Greve faz aumentar preços

Cartaz afixado num posto de abastecimento de combustíveis:

Avisamos os nossos clientes que, durante a greve dos motoristas de transporte de matérias perigosas, cada litro de gasolina/gasóleo terá um acréscimo de 0,20€. Este valor adicional será usado exclusivamente para financiar os custos acrescidos no fornecimento de combustíveis, de forma a evitar situações de indisponibilidade de abastecimento. Lamentamos o incómodo.

Verdadeiro? Não. Mas pelos motivos elencados em post anterior, devia ser!

37 pensamentos sobre “Greve faz aumentar preços

  1. AB

    A idéia era estúpida no post anterior, e não melhorou com o tempo. Não há custos acrescidos no transporte. Se esse é o mercado que a IL defende, por mim podem continuar com os zero vírgula nada das últimas eleições.

  2. AB,
    A sua ignorância económica é notória nos comentários.
    PS: para garantirem abastecimento, postos – durante a greve – terão de pagar extra aos motoristas que não fizerem greve.

  3. BZ,

    se o BZ está tão interessado em aplicar a Lei da Oferta e da Procura, peça para a aplicarem no dia-a-dia, por exemplo nas portagens da Ponte 25 de Abril. É disparatado que a portagem para uma travessia às 2 da manhã seja a mesma que a portagem para uma travessia às 8 ou 9 da manhã, quando a procura é muito maior.

  4. Luis Lavoura, a procura por travessias na ponte não iria aumentar às 2h da noite se preço da portagem às 8h-9h da manhã fosse superior…

  5. BZ, eu repito: se você quer controlar o acesso a gasolina que escasseia, durante a greve, através de um aumento do peço dessa gasolina, então deveria, todos os dias da semana, controlar o acesso, cronicamente escasso às horas de ponta, à ponte 25 de Abril através de um aumento da portagem.

    Porque não o propõe? Não seria isso muito mais corriqueiro e muitíssimo mais útil do que fazer propostas só para uns raríssimos dias de greve?

    Poderia ser assim, mais ou menos: a portagem seria 1,15 euros durante quase todo o dia, exceto entre as 23 horas e as 4 horas, em que seria gratuita, e entre as 5 horas e as 10 horas, em que seria 2,30 euros.

    Dessa forma, as pessoas seriam fortemente desincentivadas de utilizar a ponte no horário em que mais pessoas a querem utilizar.

    Simples aplicação das leis da economia, BZ. Só que – a política raramente consegue acompanhar a economia.

  6. ATAV

    Luís Lavoura

    Ainda não percebeu que o que o objectivo da proposta do BZ é dar cabo dos sindicatos? O aumento do preço serve para pagar a alguém para furar a greve…

  7. Luís Lavoura, isso não faz sentido, porque as portagens foram criadas para financiar o pagamento da infraestrutura e para financiar a manutenção.
    Não faz sentido que a utilização duma estrada tenha valores diferentes conforme a afluência de tráfego, pois o desgaste do alcatrão, o stress provocado nas obras de arte, etc. são feitos com a mesma intensidade qualquer qualquer que seja a hora do dia em que a viatura lá passe.
    Não é por acaso que os carros pequeninos e leves pagam menos que os grandes e pesados.

  8. Rão Arques

    Marcelo vai de férias como ajudante do motorista que lhe tinha dado boleia.
    Descarrega bidões às costas, atesta os carros dos portugueses com bomba de manivela, muda e enche pneus do pesado se for preciso.
    Enquanto isso pela PGR ficamos a saber que de facto factos até podem não o ser.
    Alega que não dispõe de dados, matéria de prova, para poder considerar se a greve é legal ou não.
    Mas para autorizar antecipada e preventiva requisição civil onde é que achou factos por adiantamento conveniente que sustentem essa diversão?

  9. André Miguel

    A discussão está interessante e por uma vez concordo (só um poucochinho) com o Lavoura. Verdade que o baixo preço de madrugada não aumentaria o tráfego, mas talvez incentivasse o uso de transportes públicos na hora de ponta. Ou acaso os parquimetros têm a mesma tarifa em todas as zonas? Porquê?

