Por cada litro de gasolina 95 que os portugueses colocam no depósito do seu automóvel e que custa 1,502€, os portugueses estão a pagar 0,923€ em impostos, cerca de 61%. Feitas as contas de outra maneira, sem impostos, um litro de gasolina custaria 0,579€; e com impostos este valor aumenta 160% para 1,502€ (mais do que duplica) (fonte).
Vistas as coisas ainda de outra forma: se um português colocar 50€ de gasolina simples 95 no seu automóvel, terá a satisfação de colocar no porquinho mealheiro de Mário Centeno a módica quantia de 31€, quantia esta que António Costa irá aplicar sem dúvida, de forma absolutamente parcimoniosa e extremamente rigorosa no bem de toda a sociedade.
Em relação ao gasóleo as contas não são muito diferentes. Por cada litro que custa 1,383€ os portugueses estão a pagar 0,744€ em impostos – isto é, cerca de 54%. Feita as contas de outra maneira, sem impostos, um litro de gasóleo custaria 0,639€; e com impostos este valor aumenta 116% para 1,383€ (mais do que duplica).
Os portugueses podem ainda rejubilar de felicidade ao saberem que não obstante os seus elevadíssimos salários, graças aos sublimes impostos lusitanos pagam (fonte):
- a 15º gasolina mais cara do planeta
- o 21º gasóleo mais caro do mundo
- a 6ª electricidade mais cara do globo
Mas pronto, são as empresas petrolíferas e energéticas que são “gananciosas”. O estado é um bem-feitor que nunca tem por fim o lucro – tem apenas e sempre o interesse do bem estar da sociedade.
Porque é que fazem a conta dos impostos desta forma??
Quando eu digo que comprei uma camisa que me custou 123€, digo que paguei 23% de IVA e não digo que do preço que paguei, 18,7% foi imposto (23/123=18.7%)
Assim sendo, para sermos intelectualmente honestos, temos que dizer que a gasolina tem um imposto de 260% e o do gasóleo tem um imposto de 216%.
Há duas semanas atrás , atestei um Hyundai i20 em Andorra por… 1,025 € /litro…
As petrolíferas não se importariam de ficar “só” com o dinheiro dos impostos da gasolina.
Todos os governos mamam à grande nos combustíveis; PS ou PSD é indiferente. Este governo sucateiro será o mais desprezível, devido à propaganda do ‘fim da austeridade’, mas no governo de Passos/Portas o saque era parecido e o destino da massa era mais ou menos o mesmo.
Quando muito, o PS tende a encher mais chulos públicos e o PSD enche mais mamões privados; mas a diferença é pequena. Ambos servem os mesmos donos. A começar pela Banca e pelos seus amáveis ‘mercados’, essa entidade mítica cuja efémera ‘confiança’ passamos a vida a tentar ganhar.
De resto, um saque não invalida o outro: as petrolíferas também sempre mamaram à grande, num cartel que apenas a nossa “Autoridade da Concorrência” não vê. Mas nem tudo é mau: aqui há um mês a AC descobriu finalmente, imagine-se, que a máfia banqueira também age em cartel. Até a multaram e tudo! Ah, leões.
Aqui no condomínio também há uns que entram e saem elevador abaixo, elevador acima, abrem o portão eletrico da garagens sempre que precisam, e refilam quando alguma coisa não funciona, ou quando os espelhos têm dedadas. Acham que a energia, reparações e limpeza não custam dinheiro. Não pagam as quotizações do condomínio, e dizem: os outros que paguem, são socialistas !…
«Quando muito, o PS tende a encher mais chulos públicos e o PSD enche mais mamões privados»
Não tenha a certeza disso. A empresa de turismo aventura com sede num parque de campismo que vende golas inflamáveis; ou os tipos da EDP ou da GALP; ou os da Mota Engil… Continuo?
O PS existe para enriquecer os privados, mas apenas os dos seus círculos de confiança. O resto que cumpra a lei.
E lá vem mais uma ANEDOTA SOVIÉTICA
No capitalismo tudo se vende. No socialismo todos se compram.
Sem dúvida, Francisco Colaço, daí ter dito que a diferença entre PS e PSD é pequena. Os donos são os mesmos.
Quando São Passos chegou ao poleiro, a EDP, a Mota-Engil, a Golpe e demais mamões do regime continuaram tranquilamente a mamar. O país foi saqueado para enchê-los, além dos ‘mercados’ onde o trafulha parisiense nos havia empenhado.
