Usando a erudita, apurada e sofisticada linguagem de sucateiro (sem intenção de insultar os sucateiros) do actual secretário de estado do lítio João Galamba (ver imagem abaixo) e usando dados oficias do INE retirados daqui, podemos concluir que apenas entre 2016 e 2018 a Geringonça expulsou do país 100 mil portugueses em três anos, dos quais 37 mil são licenciados.
Os dois gráficos abaixo revelam a evolução em termos absolutos e relativos da emigração por grau de escolaridade entre 2014 e 2018 (último ano com dados conhecidos).
Curiosidades:
- Eu ainda sou do longínquo tempo de 2015 em que António Costa afirmava que “a austeridade pôs em causa a dignidade do país porque obrigou os portugueses a emigrarem” (fonte)
- Eu ainda sou do longínquo tempo do governo PSD-CDS em que as televisões davam longas reportagens nos aeroportos a cobrir os dramas familiares dos emigrantes; ou cobriam os discursos emocionados das mães de emigrantes nos comícios socialistas (fonte).
- Eu ainda sou do longínquo tempo de 2018 quando António Costa se vangloriava ao criar um programa de apoio aos emigrantes que sairam do país especificamente entre 2011 e 2015 (quem emigrou durante o período da geringonça que morra longe!) que consistia num apoio de realocação de até 6536 euros e na redução de 50% no valor do IRS durante cinco anos (milagre! o PS reconhece que os impostos baixos servem para fixar e atrair talentos) (fonte). Por curiosidade, dos 500 mil emigrantes que o João Galamba refere acima, a este programa que teve o custo de 10 milhões de euros para o IEFP, candidataram-se apenas 481 pessoas… *suspiros* (fonte).
- As pessoas licenciadas representam a maior parte fatia da emigração em 2018 (12640 pessoas ou 40% do total), um valor maior em termos absolutos e relativos do que se registou em 2015 (12073 ou 30% do total).
- Como o João Miranda refere no twitter, 12000 licenciados que emigraram em 2018 representam cerca de um quinto (20%!) de todas as pessoas que se licenciaram em Portugal nesse ano.
Considerando este brain drain terrível para o páis – a perda de pessoas muito valiosas que poderiam dar um grande contributo a Portugal, qual é a estratégia do governo socialista?
Numa altura em que Portugal já tem a quarta maior taxa marginal máxima de todos os países da OCDE no valor de 72% e a quarta maior taxa sobre as empresas no valor de 27,5% (fonte), o governo prepara-se para aumentar os impostos – com particular violência e agressividade às pessoas mais valiosas, mais talentosas e mais produtivas através: 1) do aumento da progressividade do IRS (fonte); e do englobamento obrigatório (fonte).
Infelizmente com os socialistas, seremos sempre um país cada vez mais pobre.
O brain drain pode ser terrível e será duro, pois a bomba demográfica rebentará com tudo, mas infelizmente é a unica forma de parar de alimentar o monstro. Em Portugal trabalhamos por uma malga e somos esmifrados em impostos, emigrar é a unica forma de manter um nivel de vida digno e não alimentar esta corja de inúteis que nos desgovernam.
E continuará a aumentar, hoje o mundo é pequeno e qualquer recem licenciado se ri quando no primeiro emprego lhe oferecem 700 euros sabendo que atravessa a fronteira e ganha o dobro ou passa os pirineus e chega ao triplo…
Chicana política (como neste post) à parte, o facto é que o brain drain é uma consequência inevitável da liberdade de circulação na União Europeia. Como as pessoas têm liberdade de procurar emprego nos países mais ricos da Europa, inevitavelmente muitas delas fá-lo-ão. Quer o governo seja de direita, de esquerda ou de centro.
Chicana política à parte, a migração é sempre boa: é boa para o país que emite os migrantes (o qual deixa de os ter a deprimir os salários e a cobrar subsídios de desemprego), é boa para o país que os recebe, e é boa para os próprios migrantes. Fiquemos, portanto, contentes com o brain drain. E não façamos chicana política com ele.
Luís Lavoura,
Tendo-o comentado para cima, resta-me perguntar-lhe se a sua opinião seria a mesma caso Pedro Passos Coelho estivesse no poder.
Francisco Miguel Colaço, a minha opinião sempre foi esta que escrevi acima. Exprimi-a também quando Passos Coelho esteve no poder. Nunca lamentei a emigração, pelo contrário.
O Luís Lavoura é sempre contra a politização das coisas com que concorda.
Hoje é “chicana” talvez porque “aproveitamento” já está gasto.
Luís Lavoura,
«Francisco Miguel Colaço, a minha opinião sempre foi esta que escrevi acima. Exprimi-a também quando Passos Coelho esteve no poder.»
Então somos consonantes.