No período mais complicado do governo de Passos Coelho, Rui Rio tratou de marcar presença em eventos da oposição e não hesitou em reunir-se publicamente com António Costa para “preparar futuros pactos de regime”.
Hoje o PSD está, por culpa própria, numa fase difícil, mal posicionado contra um adversário que deveria ser fácil de bater. Neste cenário, Passos apareceu para dar a cara na campanha.
Ache-se o que se achar das convicções políticas de ambos, qualquer que seja a avaliação dos dois enquanto governantes, há uma diferença de estatura moral que só um cego não vislumbra.
Carlos Guimarães Pinto, Presidente do partido Iniciativa Liberal

Partilho com gosto este texto do CGP sobre as diferenças entre Passos Coelho e Rui Rio. Apesar de achar que Passos Coelho errou em muita coisa e não conseguiu as importantes reformas que o país precisava, sempre defenderei a sua posição de estadista num dos períodos mais difíceis da história do país (o qual foi herdado e não criado por ele).
Foi com várias das ideias liberais que Passos Coelho defendia (sendo que poucas aplicou depois) antes de ser Primeiro-Ministro que eu comecei a pesquisar e a aprender mais sobre Liberalismo. Tinha 15 anos na altura. E aos poucos a minha forma de ver a política começou a mudar. Passos Coelho não é Deus algum, nem sequer um ídolo, mas é alguém que tem muito valor e, infelizmente, pouco reconhecimento neste país. Quando socialistas do “círculo vermelho” (comentadores, intelectuais, etc. que dominam a comunicação social) dizem que a Iniciativa Liberal, da qual faço parte, é um grupo de órfãos de Passos Coelho nunca considero isso uma ofensa. É um elogio. E deve ser orgulhosamente recebido e usado.
Pior cego é o que não quer ver. Passos Coelho recebeu um país falido. Tinha em caixa 300 milhões que não pagava salários nem pensões para o mês seguinte.
Deixou o país melhor do que António Costa o deixou antes.
Eu até nem gostava de Passos Coelho
Concordo. A partir de certa altura comecei a gostar de Passos embora reconheça que começou muito mal.
Quanto às reformas não se esqueça do Conselho da Revol… Tribunal Constitucional que chumbou tudo o que poderiam ser consideradas reformas que poriam o país num caminho muito melhor.
Por mim, a troica estaria cá 10 ou 15 anos, independentemente do governo. Está mais do que provado que não nos sabemos governar. Basta ver este suposto “governo” de vigaristas que nos calhou em sorte.
Temos hoje no “governo” as forças e a ideologia que tornam o país inviável há 45 anos.
Já deu uma trabalheira chegar á condenação generalizada das acões de Sócrates ! Não é agora, quando se vai votar, que se repõe a história sobre Passos Coelho. Dêem munições ao Costa ! Acham que têm tempo de rebater a esperada reação do PS ?
Passos Coelho pode ter cometido alguns erros, essencialmente em prejuízo próprio sim, enquanto Costa personifica o erro e a fraude sem limites, sempre fixado no próprio cadáver político de que andamos a fazer prova de gostar.
Quando é concedida a Costa generalizada e beata aceitação por puros basbaques, Costa acaba por ter motivos e razão ao ser um acabado aldrabão.
Relativamente às diferenças morais entre Passos Coelho e Rui Rio, será que alguém podia-me relembrar do que o Passos Coelho andou a durante a liderança da Manuela Ferreira Leite e do Luís Filipe Menezes?
JMS
“Por mim, a troica estaria cá 10 ou 15 anos, independentemente do governo. Está mais do que provado que não nos sabemos governar. Basta ver este suposto “governo” de vigaristas que nos calhou em sorte.”
Chamo a sua atenção ao seguinte artigo do código penal.
Artigo 308.º
Traição à pátria
Aquele que, por meio de usurpação ou abuso de funções de soberania:
a) Tentar separar da Mãe-Pátria ou entregar a país estrangeiro ou submeter à soberania estrangeira todo o território português ou parte dele; ou
b) Ofender ou puser em perigo a independência do País;
é punido com pena de prisão de 10 a 20 anos.
ATAV,
Dou-lhe em atenção o artigo 297º da Desconstituição da Ré Pública Portuguesa, nunca escrito:
1) Nenhum português socialista poderá ser prejudicado por ser um perfeito idiota.
