Em 2010, 2011 e 2012, Louçã dizia que a “privatização pode ditar morte dos Estaleiros de Viana” e que significaria «um desastre económico inadmissível». Nada disto aconteceu e este senhor continua a pregar a sua lenga-lenga (sendo que agora até tem mais poder como se sabe).

O que aconteceu? Bem, estamos em 2019, e até o líder da maioria de esquerda António Costa diz “estar profundamente grato à WestSea, que considerou ser uma referência da indústria naval”. Diz Costa que os Estaleiros de Viana são um exemplo de renovação da indústria naval.

A privatização funciona nalguns casos e noutros não. Os Estaleiros de Viana parecem ter melhorado com a privatização. A Cimpor e a PT são apontadas como exemplo de processos de privatização que destruíram valor em vez de o acrescentar.
É impressionante lembrarmo-nos do que se passou na altura! Lembrarmo-nos do Costa e dos seus apaniguados a rasgarem as vestes contra a privatizaçao de uns estaleiros falidos! Lembrarmo-nos do Presidente da Camara histerico a vociferar contra o crime! Vê-los agora de smoking a darem loas à Martifer é desfacatez a mais! É gozarem com a nossa memoria e mais que isso com a nossa inteligência! O despudor desta malta não tem limites mesmo!
P.S. eu gostava de ver o ex Ministro Aguiar Branco e o Paulo Portas que tão vilipendiados com este caso foram, a pronunciarem-se! Estranhamente que eu tenha visto não o fizeram!Muito estranhamente ou talvez não…
ATAV : “A privatização funciona nalguns casos e noutros não. Os Estaleiros de Viana parecem ter melhorado com a privatização. A Cimpor e a PT são apontadas como exemplo de processos de privatização que destruíram valor em vez de o acrescentar.”
Uma empresa contribui forçosamente mais para a criação de valor quando é privada do que quando é pública.
Porquê ?
Porque a concorrência no mercado obriga a ganhos de produtividade e eficiência enquanto que a protecção do Estado é geradora de desperdicios e ineficências.
A questão do valor deve ser vista ao nivel global da economia, em termos da utilização dos recursos mais adaptada às necessidades do mercado e com maior produtividade.
Por exemplo, a destruição de valor numa determinada empresa privada, por via de um down sizing ou mesmo de uma falência, corresponde a uma libertação de recursos que estavam a ser mal aplicados para outras empresas ou sectores de actividade onde podem ser mais úteis e produtivos. No final, o valor criado acaba por ser maior do que o valor destruido.
Em contrapartida, as empresas públicas, precisamente por poderem ser geridas sem a pressão e a exigência do mercado, tendem a rigidificar ou mesmo a bloquear este processo virtuoso de alocação de recursos e de criação/destruição de valor.
FERNADO S
“a destruição de valor numa determinada empresa privada, por via de um down sizing ou mesmo de uma falência, corresponde a uma libertação de recursos que estavam a ser mal aplicados para outras empresas ou sectores de actividade onde podem ser mais úteis e produtivos.”
Claro que sim! Despedir um monte de pessoas e descapitalizar empresas até à sua destruição para saciar a ganância de gestores incompetentes e acionistas de vistas curtas é criar valor…
O Fernando está a presumir que uma empresa pública ou que tenha o Estado como acionista é por definição uma empresa zombie. Isso simplesmente não é verdade.
ATAV,
Uma empresa privada mal gerida não sobrevive tal e qual por muito tempo, vai à falência ou é vendida. Deste modo, os recursos humanos e materiais assim mal utilizados ficam disponiveis para serem melhor utilizados noutros projectos empresariais, no mesmo ou noutros sectores. O mesmo não acontece com empresas públicas ou empresas privadas subvencionadas e protegidas pelo Estado que podem prolongar por muito tempo a má gestão e o desperdicio de recursos produtivos.
Dito isto, a principal razão para a reestruturação de empresas privadas é a própria evolução do mercado, das condições de actividade. Por exemplo, se a procura do produto da empresa diminui, é desejável que a empresa possa reduzir a sua dimensão ou mesmo, no limite, fechar as portas. Não o fazer seria manter recursos excedentários na produção de bens ou serviços que não são procurados pelos consumidores em vez de serem utilizados algures e de outro modo na produção de bens e serviços mais procurados.
Efectivamente, não há nenhuma razão económica para que a produção de bens e serviços que pode ser feita pelo sector privado seja feita por empresas públicas. Por um lado, o Estado tem outras missões, regalianas, que só ele deve e pode desempenhar, e nas quais deve concentrar as suas capacidades e recursos. Por outro lado, o accionista Estado, que funciona com o dinheiro dos contribuintes, é demasiado grande, burocrático e impessoal para poder administrar e gerir uma empresa com o conhecimento e a motivação interessada que têm em geral os accionistas privados, que arriscam o seu próprio dinheiro. Uma empresa pública até pode ser pontualmente e temporáriamente bem gerida, mas é uma excepção e uma diversão relativamente ao que deve ser o papel do Estado. O papel do Estado não é fazer aquilo que os seus cidadãos, que é o que são os “privados”, querem fazer e podem fazer, pelo menos tão bem e quase sempre melhor do que o Estado.