’ q.b., por outro de baixar as calças aos mamões do costume. Ostensivamente é de centro-esquerda, como diz; na prática é mais equilibrismo pulhítico.
É essa, aliás, a única especialidade da dupla Bosta-Centeno, que nos deu a propaganda xuxa 2.0, a mais avançada. O Pinto de Sousa estava na 1.0: ainda tinha de mandar vir autocarros de indianos…
Só falta ver de onde virá o estouro, quando começar a verdadeira happy hour xuxa: o regabofe de negociatas e ‘projectos’ e ‘iniciativas’ e derrapagens. Geralmente é a meio do 2º governo, quando a impunidade está no zénite e já sentem o pote a fugir.
Mais do mesmo, previsão de despesa que no fim do ano fica aquém do efectivamente executado pelo governo devido às cativações, enquanto que a carga fiscal não pára de subir para pagar tanta promessa eleitoral demagógica ( livros grátis, passes sociais grátis, taxas moderadoras agora grátis etc ). Assim se engana o défice ( com um investimento publico executado abaixo do previsto – cortes na saúde e educação com consequências nefastas para doentes , alunos e restantes trabalhadores ) esse fazem rosas que murcham depressa. Já para não falar que até se enganam nas contas agora apresentadas hoje de manhã como já vieram a terreiro confessar. Vergonha.
Filipe Bastos
O meu comentário não era sobre a bondade ou eficácia das medidas do orçamento ou das intenções do PS.
Era sobre a linguagem orwelliana que os liberais adoptaram para impingir a guerra de classes que eles tanto apreciam.
Este governo não percebe o óbvio:
Se eliminar os ricos só restarão pobres.
Aliás, eles percebem, e por isso querem enriquecer à custa de manterem os outros portugueses pobres, roubando-lhes à ponta d’arma o pecúnio ganho pelo trabalho.
Nunca nenhum homem pobre me deu um emprego. Se eliminarem os ricos, quer por emigração, quer por desistência, restarão os pobres. E os pobres não empregam pobres.
De uqalquer forma, o Orçamento do Estado nunca foi para cumprir. Promete-se e cativa-se. Promete-se e as circunstâncias mudam. Promete-se e foi culpa do Passos Coelho — cinco anos depois. Promete-se e afinal era a opinião pessoal de um qualquer de segunda linha.
Se metem a pata na poça, enganaram-se. Em outros tempos, muito menos do que isto era um trapalhada.
Mas como já não temos jornalistas sérios, não vale a pena ler a imprensa escrita. Nem ver a televisiva. E nestes dias nem a rádio.
Bem dizia a anedota soviética, que entre tanques e o Pravda, o Napoleão preferia ter o Pravda em Waterloo: nunca ninguém viria a saber que ele perdera lá.
“Nunca nenhum homem pobre me deu um emprego.”
O Francisco costuma repetir esse aforismo, que decerto lhe soa sábio e luminoso, mas realmente ainda não cheguei lá.
Um tipo pobre não pode começar uma empresa e dar-lhe emprego? Não pode pedir dinheiro ao banco, a um familiar, à máfia? Não pode ser pobre porque reinveste o lucro, ou estoura-o em ferrero rochers, ou porque fez uma promessa, ou doou o salário, ou foi assaltado, ou porque tem dez mulheres e trinta filhos, e ainda assim dar-lhe emprego?
E mesmo que todos os empregadores fossem ricos, devem então enriquecer cada vez mais? É assim que se cria empregos?
Será parte da famosa trickle-down economics? Dizia alguém, há algo que ‘trickla’ por muitos ricos abaixo, lá isso há. Mas não é riqueza. É outra coisa.
Filipe Bastos,
«Um tipo pobre não pode começar uma empresa e dar-lhe emprego? Não pode pedir dinheiro ao banco, a um familiar, à máfia?»
Então é um tipo pobre que deseja ser rico e que pede o dinheiro a ricos para o ser. Há um rico envolvido.
Tire o rico da equação e só tem pobres.