2) Quando se portar como idiota, deverá ser protegido pela imprensa escrita, falada, aventada ou sussurrada.
3) Quando, para além de se portar como um perfeito idiota, for um perfeito idiota, poderá debitar boçalidades sobre as únicas pessoas que permitem que ele viva num país viável em um qualquer blogue, sem que seja apelidado de perfeito idiota,
Francisco Miguel Colaço
O Francisco nunca me desilude! Anda sempre por estas bandas com os seus injustificados delírios de grandeza a insultar as pessoas da forma mais rasteira possível. E agora chegou ao ponto de tratar as nossas leis fundamentais como se fossem uma piada. Simplesmente sublime!
Por favor continue a defender aqueles rezam a todos os santinhos para que uma cambada de traidores apanhem o poder, subvertam a nossa democracia e destruam a soberania de Portugal!
E não se esqueça de, no meio da sua defesa de apologistas de traidores, mandar vir com o Partido Socialista. Lembre-se, os membros do Partido Socialista é que são o verdadeiro perigo para Portugal.
Porque é que o meu cometário não é publicado???
Não me parece adequado o presidente da Iniciativa Liberal estar a fazer estes comentários sobre antigos e atuais dirigentes de um outro partido político (o PSD).
Em minha opinião o Carlos Guimarães Pinto precisa de entender que, enquanto presidente da IL, não lhe é curial exprimir todos os pontos de vista que se dava à liberdade de exprimir enquanto simples observador independente.
ATAV,
Sempre a mesma virgem ofendida. Ofendido e, pelo seu mau sentido de humor, certamente também virgem.
Luís Lavoura,
Não são personagens de um outro partido. São figuras históricas, que efectivamente nos governaram. Falo de Passos Coelho ou de Rui Rio, um primeiro-ministro, e talvez o único digno desse nome desde o 25 de Abril. Outro, ex-presidente de câmara municipal.
O escrutínio é obrigatório por parte de todos. Temos de falar do que está bem e do que esteve mal e bem. É necessário para não repetirmos erros do passado. Pois estamos a recalcitrar contra os aguilhões hoje, seguindo a mesma senda que quase nos levou à miséria — e que foi a seu tempo avertida pelo Passos Coelho, contra toda a pasquineiridade geral.
Francisco Miguel Colaço
Está a ver como eu tinha razão? Mais insultos rasteiros… Desta vez relacionados com a vida sexual da pessoa com quem está a falar. Que enorme falta de classe! E está enganado novamente. Você não dá uma para a caixa! Tal como daquela vez que achava que eu era um produto do ISCTE. Não se cansa de estar enganado? Olhe que andar a constantemente a corrigi-lo é fatigante…
Sabe, tenho que admitir que conseguiu surpreender-me. De si já conhecia as suas insuportáveis peneiras, a tendência de insultar os seus interlocutores, o fanatismo ideológico (tudo o que está mal é culpa dos socialistas/comunistas), a ignorância sobre o funcionamento da economia e o seu desrespeito pelos Direitos Humanos mas nunca pensei que pudesse andar a defender pessoas que desejam que apareçam políticos dispostos a atraiçoar o nosso pais.
Simplesmente inacreditável!
« nunca pensei que pudesse andar a defender pessoas que desejam que apareçam políticos dispostos a atraiçoar o nosso pais.»
Esse é trabalho feito constantemente pelos que cá estão e cá vivem.
Especialmente os do PS e do BE e do PCP.
Também do PSD e do CDS.
Quanto ao PAN, atraiçoa-se a si mesmo com um a beterraba.
Francisco Miguel Colaço
Claro, claro… Eu percebo o que quer fazer: quer dar a entender que, como os políticos dos partidos representados na assembleia são traidores logo não há mal nenhum em defender apologistas de traidores. Como são todos responsáveis, ninguém pode ser responsabilizado… Deixe-se lá de utilizar argumentos falaciosos para tentar sacudir a água do capote.
ATAV,
Mas que “traição” é essa ?!…
Tomar medidas para evitar que o pais entre em bancarrota é traição ?!…
Fernando S
Por traição estou a referir-me ao desejo do utilizador JMS que Portugal fique sob controlo estrangeiro durante mais de uma década para implementar medidas que a maioria da nossa população não quer e sem que qualquer governo devidamente eleito tenha uma palavra a dizer. Qualquer político que ceda a nossa soberania desta maneira está a cometer traição à pátria. E estaria igualmente a atentar contra o estado de direito que também é crime.
