A notícia de destaque de Segunda-feira desta semana do jornal i (tirada daqui) era sobre o fim dos chumbos até ao nono ano que consta no programa de governo e que terá certamente o apoio da esquerda (ainda se lembram da Catarina Martins ter escrito que “preferia ser operada por por um cirurgião que em vez de testado na escola tenha sido feliz na escola“).
Muito honestamente, não consigo perceber as motivações da implementação desta medida do fim dos chumbos até ao nono ano. A única explicação que me ocorre é que a esquerda em Portugal quer impor uma visão de sociedade que seja desprovida de exigência, de mérito e de responsabilidade… …e que as pessoas se mantenham na infância durante toda a sua vida.
Creio que qualquer pai, entre uma escola que possa chumbar alunos e uma que não possa, não teria qualquer dúvida: colocaria os seus filhos na escola que pudesse chumbar os alunos. Aliás, seria muito interessante colocar esta mesma ideia em prática, como sugerida pelo Carlos Guimarães Pinto:
No entanto além da exigência, do mérito e da responsabilidade, também a liberdade e a liberdade de escolha em particular não fazem parte do repertório de valores da esquerda. Para a esquerda, há que forçar a sociedade a ser nivelada por baixo.
Eu continuarei sempre a defender a exigência, o mérito, a responsabilidade e a liberdade de escolha. Mesmo num dia em que a Catarina Martins precise de ser operada, eu defenderei que ela possa escolher de entre todos os cirurgiões mais e menos competentes, ser operada por aquele que dê mais gargalhadas.
Nos EUA é assim.
Nunca pensei que um blog assumidamente de ideias liberais pudesse reagir assim a esta notícia.
Enfim, é a costite aguda…
Não sabem nada de nada e comentam. Uma escola sem chumbos é muito mais exigente para professores e alunos. Fácil é chumbá-los.
Se (um ENORME SE) a escola conseguir zero chumbos através de um melhor acompanhamento das necessidades específicas de cada aluno, então tudo bem.
Se…..
Porque não deixar um doente decidir qual é o seu tratamento em vez do médico?. Porque não deixar um filho decidir o que quer fazer em vez de ter um acompanhamento dos pais?.
O que quero dizer com isto é que não sei se a medida é boa ou má. Deve ser deixada aos estudiosos do assunto. Se o Governo tomou essa medida em conjunção com os estudiosos do assunto, porreiro. Se não, foi uma má medida.
Começar com ladainhas de meritocracia, mérito e responsabilidade, na minha opinião, é contraproducente. Até porque o contexto socio-económico determina muito do sucesso dos alunos.
No dia em que a Catarina Martins precise de ser operada, e com extrema urgência inadiável por caso de vida ou morte à distância de poucos dias… espero que os médicos, os enfermeiros e todo o pessoal auxiliar esteja de greve no mínimo por 1 mês.
«Além da exigência, do mérito e da responsabilidade, também a liberdade e a liberdade de escolha em particular não fazem parte do repertório de valores da esquerda. Para a esquerda, há que forçar a sociedade a ser nivelada por baixo.»
A medida do governo pode má, muito má ou péssima, como quase tudo o que os governos fazem, sejam PS ou PSD, mas esta maneira de pôr as coisas é tipicamente, ou antes caricaturalmente, direitalha.
“Exigência, mérito e responsabilidade” é um chavão de quem gosta de imaginar que a sua vida, geralmente confortável, se deve apenas à sua espantosa pessoa. Nada a ver com os papás, com o sítio onde se nasceu, o dinheiro que se tem, a escola onde se andou, as espertezas ou cunhas que se usaram, o país, tempo ou conjuntura em que se vive, as facilidades e sortes que se tiveram, ou os azares que se não tiveram.
Curiosamente, quando se sugere a tal pessoa que as heranças devem ser reduzidas ao mínimo, ou que as escolas devem ser iguais (e estatais), para, aí sim, se ver a “exigência, mérito e responsabilidade” de cada um, em condições tão idênticas quanto possível, a sugestão não costuma ser bem acolhida. Os seus rebentos ‘merecem’ sempre a máxima vantagem que o dinheiro puder comprar. Às malvas com o mérito.
Quanto à liberdade de escolha, é fantástica. Convém é não ser usada como desculpa, aliás esfarrapada, para privatizar tudo e mais umas botas, sobretudo na saúde e na educação – a par da segurança as principais funções do Estado, a razão por que pagamos impostos – deixando tudo a mamões privados. E quando tudo estiver na mão de uns poucos, ou de um só, logo verá a ‘liberdade de escolha’.
Tivemos em vários comentadores o esperado ódio Socialista aos que se destacam, o elogio do par igualdade-mediocridade e o sempre subjacente ataque à Liberdade de associação, criação e escolha.
O maior medo do socialista é que alguém seja feliz sem a sua prestimosa intervenção.
Note-se que nos jogos de futebol na escola 1 golo continua a ser um golo.
Não admira que os rapazes e raparigas depois levem tudo o que é extra escola mais a sério.
O objectivo aqui é claro, as crianças devem ser esvaziadas de algum esforço e auto controlo, e assim pasto fértil para serem lançadas em “paixões” que depois nos dão os maiores desastres da humanidade.
Estes cripto comunistas (des)governamentais dão o seu contributo para uma sociedade cada vez mais medíocre mas co
m diplomas na carteira como os do 44
«Tivemos em vários comentadores o esperado ódio Socialista aos que se destacam, o elogio do par igualdade-mediocridade…»
Pelo contrário: ao criar condições iguais para todos, ao nivelar o terreno de jogo – o playing field, como dizem os ingleses – é que alguns poderão destacar-se por si mesmos; assim é que se vê quem tem mérito.
A praxis do capitalismo, apesar da propaganda bonita da exigência e do mérito, consiste no oposto: em inclinar o terreno a favor dos endinheirados e poderosos. Mesmo entre classes médias, o dinheiro dá acesso a melhores escolas, explicadores, empregos, médicos, tudo.
Para manter a ilusão, o sistema vai dando umas bolsas de estudo à ralé, publicitando casos de ‘rags to riches’ e promovendo, sobretudo nos EUA, a ‘perseverance porn’. Certa malta come tudo e, embevecida, conclui que quem tem mais é sempre porque o merece. Claro.
A bem dizer, nem há nada de muito recomendável numa meritocracia pura. Basta conhecer a origem do termo para sabê-lo.