    “Não faz sentido que a utilização duma estrada tenha valores diferentes conforme a afluência de tráfego”

    Porquê? Acaso o desgaste na A1 Lisboa – Porto é o mesmo da A6 Lisboa – Elvas?! Qual delas tem mais trafego? Porquê pagar o mesmo?

    Disclaimer: não concordo com portagens ou parquimetros, ambos são roubo pois já pagamos impostos para utilizar a via pública. Só mencionei estes exemplos como prova da irracionalidade do Governo da gestão da coisa pública.

  10. Manuel Vicente Galvão,

    Nem sempre o preço está indexado à estrutura de custos. O preço é formado pela negociação do produtor, que quer vender zero por tudo, com o do consumidor, que quer tudo por nada.

    Indexar o preço à estrutura de custos pode ser uma boa prática de gestão de produção, mas não o é de gestão de marketing. Tanto que paga muito mais por sapatilhas Nike, se as quiser, e fabricadas no Bangladesh, do que por umas sapatilhas de qualidade em tudo equivalente de marca X fabricada em São João da Madeira.

  11. ATAV,

    Eu sempre fui fura-greves. Não tenho esse direito?

    P.S. Sempre recebi maiores propostas de aumento, individualmente, do que as dos sindicrápulas e dos sundicrapularizados. Pergunte-se porquê.

  12. ATAV

    Francisco Miguel Colaço

    Você, como trabalhador, tem esse direito individual. O que o BZ quer é que você e os outros não tenham a possibilidade de fazer greve unidos se assim o entenderem. É muito “liberal” da parte dele.

    Mas é claaaaaro que os trabalhadores ganham vantagem em negociar individualmente!!!

    É por isso que os patrões e os lobistas pagos por eles como o Forum para a Competitividade estão sempre a mandar vir contra a contratação colectiva, a perseguir sindicatos e a exigir que as negociações entre trabalhadores e patrão sejam feitas individualmente ou só dentro da empresa.

    É porque os patrões querem desesperadamente encher os bolsos dos funcionários e os mauzões dos sindicatos não deixam…

    Deixe-se lá dessas tretas e fique a saber que uma das razões para o aumento da desigualdade foi a diminuição da taxa de sindicalização no mundo ocidental. Era por isso também que os empregos nas indústrias eram tão bem remunerados, os trabalhadores uniram-se e obtiveram melhores condições de trabalho e uma remuneração mais alta.

    Com a transição para uma economia de serviços, como os trabalhadores têm menor capacidade negocial como resultado da taxa de sindicalização menor, as condições são muito piores e há mais desigualdade.

    Mas já que não gosta de sindicatos talvez seja melhor abdicar das condições que você tem agora e que são resultados das negociações deles ao longo dos anos.

    Nomeadamente: horário de 40 horas semanais, férias pagas, subsídios de natal, férias e alimentação, baixa por doença sem perder o emprego, não poder ser despedido de forma arbitrária, definição de funções (como foi contratado como engenheiro o patrão não lhe pode exigir que vá lavar-lhe o carro ou aparar-lhe a relva ao fim-de-semana), higiene e segurança no trabalho, etc,etc, etc…

    Vou resumir: marche para o escritório do patrão despeça-se e
    exija que o metam a recibo verde. Desta maneira também pode negociar individualmente o seu salário mensal. Isso é que vai ser ganhar dinheiro!

  13. André Miguel

    Atav, já estamos no sec XXI. Os sindicatos hoje só atrapalham, servem para proteger os instalados e os outros que se lixem, são o maior entrave à inovação e concorrência.
    Numa economia global ninguém bem formado e informado espera que o sindicato faça alguma coisa por si, é mais fácil emigrar (falo mim e pelas centenas de milhares de jovens que emigraram todos os anos nesta última década).