ATAV,
Julgo que o que o JMS quiz dizer, é verdade que num modo algo forte e provocador, é que, infelizmente, nós só somos rigorosos nas contas e só fazemos reformas necessárias quando a isso somos obrigados, quer por imposição dos credores quer por fazermos voluntáriamente parte de uma organização supra-nacional europeia que tem regras exigentes.
Digamos que, para além do periodo de emergência financeira entre 2011 e 2014, chamado da “Troika”, já era em parte o que acontecia antes e continua a acontecer agora no quadro da nossa presença na UE e na moeda única (Euro).
Obviamente que, numa perspectiva de soberania democrática, tudo isto só foi e só é possivel no quadro das nossas instituições e com o acordo dos governos normalmente eleitos pelos portugueses.
Antes, durante e depois da “Troika”, nada foi feito contra a vontade dos portugueses, normalmente expressa nos termos da nossa Constituição e através das nossas instituições democráticas.
Pode-se concordar ou discordar mais ou menos com as medidas adoptadas mas, sinceramente, não me parece que exista aqui qualquer traição à pátria …
Antes pelo contrário, independentemente daquelas posições serem mais ou menos acertadas ou erradas, há antes amor pela pátria na procura das melhores soluções para que ela seja viável, próspera e, portanto, soberana !
ATAV,
Aumentar a dívida é diminuir a nossa soberania e a nossa capacidade de acção. Dívida presente é grilheta no futuro. Não foi a Troika quem fez a dívida.
Foram políticos eleitos pela populaça. Sócrates e Guterres à cabeça. Passos Coelho herdou e poderia ter resolvido, mas não resolveu, muito embora a culpa seja primordialmente do Tribunal Desconstrucional e do Jaquim do Pirete à cabeça.
Não me verá a demonstrar nenhum respeito pelos nossos desrepresentantes eleitos, aliás, escolhidos ara figurar nos elencos de sicofantas imbecis dos parretidos pelos desrepresentantes que foram eleitos, aliás escolhidos para figurar nas listas de bolobos ignaros por quem quer que seja que os tenha escolhido.
Não lhes reconheço, de modo geral, nem boas intenções nem inteligência. Pelo menos em simultâneo. Do PS, apenas tenho de citar o parágrafo 1 do artigo 299º do Código Penal em vigor e mitigar o problema entre um e cinco anos no futuro.
Fernando S
Nunca disse que o tempo de emergência financeira da troika foi traição à pátria. Esse período estava limitado no tempo ao período de emergência e as medidas acordadas foram sujeitas ao crivo das nossas instituições democráticas como o Governo (que recuou no caso da TSU por exemplo), o Parlamento, a Presidência da República ou o Tribunal Constitucional (que chumbou várias das medidas).
O comentário do JMS não é sobre o período da troika que ocorreu. É o que ele queria que tivesse sido. Eu transcrevo em baixo o comentário dele.
“Por mim, a troica estaria cá 10 ou 15 anos, independentemente do governo. Está mais do que provado que não nos sabemos governar.”
É evidente que ele queria que ficássemos sem soberania para implementar muitas medidas que a maioria da população portuguesa não queria aplicar. Medidas que ele gostaria que fossem aplicadas em Portugal.
Mas o objectivo da intervenção externa era recuperar o acesso aos mercados, não aplicar medidas compatíveis com a ideologia defendida pelo comentador JMS.
Recuperamos o acesso aos mercados e troika desamparou a loja como era suposto.
Se algum politico entregasse a nossa soberania a estrageiros nos termos que o JMS postou estaria efectivamente a cometer traição à pátria. E a atentar contra o estado de direito.
E não estou a defender o que a troika fez. Há muitos erros a apontar nessas intervenções. Por algum motivo o Junker quando foi eleito presidente da Comissão disse que a Europa atentou contra a dignidade dos povos dos países do sul…
Francisco Miguel Colaço
A dívida pública não é uma grilheta. É um instrumento económico que os estados têm à sua disposição. Pode ser utilizada para fazer muitas coisas diferentes e só quando se torna demasiado alta é que é um constrangimento.