Francisco Miguel Colaço
“Então é um tipo pobre que deseja ser rico e que pede o dinheiro a ricos para o ser. Há um rico envolvido.
Tire o rico da equação e só tem pobres.”
Não necessariamente, o que não falta por aí são empresas que crescem organicamente porque o dono delas reinveste o pouco lucro que vai conseguindo ter.
Nunca ouviu falar do “self-made man”? É uma forma de dizer que há pessoas que nascem na pobreza e conseguem enriquecer (no entanto há que dizer que esta é uma expressão carregada de ideologia)…
Há também a opção de financiamento bancário ou estatal.
Como é que acha que os países pobres (quase não têm ricos) conseguem enriquecer? Não é com o trickle-down economics que você tanto gosta. É com investimento estatal em infraestruturas e serviços essenciais, acesso a investimento ou crédito e com uma população instruída e saudável.
Se o trickle-down funcionasse, aqueles países cheios de oligarcas seriam os mais desenvolvidos. Mas a Rússia não é exemplo para ninguém ou é?
ATAV, julgo que o que o Francisco está a dizer é que o capital tem de vir de algum lado. Embora seja um self-made man, um Da Vinci do nosso tempo, ele dá mais valor ao capital do que ao trabalho.
O mundo é assim: os ricos empregam e financiam pobres, que por sua vez sonham ser ricos. Logo, sem os ricos estaríamos todos vestidos de trapos e a comer estrume, como naquela cena do ‘Monty Python and the Holy Grail’ em que o rei encontra uns camponeses:
Isto é encapsulado no lapidar “Nunca (nenh)um homem pobre me deu um emprego”. Noutros tempos seria “Nunca um plebeu me deu uma gleba”. Bons tempos, quando ainda havia respeito aos Senhores donos do capital. Isto agora está cheio de comunas. Uma vergonha.
«Não necessariamente, o que não falta por aí são empresas que crescem organicamente porque o dono delas reinveste o pouco lucro que vai conseguindo ter.»
O exemplo foi específico a uma situação específico.
O importante é que há alguém que quer enriquecer. Que quer ser rico. E que pretende ser rico.
Agora, se lhe dizem que 80% do que tu ganhas é meu e da malta do Partido, sabe o que acontece? Ninguém quererá trabalhar e aborrecer-se para ser rico, sabendo que andará a dar pitança e provento a chulos alapados do PeiÉsse ou dos seus derivados de esquerda e de falsa direita. E sem ninguém que quer ser rico, e que está disposto a trabalhar mais por isso, toda a gente terá o seu desejo de continuar pobre satisfeito.
Logo, o socialismo é óptimo a providenciar a satisfação das necessidades de miséria da população.
Francisco Miguel Colaço
Está mesmo a defender a Curva de Laffer?
Já agora, sabia que nos Estados Unidos as taxas de imposto chegavam aos 90% no pós-guerra? Eu sei que havia muitas deduções mas esse valor continuava ser muito alto e não havia falta de crescimento economico nessa altura.
“O importante é que há alguém que quer enriquecer. Que quer ser rico.”
Certa direita parece sofrer de egoísmo patológico. Pessoas como o Francisco, que se diz cristão, falam como egomaníacos movidos por, mais que ambição, rapacidade e ganância. Conceitos como a partilha, a colaboração desinteressada, contribuir para a comunidade ou o bem comum são como de outro planeta.
O mundo do direitista é povoado por socialistas mandões e mandriões que querem ficar com o que é dele. Este sentimento de posse tem algo de primitivo e, ao mesmo tempo, de infantil: é como o homem das cavernas que rosna ao roer o javali que caçou, ou a criança que se agarra aos brinquedos para mais ninguém brincar.
Na sociedade moderna ninguém faz nada realmente sozinho; mas o direitista, como a criança, só se vê a si mesmo. Vive no pavor de que alguém ganhe um cêntimo à sua custa; mas deixa-se chular por qualquer mamão de sucesso, desde que privado, e até lhe lambe o rabo.
A direita, toda a direita, parece por vezes uma mera tentativa de racionalizar este egoísmo infantil.