  14. “Luis Lavoura, a procura por travessias na ponte não iria aumentar às 2h da noite se preço da portagem às 8h-9h da manhã fosse superior…”

    Se fosse muito superior iria (inclusivamente a longo prazo levaria mais pessoas a estarem dispostas a trabalhar em turnos com horários heterodoxos).

  15. ATAV

    André Miguel

    “Atav, já estamos no sec XXI. Os sindicatos hoje só atrapalham, servem para proteger os instalados e os outros que se lixem, são o maior entrave à inovação e concorrência.”

    Estou a ver que prefere o século XIX onde os trabalhadores não tinham condições nenhumas e passavam fome, os sindicatos eram perseguidos pelo patronato e por políticos e as empresas contratavam capangas para pôr os grevistas na linha. Que tempos maravilhosos!

    “Numa economia global ninguém bem formado e informado espera que o sindicato faça alguma coisa por si, é mais fácil emigrar (falo mim e pelas centenas de milhares de jovens que emigraram todos os anos nesta última década).”

    Ui! Há quanto tempo que não ouvia o argumento do “…numa economia cada vez mais global…”. Sabia que isso tornou-se sinónimo de ” vocês trabalhadores têm de trabalhar cada vez mais mais e receber cada vez menos”? É por causa dessas e doutras que muitos trabalhadores se viraram contra a globalização. É porque pessoas como você utilizavam isso como argumento para lhes cortar os direitos laborais.

    E o facto de muitos portugueses terem que emigrar para procurar uma vida melhor é uma coisa a lamentar. Vão matar-se a trabalhar e provavelmente terão políticos como o Trump ou o Salvini (ambos muito apreciados nesta casa) a fazerem deles os bodes expiatórios dos problemas do país.

  16. André Miguel

    Já vi que o atav nem sabe ler, fosga-se! Acabei de dizer que vivemos no sec XXI e que emigrei e vem desconversar…

    Lamentar a emigração??? Ahahaha! É o melhor a fazer! Era o que faltava estar a ganhar mal e pagar impostos para dar perolas a porcos. Quem fica que se desenmerde e o ultimo a sair que apague a luz.

  17. Atav,

    Sinceramente, tentei esta semana despedir-me. Não aceitaram a minha demissão. Deram-me outros projectos, o que significa mais cacau também.

    O seu problema pode ser diferente. Não é da minha conta, mas se precisa tanto dos sindicrápulas para negociar por si, é porque o seu patrão não precisa tanto assim de si.

  18. ATAV

    André Miguel

    Claro que sei ler. Você é que não percebe o alcance das suas próprias palavras: se os sindicatos deixarem de existir, as condições laborais dos trabalhadores irão degradar-se até ficarem parecidas com as do século XIX, quando não havia sindicatos ou negociação colectiva.

    Ou seja, você acha que a modernidade do século XXI é regressar ao século XIX. É o famoso “ímpeto reformista” que os liberais estão sempre a falar…

    Quanto a imigração então você acha bem que um jovem que não queira sair do país, seja obrigado a fazê-lo porque não tem oportunidades aqui?

    Pensava que os liberais gostassem que uma pessoa tenha a liberdade de escolher onde quer trabalhar… Ah! Quase que me ia esquecendo que a liberdade de escolha dos liberais é só para alguns…

    E lembre-se bem das suas palavras se algum politico do pais que o recebeu o perseguir devido ao seu estatuto de imigrante.

  19. atav

    Francisco Miguel Colaço

    Você ficou porque quis. Ninguém o impediu. E sempre vai por em prática a minha sugestão de ficar a recibos verdes? Assim podia negociar o seu salário todos os dias se assim o entendesse. Imagine lá quanto ia facturar…

    Claro que se estivesse a recibos verdes e se você adoecesse gravemente ou aparecesse outra pessoa qualificada que estivesse disponível a conversa já seria outra…

    Ah! E mais “cacau” com mais projectos em cima do pêlo pode não ser vantajoso para si. Se fosse mais dinheiro pelo mesmo esforço já seria um aumento!