E o que é um valor demasiado alto? Ninguém sabe ao certo mas varia de país para país. A do Japão já vai em 250% do PIB e até agora não houve problemas.
Tanto quanto sei esse valor depende das acções do banco central desse país, das contas públicas e da balança de pagamentos.
ATAV,
O tripálio não é um instrumento de tortura. É um instrumento de interrogatório e de persuasão que os estados têm à sua disposição. Pode ser utilizado para fazer muitas coisas diferentes e só quando se torna demasiado óbvio é que é um constrangimento.
Tanto quanto sei, a aceitação do tripálio depende de ser utilizado por Castro ou por Pinochet.
Para quem se interessar:
Assim se escolhem os nossos representantes eleitos. Espera-se a mesma destreza intelectual e a mesma capacidade de seguidismo.
Francisco Miguel Colaço
Está cheio de razão! É evidente para qualquer um que construir pontes ou pagar subsídios de desemprego é exatamente igual à tortura! Não há diferenças absolutamente nenhumas entre as duas… Menos demagogia por favor!
P.S. A tortura é outra daquelas coisas que os Direitos Humanos também proíbem. Quando troco impressões consigo já aprendi que tenho que o informar sobre estas coisas. Nunca tenho a certeza se já tem conhecimento ou não…
As pontes podem ser construídas _sem dívida_. Os subsídios de desemprego (à partida imorais, mas divirjo do essencial) devem ser pagos _sem dívida_. À medida das disponibilidades financeiras próprias.
A dívida é um instrumento de tortura futura, um espartilho na hora de pagar o que já se gastou. Por isso utilizei o paralelismo. Que eu esteja a falar com um ATAVIADINHO, incapaz de pensar a não ser literalmente, não é minha responsabilidade. Nem do ISCTE, por admissão sua — é de qualquer outra escola, cujos professores eu não gostaria de ter tido.
Espero nunca lhe ter de perguntar se tem horas. Recebia a resposta «sim, tenho».
Francisco Miguel Colaço
O que quer que eu lhe diga? Quem faz comparações estúpidas, merece respostas daquele calibre. Pareceu-me perfeitamente adequado…
Já agora… Considera o subsídio de desemprego imoral??? Santo Deus!
Francisco Miguel Colaço
“Os subsídios de desemprego (à partida imorais, mas divirjo do essencial) devem ser pagos _sem dívida_. À medida das disponibilidades financeiras próprias.”
Durante as recessões, as receitas fiscais descem e a despesa com o subsídio de desemprego sobe logo a divida pública aumenta.
Uma pergunta sobre o que faria se pudesse definir a politica económica a ser seguida… Um pais sem défice e sem superavit nas contas públicas sofre uma recessão grave. O que faz aos desempregados que a recessão cria? Deixa-os à fome?
ATAV,
Tomo boa nota de que a sua referência à “traição” não tem que ver com o que aconteceu em Portugal durante o periodo da Troika mas apenas com o que escreveu em cima o JMS.
Isto reconhecido, continuo a pensar que a afirmação do JMS não é para ser levada taxativamente à letra, é antes uma maneira forte e provocadora (pelos vistos faz efeito sobre si !…) de dizer que, infelizmente, é só quando são obrigados, como foi o caso durante o periodo da “Troika”, que os governos portugueses tomam medidas de rigor nas contas públicas e fazem as reformas que o pais precisa para evitar o descalabro financeiro e ter uma economia competitiva e próspera.
Ou seja, não quero acreditar que o JMS defenda mesmo uma ditadura politica interna ao serviço de uma ou mais potências estrangeiras, nacionais ou supra-nacionais, para implementar aquelas medidas e reformas.
Se fosse porventura o caso, tal como o ATAV, eu também repudiaria qualquer via anti-democrática e imposta pelo estrangeiro para a implementação daquelas ou de quaisquer outras medidas.
Mas, embora demarcando-me do modo excessivo e provocador que ele adoptou, já concordo com o JMS quanto à necessidade dessas medidas e reformas, para além do que foi feito durante o periodo da “Troika” e durante mais tempo.
Pelos vistos, o ATAV, para além de levar o JMS à letra e de o acusar de traição à pátria, não só discorda completamente dessa necessidade como nem sequer reconhece que as medidas aplicadas no periodo da Troika, embora admitindo que eram legitimas, fossem verdadeiramente necessárias, pelo menos no modo e na dimensão que tiveram efectivamente.