Em qualquer partidocracia podre, são precisos dois para dançar: os que contraem os calotes, e os que nos saqueiam para pagá-los. Os que tornam o Estado num poço de chulice, ineficiência e corrupção, e os ‘salvadores’ que aparecem depois a privatizar as partes mais suculentas.
Por regra a ‘esquerda’ cumpre o primeiro papel e a ‘direita’ o segundo, mas são intermutáveis. Por ex. até foi o Guterres, salvo erro, o campeão das privatizações; e até foi a Múmia Cavaca, como disse o Cadilhe, o “pai do monstro” público.
É isto capitalismo ou socialismo? Nim, como dizia o outro: é um imenso pântano. Mas a ser alguma coisa, é capitalista. Os mamões é que mandam.
O título está um pouco impreciso: na verdade, os portugueses abastecem os seus automóveis principalmente com impostos – e umas gotinhas de gasolina lá diluídas para dar um cheirinho.
«que aparecem depois a privatizar as partes mais suculentas.»
Que privatizem. Sou do tempo em que a PT pública demorava meses a instalar um telefone. E em que tínhamos uma empresa pública de telecomunicações e os segundos telefones mais caros do Mundo.
Mais vale tudo nas mãos de privados. Esses ao menos sabem que ou prestam serviço ou morrem, porque o Pai Estado não lhes vem acalmar as lágrimas com um aumento de capital, como faz à CP.
«Mais vale tudo nas mãos de privados. Esses ao menos sabem que ou prestam serviço ou morrem…»
Depende, Francisco, depende. Se for a Banca, lá estarão os contribuintes a… contribuir. É que há privados too big to fail – e too big to jail, como se vê pelo Mamão Salgado, o Oliveirinha, o Rendeiro, etc.
A PT foi outro exemplo de excelente gestão privada, como bem lembrou. Agora é de uns franceses, não é? Belo negócio para o Estado; foi como a EDP, a REN, a ANA… tudo coisas sem utilidade, sem valor, que só dão prejuízo. Ainda bem que nos livrámos delas.
Mas entendo o que quer dizer. Eu também gosto do Conto do Mercado: a concorrência, a mão invisível, os heróicos investidores, os geniais CEOs… é como aquele conto de que o Estado ‘somos todos nós’. São os dois muito bonitos.
Mas Passos Coelho teve a ousadia de dizer não ao Salgado.
Infelizmente para quem quer confluir o PS e o PSD, a história mostra que a parte de leão dos acordos leoninos são feitos pelas hienas do PS. O PSD não é com toda a certeza um partido impoluto, mas podemos falar em comparar pó nos móveis com um bueiro de esgoto.
Para quem interesse, não votei PSD. Votei na Iniciativa Liberal, mas mais por anuência que por adesão.
Filipe Bastos,
«A PT foi outro exemplo de excelente gestão privada, como bem lembrou. Agora é de uns franceses, não é?»
Et je m’en fiche. C’est pas de mon argent.
«Mas Passos Coelho teve a ousadia de dizer não ao Salgado.»
Essa patranha continua viva? O governo de Passos era tão capacho do Salgado como os outros; o desfecho só foi este porque 1) o poder do DDT afundou-se com o GES; 2) a solução oficial da UE para bancos falidos mudara.
Pense lá: quando o governo do Trafulha resgatou o BPN, era essa a solução standard. Foi o que fizeram os governos dos EUA, do UK, da Alemanha, Espanha, Irlanda, França… mas depois dessa orgia, a UE, para manter a fachada deste capitalismo desregulado, demente, absurdo, mudou a receita. Oficialmente, o encargo passou dos contribuintes para os accionistas, obrigacionistas e grandes depositantes. Inventaram o célebre Fundo de Resolução, etc.
E foi assim que surgiu o mito do heróico Passos a bater o pé ao poderoso Salgado. Na verdade a escolha era entre afundar-se com este, quando era já óbvio que o GES tinha implodido, e desafiar as novas normas da UE, ou simplesmente segui-las e ficar como o bom da fita.
Ou acha mesmo que um banana como o Passos, esse fantoche, que até a D. Portas encavou, que até correu com o Álvaro mal o Mamão Mexia lhe mandou, ia bater o pé ao Salgado se este ainda fosse o DDT?
Filipe Bastos,
Sei que não é socialista, mas olhe que consigo é impossível prever o passado.
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