    Aliás conheço um caso que se está a passar agora em que um patrão quer aumentar um funcionário e o funcionário não quer. Ele diz que é muito trabalho e responsabilidades por pouco dinheiro e simplesmente não lhe compensa.

    A mim propuseram-me há uns meses mais dinheiro por mais horas, mas não tenho disponibilidade para isso. Uma pena…

  20. Eduardo Menezes

    Bem avisado andou o Martelo que atestou o depósito antes de sair para a terra dos boches.
    Informação privilegiada …. não é para todos
    … mas muito sinceramente não acredito que pague do próprio bolso a gasolina no carro que o transporta….
    Isso fazia um outro político no tempo do senhor seu pai

  21. André Miguel

    “Pensava que os liberais gostassem que uma pessoa tenha a liberdade de escolher onde quer trabalhar…”

    V. Exa começa ser cómico…

    Claro que tem liberdade para escolher, não tem é liberdade para obrigar os outros a pagarem-lhe mais só porque sim! Quem está mal muda-se.
    E por isso mesmo nunca voltaremos ao sec XIX, pois quem quer bons profissionais tem de pagar de acordo.

    Chegará o dia em que Portugal terá falta de mão obra qualificada (já se nota em alguns sectores). Mas o quadro fiscal não permite aumentar salários, estes continuam a baixar, o pessoal continua a emigrar, falta competitividade, a produtividade baixa, os salários voltam a baixar… é um círculo vicioso. E não serão os sindicatos que o vão resolver.

  22. Atav,

    Fiquei porque a minha palavra, ao contrário da do Costa, é para cumprir, desde que do outro lado cumpram a deles.

    Eu não me importo de trabalhar mais por mais dinheiro. Está a ver porque é que o Atav precisa dos sindicráticos e eu os abomino?

    Pista: os patrões precisam mais de trabalhadores e estão dispostos a não deixar ir quem lhes traz alguns milhões de receita através de invenção, criatividade e método. Aliás, o que veio mais à colação foi o que chamaram o meu ímpeto de facturar, terminando projectos.

  23. Andre Miguel

    Ó Francisco é óbvio que o Atav quer ganhar mais só porque sim, isso de trabalhar mais para ganhar mais é coisa que não o assiste. Conseguir receber mais no final do mês é trabalho para o sindicato, não para ele.
    O grave é haver imensa gente que assim pensa.

  24. ATAV

    Francisco Miguel Colaço e André Miguel

    Não me importo de trabalhar mais para receber mais, caso tenha disponibilidade para isso. Mas o dia tem um nº de horas finito e não dá para tudo. Para vossa informação trabalho por contra de outrem, faço uns biscates para outra entidade não relacionada e faço consultoria. Ah. E tenho família para cuidar… Mas não me posso queixar, visto que tenho uma remuneração razoável.

    Recentemente falei com uma mulher que está a trabalhar num hotel a tempo inteiro (40 horas/semana). Ela disse-me isso são as férias dela visto que trabalha 16 a 18 horas por dia desde os 16 anos. Está a poupar para um curso profissional que lhe dará um ordenado de 700 euros ao mês se tiver sorte de conseguir emprego na área. Esta pessoa integra os “working poor”. São aquelas pessoas que, quando dizem que querem ganhar mais e trabalhar menos, vocês ficam todos indignados e mandam trabalhar mais.

    Mas reparo agora que atacam os sindicatos por quererem que os trabalhadores ganhem mais mas não piam quando os CEO têm a sua remuneração a disparar.

    Resumindo: os gestores com aumentos enormes bem acima da produtividade está tudo bem. Merecem todos os cêntimos. Já os trabalhadores com os seus ordenados estagnados à décadas apesar da produtividade aumentar a exigirem aumentos salariais já são uns parasitas.

  25. ATAV

    André Miguel

    “V. Exa começa ser cómico…”

    A comédia abunda por aqui. Quer ver?