Está perfeitamente no seu direito mas aqui estamos claramente em campos opostos.
Já agora, aproveito para acrescentar que, embora de forma inadequada e insuficiente, o próprio governo socialista apoiado na “geringonça”, dando o dito por não dito e apesar das aparências enganadoras, acabou por também ir para além do que foi feito durante o periodo da “Troika” ao prosseguir com o essencial da austeridade (por exemplo, até cortou ainda mais o investimento público) e ao não reverter completamente algumas das reformas então feitas (por exemplo, na legislação laboral).
Tanto é assim que alguns criticos mais à esquerda até acusam o governo socialista de, na senda da direita, também ter cedido às pressões da UE, do BCE e do FMI (da “Troika”, no fim de contas). Será “traição à pátria” ?!…
Fernando S
Apenas uma correcção. Eu não considero o JMS um traidor à pátria. Acho que o JMS apoiaria traidores desde que concordasse com o programa politico deles.
E também não considero o que o PS tem vindo a fazer como traição. Para todos os efeitos são o governo legítimo de Portugal porque têm o suporte da Assembleia e as medidas são aprovadas pela própria Assembleia. Se o Bloco e o PCP não gostam então que deixem de apoiar o governo. É tão simples como isso.
Sem contar que, caso o eleitorado não goste, pode sempre votar noutros partidos nas próximas eleições. Coisa que não seria possível caso o JMS levasse a sua avante!
ATAV,
Sinceramente, não vejo que “traidores” e que programa politico o JMS poderia concretamente apoiar …
Mas é verdade que, tirando o comentário acima em questão, não conheço o suficiente do que são as ideias politicas do JMS, nomeadamente no que se refere à questão da democracia, para estar aqui a excluir categóricamente que ele não defende soluções politicas ditatoriais e ao serviço de hipotéticos interesses nacionais estrangeiros.
Já aqui parti diversas lanças a favor do JMS, eventualmente até sem fundamento … 🙂 …, pelo que caberia agora a ele, se viesse a ler o que aqui se disse (o que é pouco provável) e se assim o entendesse (o que seria muito provável), dizer de sua justiça !
O JMS tem as suas ideias politicas para o pais, como tem o ATAV e como tenho eu … Discordar é legitimo e salutar mas é bom não excomungar as outras opiniões, mesmo que muito diferentes.
Não estou a dizer que seja o seu caso (espero que não) mas é sabido que certas pessoas têm a tentação fácil de apelidar de “traição à pátria” ideias e programas politicos com os quais não concordam. As áreas mais extremistas e potencialmente autoritárias, à direita e à esquerda, são useiras e vezeiras neste tipo de discursos e acusações. A história mostra que muitas vezes se começa por acusar de “traição à pátria” os adversários politicos e se acaba na ditadura ou mesmo na guerra civil.
Embora sendo, numa perspectiva mais liberal e conservadora, um critico de muito do que o PS tem vindo a fazer e a não fazer, obviamente que concordo plenamente consigo quando diz que não é uma “traição”, pelas razões que muito bem explica.
Correcção : “… para estar aqui a excluir categóricamente que ele defende soluções politicas ditatoriais …” ou “para estar aqui a assegurar categóricamente que ele não defende soluções politicas ditatoriais …”
Fernando S
Discordo de si na questão de excomungar opiniões diferentes. Tenho tolerância zero para conversas sobre “é preciso alguém forte ou de fora para por ordem nesta casa” ou a apelar a violações dos direitos humanos ( ex: é preciso nacionalizar a propriedade dos ricos ou não faz mal nenhum pagar salários diferentes a trabalhadores com as mesmas funções).
Aceitar é normalizar e normalizar é o primeiro passo para que hajam abusos. A carreira politica do Hitler não começou com a construção dos campos de concentração… Começou a mandar vir com os judeus.
Diga-se no entanto que reconheço que a pessoa tem o direito de dizer as barbaridades que entender. Mas também tenho o direito de lhe cair em cima por causa disso.
P.S. A Manuela Ferreira Leite perdeu o meu voto com aquela converseta sobre suspender a democracia uns meses para reformar o país. E se ela decidir candidatar-se a algum cargo público prometo estar lá para dizer a todos os que me ouvirem que ela não passa de um Salazar de saias.