    “Claro que tem liberdade para escolher, não tem é liberdade para obrigar os outros a pagarem-lhe mais só porque sim”

    Não conhece a definição de monopólio? Basicamente é obrigar os outros a pagarem o que se quer só porque sim. E monopsónio? Neste caso é alguém pagar apenas o que quer só porque sim. Sabia que a formação de monopsónios está a ser avançada como uma possível explicação para a estagnação salarial actual?

    “Quem está mal muda-se.”

    E a definição de custos de transição? Eu gosto de tocar bateria à 4 da manhã. E isso incomoda o meu vizinho de baixo. Portanto, pela sua lógica infalível não sou eu que tenho que me calar é ele que tem de desamparar a loja. Tem de vender a casa dele por uma ninharia (afinal quem é o doido que vai comprar uma casa onde se ouve uma barulheira infernal às 4 da manhã?) e não bufar. Querer espetar os custos de transição em cima dos mais fracos é algo típico dos liberais.

    “E por isso mesmo nunca voltaremos ao séc. XIX, pois quem quer bons profissionais tem de pagar de acordo.”

    Conclusão: no século XIX só havia trabalhadores incompetentes.

    “Mas o quadro fiscal não permite aumentar salários, estes continuam a baixar, o pessoal continua a emigrar, falta competitividade, a produtividade baixa, os salários voltam a baixar”

    Os patrões querem aumentar os salários mas em vez disso os salários baixam por causa dos impostos. Está mesmo a querer dizer que os salários são taxados a 100% a partir de um determinado valor? Um valor aparentemente baixo, visto que está a referir-se à generalidade da economia.

    Está a ver? Comedy gold!!!

  26. André Miguel

    “Conclusão: no século XIX só havia trabalhadores incompetentes”

    Não. A conclusão é que V. é tremendamente ignorante ou faz dos outros estúpidos. Não coloque palavras que eu nunca disse na minha boca.

  27. ATAV

    André Miguel

    “Não. A conclusão é que V. é tremendamente ignorante ou faz dos outros estúpidos.Não coloque palavras que eu nunca disse na minha boca.”

    Tendo em conta que disse que os bons profissionais pagam-se e que por causa disso nunca regressaríamos ao século XIX que mais é que se poderia concluir?
    Que como os trabalhadores dessa época eram mal pagos então não podiam ser bons no que faziam. Se fossem competentes então seriam bem pagos segundo a sua própria lógica.

    Não me culpe por ter apanhado uma falha no seu raciocínio. Use melhores argumentos da próxima vez.

  28. André Miguel

    V. Exa não quer mesmo entender… irra!!! Acaso o mundo hoje é igual ao sec XIX??? A organização e especialização do trabalho é igual? O conhecimento não evoluiu? Porque é que toda a gente ganhaval mal nessa época??? Claro que não era por serem incompetentes, o que não faltava era mão de obra, não especializada, logo barata! A chave para a melhoria dos salarios foi a revolução industrial! Aumentou a produção e deu origem ao trabalhador especializado e qualificado. Os sindicatos ajudaram, claro, mas não tivessem a produção e a produtividade aumentado ficavam a ver navios.

    E agora sff deixe-se de acrobacias para colocar palavras na boca dos outros. Esse velho truque marxista já não pega.

  29. ATAV

    André Miguel

    Está um bocado confundido. Talvez deva andar menos em sites da escola austriaca e ler mais livros de história.

    Para começar a especialização do trabalho já existe há milénios. é uma das condições para que as civilizações apareçam e floresçam. Qualquer civilização da antiguidade já tinha agricultores, pescadores, pastores, tecelões, ourives, soldados, escribas, advogados, políticos, professores, etc, etc, etc.

    Não foi a Revolução Industrial que permitiu o aparecimento do trabalhador qualificado. Ele já existia antes. Mas tem razão quando diz que o aumento de produção permitiu o aumento de riqueza dos trabalhadores. Mas esquece-se que os empresários da época não queriam partilhar essa riqueza com os seus funcionários. É também por causa disso que se formaram os sindicatos e os patrões opuseram-se de forma tão violenta.