ATAV,
Quando diz que “a pessoa tem o direito de dizer as barbaridades que entender”, se está a ser sincero, está a excluir que essa pessoa seja censurada, perseguida, presa, torturada ou morta por isso. Não é própriamente “tolerância zero” nem está a “excomungá-la” da cidadania. A não ser que o “cair-lhe em cima” não seja apenas a discussão de ideias mas antes a negação daquele direito !…
Hitler e o nazismo, bem como Staline e o comunismo, entre outros, são também bons exemplos de totalitarismos que começaram, continuaram e acabaram a acusar meio mundo de traição à pátria, ao povo, ao partido, e ao que mais se lembrassem.
Manuela Ferreira Leite disse exactamente : “”Não sei se, a certa altura, não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois, então, venha a democracia”. Mesmo tendo em conta o contexto em que o disse, a propósito da dificuldade em fazer reformas profundas em democracia, disse uma verdadeira barbaridade. Na altura, muitos dentro do seu próprio partido,o PSD, rejeitaram e criticaram essas afirmações. Até porque eram completamente estranhas à cultura democrática e liberal dominante naquela área politica. Não penso sequer que MFL pensasse a sério em algo do género. Foi uma parvoisse, uma frase infeliz, muito ao seu género convencido, arrogante e deliberadamente provocador. MFL nunca teve a minha simpatia e adesão. Não me esqueço que foi também ela que, por exemplo, em várias ocasiões, se demarcou fortemente do liberalismo defendido por outros dentro do seu partido e que foi ainda ela uma das figuras de realce do PSD que mais “fogo amigo” disparou sobre o governo de Passos Coelho nos momentos mais dificeis do periodo da Troika. Felizmente, uma Manuela Ferreira Leite não faz nem representa a generalidade de um partido como o PSD.
Mas, já que trouxe este caso para a discussão sobre a democracia, devo agora fazer notar que há muito pior : existem outros personagens e partidos importantes do espectro politico português que nunca renegaram ideologias e programas politicos que, esses sim, dizendo-se revolucionários, defendem e praticam o fim da democracia politica (um fim definitivo e não apenas uma suspensão por 6 meses).
ATAV,
O que a Manuela Ferreira Leite sugeriu era a prática na República Romana, aquela que até inspira as democracias moderna. É a origem do termo _ditadura_. Assim se falou na ditadura de Crasso, por exemplo. Aqueles que não conhecem a história têm graves problemas a entender o presente.
Fernando S,
A Troika não obrigou a nada. Apenas disse: _se querem carcanhol emprestado, façam o favor de fazer isto e aquilo, pois quero ter esperança de o receber de volta._
Nós é que estávamos na posição de pedintes, suplicantes e de joelhos. Por causa do tripálio, aliás, da dívida pública, instrumento de suplício que nos coloca em posição de termos de fazer o que não gostamos.
Por causa dos verdadeiros traidores à pátria, a agremiação de criminosos chamada Partido Socialista. Quando o PSD governou, a dívida externa líquida desceu, excepto no consulado Passos Coelho, o qual, pesando todas as dificuldades, abrandou severamente a inércia de subida. O PS é responsável por mais de 100% da dívida que temos — sendo que ela desceu.com Cavaco Silva e com Durão Barroso.
Ah. No consulado Santana Flopes andívida também subiu. Esse tipo é tão liberal como as Mortéguas.
Fernando S
Quando digo cair em cima refiro-me a repudiar completamente a opinião da pessoa da forma mais pública possível como fiz com o utilizador JMS. Passo a vida a dizer isto por aqui, mas repito novamente: para mim os Direitos Humanos são para serem cumpridos! Ponto final.
Francisco Miguel Colaço
A ditadura de Crasso? Qual Crasso? Aquele que formou o primeiro triunvirato e que quando morreu, Júlio César aproveitou para se tornar ditador vitalício? O mesmo Crasso cuja ascensão politica foi feita sob Sula, outro que se proclamou ditador vitalício após uma guerra civil e é considerado um dos principais coveiros da República Romana?
Olhe que a tendência de se depositar o poder em homens-fortes contribuiu para transformar a República Romana numa ditadura.
Fica aqui confirmado que o Francisco não tem problemas nenhuns com as tendência autocráticas de alguns políticos cá do burgo. Só tem problemas se forem de esquerda! Com os de direita já não há problema! Depois venha para aqui com discursos recheados com palavras bonitas como “liberdade” ou “democracia”!!!
Ah…! Já me ia esquecendo… A inspiração das democracias modernas vem da Grécia Antiga não de Roma. Não sabia a palavra democracia derivava do grego e não do Latim?
ATAV,
Eu até não discordo do que diz aqui em cima sobre a divida pública, a Troika, o PS, o PSD… A divida subiu durante o governo de Passos Coelho porque não podia ser de outro modo tendo em conta a situação económica e financeira herdada do governo PS de José Sócrates. E foi o governo de Passos Coelho que tomou as medidas exigidas pelos credores e que permitiram que o pais saisse da emergência financeira e da recessão económica.
Eu só não gosto é dessa sua tendência para ver “traidores à pátria” e “criminosos” naqueles que têm ideias ou levam a cabo politicas com as quais não concorda e que considera nefastas. No que se refere em particular às politicas ditas da Troika por um lado e às do Partido Socialista pelo outro, julgava que tinhamos concordado em cima que se trata acima de tudo de divergências sobre a politica e não de matéria de “traição à pátria” ou “criminalidade”. Até podem existir criminosos a diferentes niveis no seio daqueles que defendem e levam a cabo estas politicas mas isso é matéria de justiça que não deve esconder o essencial, isto é, que existem diferentes opções politicas em campo e em confronto sobre o melhor modo de governar o pais. Como já disse acima, essa linguagem extrema, que vê quem diverge de nós mais como inimigos a eliminar por todos os meios do que como adversários a combater politicamente, pode levar a uma excessiva radicalização da luta politica e, em consequência, a uma degradação da necessária e desejável convivência democrática. Como julguei perceber que o ATAV, tal como eu, se preocupa com a democracidade das decisões politicas, sejam elas quais forem, fico algo perplexo com esta sua agressividade “ad hominem” para com aqueles com quem não concorda politicamente. Mas pode ser que eu esteja a ver mal e que o ATAV me possa esclarecer melhor sobre a sua visão destas coisas !…
ATAV,
Só depois de colocar este meu comentário é que vi a sua explicação sobre o que entende por “cair em cima”.
O que diz parece-me ir no bom sentido e deixa-me mais descansado.
Dito isto, é bom ter presente que a expressão “Direitos Humanos” não é consensual e pode ser interpretada de muitas maneiras diferentes. Na minha opinião há mesmo quem a utilize para melhor justificar verdadeiros atentados aos direitos individuais.
ATAV,
Veja lá que eu até de bom grado lutaria para que o ATAV mantivesse a sua liberdade, mesmo sabendo que outras pessoas do seu campo — que de bom grado distingo de si — usariam essa liberdade para me oprimir.
Fernando S
“Dito isto, é bom ter presente que a expressão “Direitos Humanos” não é consensual e pode ser interpretada de muitas maneiras diferentes. Na minha opinião há mesmo quem a utilize para melhor justificar verdadeiros atentados aos direitos individuais.”
Não percebi… Os Direitos Humanos não são consensuais?! E como é que são utilizados como forma de atentar os direitos individuais? Eles são por definição os direitos individuais!
As únicas pessoas que eu conheço que discordam deles ou que acham que estão sujeitos a interpretações defendem regimes ditatoriais.
Francisco Miguel Colaço
Votei no PSD nas últimas legislativas. Temi o pior quando o PS envolveu o Bloco e o PCP na governação e agora, mesmo no final da legislatura, continuo apreensivo. Diga-me lá qual é o meu “campo”?
ATAV,
Claro que os “direitos individuais” são uma dimensão importante, para mim a fundamental, dos “Direitos Humanos”. Mas também há quem fale de direitos que são “colectivos”, relativos a grupos e categorias de individuos.
Mas acontece que toda a gente, de esquerda como de direita, dos centros e dos extremos, diz que é a favor dos “Direitos Humanos”.
Os únicos que assumem explicitamente estarem-se nas tintas para os “Direitos Humanos” são talvez os adeptos do Estado Islâmico … mas por vezes também procuram justificar os seus actos terroristas em nome de atentados que o Ocidente cometeria contra os “direitos” dos muçulmanos !
Cada um mete o que quer nessa expressão.
Mesmo aqueles que, extremistas de esquerda ou de direita, defendem regimes ditatoriais.