    É esta a razão pela qual essa época ficou conhecida como a “Guilded age”. Porque a riqueza era só para alguns. A grande maioria precisou de se mobilizar para não ficar a ver navios.

    E então? Gosta dos meus “truques marxistas” (leia-se conhecimento rudimentar de história) ?

  30. André Miguel

    “Qualquer civilização da antiguidade já tinha agricultores, pescadores, pastores, tecelões, ourives, soldados, escribas…”

    Claro que sim, mas isso é simplesmente a divisão do trabalho. Adam Smith explicou muito bem (se ainda não o fez leia a Riqueza das Nações).
    Mas V. Exa quer mesmo comparar esses ofícios com a concepção e fabrico de uma locomotiva a vapor ou a perfuração de poços petrolíferos?
    Fico-me por aqui. Fique lá com a bicicleta que eu vou a pé…
    Apesar de discordarmos (em alguns pontos) foi uma discussão agradável.

  31. ATAV

    André Miguel

    “Claro que sim, mas isso é simplesmente a divisão do trabalho.”

    Divisão do trabalho tipo um lava a loiça e o outro faz a cama? Para alguém ser escriba tem que aprender a ler e escrever, para se ser soldado tem que aprender a lutar e a disciplina do combate, um advogado tem que saber aplicar a lei e um ourives tem que saber trabalhar o ouro e a identificar os materiais preciosos. Tudo isto requer treino, formação e anos de dedicação. Um agricultor não se transforma num advogado do momento para o outro! Ou seja, estamos a falar de especialização.

    “Mas V. Exa quer mesmo comparar esses ofícios com a concepção e fabrico de uma locomotiva a vapor ou a perfuração de poços petrolíferos?”

    Sim. Pode achar que é primitivo mas houve um tempo em que a roda era alta tecnologia. Assim como o domínio do fogo, a escrita, o bronze e o aço. A Inglaterra ascendeu a potencia hegemónica porque dominava a alta tecnologia da época no sector têxtil. Aliás foi neste sector que a revolução industrial começou. Hoje em dia o sector têxtil está localizado em países subdesenvolvidos como o Bangladesh.

    “Adam Smith explicou muito bem (se ainda não o fez leia a Riqueza das Nações).”

    Sempre achei espantoso como as pessoas por aqui referem sempre a “Riqueza das Nações” e nunca a “Teoria dos Sentimentos Morais” do Adam Smith. E sempre como forma de justificar moralmente o egoísmo e para beneficiar os ricos à custa dos mais pobres. Não sei se o Adam Smith ia gostar da maneira que algumas pessoas tentam utilizar o trabalho dele hoje em dia.

  32. ATAV,

    Tem aqui um muito bom ponto.

    «Mas reparo agora que atacam os sindicatos por quererem que os trabalhadores ganhem mais mas não piam quando os CEO têm a sua remuneração a disparar.»

    Eu não pio. A minha carteira é que grita. Quando se fecha.

    Eu não vou mudar o mundo. Estou muito ocupado a mudar-me. O mundo torna-se melhor quando eu me mudo e bem pior quando, como o ATAV, tentasse eu mudar os outros por decreto.

  33. ATAV,

    «E a definição de custos de transição? Eu gosto de tocar bateria à 4 da manhã. E isso incomoda o meu vizinho de baixo. Portanto, pela sua lógica infalível não sou eu que tenho que me calar é ele que tem de desamparar a loja. Tem de vender a casa dele por uma ninharia (afinal quem é o doido que vai comprar uma casa onde se ouve uma barulheira infernal às 4 da manhã?) e não bufar. Querer espetar os custos de transição em cima dos mais fracos é algo típico dos liberais.»

    Tocar bateria às quatro da manhã é algo que o ATAV imporia aos outros. Seria no mínimo péssima educação se o fizesse. E viola o acordo com os seus vizinhos — implícito nos costumes ou expresso nas leis do condomínio — de que à noite ninguém provoca barulho desnecessário. É o ATAV que tem de mudar.