Por exemplo, Maduro na Venezuela ou Duterte nas Filipinas também falam de “Direitos Humanos”.
Os comunistas de todas as matizes fartam-se de invocar os “Direitos Humanos” mas sempre foram e ainda são hoje daqueles que menos os respeitam,
De resto, mesmo sendo nós os dois de um mesmo campo politico, se o percebi bem, o mais provável é não termos exactamente a mesma ideia sobre o que são os “Direitos Humanos”, nomeadamente quando se trata de ir para além de proclamações genéricas para discutir e tomar posição sobre situações muito concretas e precisas.
Fernando S
Nós não somos do mesmo campo politico. Sabe porquê? Porque estou arrependido pelo meu voto no PSD em 2015 tal como estou arrependido de ter votado no Sócrates em 2005.
E está enganado quanto ao desprezo pelos Direitos Humanos ser específico dos fundamentalistas islâmicos. O Alexandre Frota ( do partido do Bolsonaro) disse taxativamente que não queria saber deles e o Bolsonaro disse que a ditadura brasileira devia ter morto mais gente e que era favorável à tortura. E não me venha dizer que isto são meros excessos de retórica!
E mesmo aqui no Insurgente quem por aqui anda também não quer saber deles. Afinal o pessoal por aqui acha que um empresário pode pagar menos a uma mulher se assim entender visto que a empresa é dele. Sabe qual é a justificação que dão? Que o mercado vai corrigir esta injustiça eventualmente ou que a mulher pode mudar de emprego se achar que está a ser injustiçada! Como se o mercado fosse perfeito e como se houvessem empregos ao virar da esquina para toda a gente! Francamente…
Para mim isto é uma violação grosseira dos Direitos Humanos e um empresário que faça isto merece ser punido!
ATAV,
Tem razão, foi precipitação e engano meu : efectivamente não somos do mesmo campo politico !
Em questões laborais e outras de natureza económica, sou claramente por uma economia de mercado com mais liberdade individual e menos intervencionismo do Estado, o oposto daquilo que o ATAV objectivamente defende aqui em cima. Se o Estado passa a interferir directamente na fixação de salários ao nivel de cada empresa e de cada trabalhador então não se está muito longe de um socialismo estatalista (os sociais-democratas “históricos” nunca defenderam algo do género).
Quanto às declarações de Bolsonaro e de alguns dos seus apoiantes sobre a ditadura e os direitos humanos, algumas delas de há muitos anos atrás, até prova em contrário são exactamente isso : lamentáveis excessos de linguagem que devem ser apreciados no contexto de um longo confronto politico e ideológico acentuado entre uma direita mais conservadora e uma esquerda mais marxizante. Em matéria de direitos humanos na América do Sul é muito mais preocupante, por exemplo, a manutenção efectiva desde há décadas de um regime comunista puro e duro em Cuba e aquilo que tem vindo desde há anos a ser a prática corrente do regime neo-comunista de Chavez e Maduro na Venezuela.
Fernando S
Está enganado. Os sociais-democratas não se opõem a alguma intervenção estatal na definição de salários nomeadamente no salário mínimo ou nos contratos colectivos de trabalho. Mas subscrevem o salario igual para trabalho igual e os restantes direitos humanos. É por isso que temos visto ultimamente as democracias tomares várias medidas para acabar com o “pay gap” entre homens e mulheres. Coisa que não parece preocupar muito “os insurgentes”!
E neste grupo está incluído o Ricardo Arroja, o candidato a eurodeputado pela Iniciativa Liberal, que parece estar mais preocupado com os impostos que a Europa está a tentar cobrar às tecnológicas e a manter o regime actual de offshores (ele chama-lhe concorrência fiscal) do que corrigir estas injustiças básicas. Enfim! Prioridades…
Já agora, deixe-me dizer-lhe uma coisa. O Chavez quando foi a eleições e foi eleito não começou imediatamente a degradar as instituições democráticas da Venezuela. Começou com uma retórica semelhante à do Bolsonaro. Os alvos é que eram outros! Mas o Fernando parece achar que isso não preocupante… São apenas meros excessos de linguagem…
Mas tenho a certeza que quando aparecer um populista de esquerda a mandar vir com os empresários e as elites dos negócios o Fernando já vai achar preocupante! Tal com os outros “insurgentes” todos!