    Outra coisa é pedir que os outros mudem por nós quando estão a cumprir os contratos existentes, por decreto e compulsão, e sem que lhes demos algo mais em troca.

    Percebe a diferença?

    Eu sou dos poucos que concorda com esta greve. Sem ter nada de interesses na área. Especialmente porque é um sindicato que não segue cartilha PêCê-piana, e que representa mesmo os seus membros em vez das cúpulas dos vermilhóides. E que oferece algo mais de disponibilidade aos patrões, se bem que pouco porque os trabalhadores estão a trabalhar no limite das suas capacidades.

    Mas percebo a posição dos patrões, tendo presente o esmagamento das margens no sector — e se não sabe do que fala, arranje uns números, que lhe fazem muito bem. Esta greve é o reflexo de um conundro a montante.

  34. ATAV,

    «Um agricultor não se transforma num advogado do momento para o outro!»

    Estamos em Portugal. Equivalências. E até se terminam cursos ao Domingo. E se apresentam exames por fax.

    Os cartões partidários ajudam muito. São atestados de sapiência. Até transformam um ajudante de padeiro num especialista técnico ou um ex-director de rancho folclórico num prodígio da gestão.

  35. ATAV

    Francisco Miguel Colaço

    “Tocar bateria às quatro da manhã é algo que o ATAV imporia aos outros. Seria no mínimo péssima educação se o fizesse. E viola o acordo com os seus vizinhos — implícito nos costumes ou expresso nas leis do condomínio”

    Então e o acordo tácito que existe na nossa sociedade que quem trabalha tem de ser devidamente remunerado pela riqueza que ajuda a produzir? Os funcionários têm os ordenados estagnados há décadas, enquanto os gestores e os acionistas têm vindo a aumentar a sua fatia do bolo. Chama-se a isto o aumento da desigualdade. E não me venha com conversas de qualificações, robôs e globalização. Cada vez que se fala de desigualdades os lobistas e os ideólogos tentam sempre obnubilar a conversa recorrendo a estes subterfúgios. A desigualdade aumenta porque alguns apoderam-se da riqueza produzida pela sociedade

    Os sindicatos querem que este acordo tácito seja cumprido portanto exigem aumentos salariais.

    “Eu não vou mudar o mundo. Estou muito ocupado a mudar-me. O mundo torna-se melhor quando eu me mudo e bem pior quando, como o ATAV, tentasse eu mudar os outros por decreto.”

    Responsabilização individual é importante mas também é a cantiga que os mais poderosos e os ricos cantam para esquivarem-se da responsabilidades que têm para com os outros. É também utilizado como forma de justificar o egoísmo. Donde é que acha que nasceu o mito do “inventor que laborou na sua garagem até altas horas da noite”? Dizendo que fizeram tudo sozinhos torna aceitável não quererem pagar impostos. E é uma pulhice porque tiram o mérito aos seus próprios funcionários e aos contribuintes que pagam a sociedade onde o inventor vive. Sem contar com o dinheiro todo a fundo perdido que o estado mete em investigação e desenvolvimento de novas tecnologias.

    Outra coisa. A imposição por decreto é o que faz com a nossa sociedade não imploda. O que acha que aconteceria se revogássemos o código penal, a obrigatoriedade de matricular as crianças na escola, as leis ambientais, protecção do consumidor ou as leis laborais? Eu digo-lhe, ficávamos num estado falhado onde nada disso existe.

    E apraz-me verificar que já interiorizou o que é uma externalidade negativa. Mas não se aplica só ao barulho. A poluição também conta e, acredite ou não, a riqueza também. Afinal o tipo de investimento mais rentável de um rico não é abrir uma empresa nova, é capturar o poder politico. Isso permite-lhe baixar a sua factura fiscal, esquivar-se de leis incómodas ou abocanhar sectores públicos rentáveis como a segurança social ou a saúde. É por isso que a desigualdade interessa! Quanto maior a riqueza acumulada em algumas mãos, maior a probabilidade de formação de uma oligarquia.

  36. Pingback: Preço é o melhor sinal – O Insurgente

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