O ex-ministro Pedro Marques, cabeça de lista do PS nas Europeias, publicou no Sábado um post no Twitter em que acusa Paulo Rangel de “não fazer o trabalho no Parlamento Europeu”. Concretamente, afirma que o que se “conhece do seu trabalho é um relatório legislativo e um relatório não legislativo” e que Paulo Rangel “está num brilhante lugar 597 entre os mais de 760 (sic) deputados”. Antes, já tinha afirmado exactamente o mesmo ao Jornal de Notícias.
Perante esta acusação, fui procurar informação. O que encontrei foi o seguinte:
1) Existe, realmente, um ranking que avalia os Eurodeputados pela sua actividade no PE. O score global é calculado a partir de um algoritmo que tem em conta diversos items (written questions, motions, reports, etc.).
2) Ora, Rangel está de facto na posição 597 no item “reports”.
3) Todavia, o score global de Rangel, que engloba toda a actividade relevante desenvolvida, coloca-o na posição 150.
4) Rangel fica assim bem à frente, por exemplo, de Pedro Silva Pereira, o nº 3 da lista de Pedro Marques às Europeias, que não foi além do lugar 298.
5) Mais, se consideramos o score global da totalidade dos Eurodeputados portugueses, Rangel está em 6º lugar, à frente do melhor socialista (Maria João Rodrigues) que ocupa o 8º lugar.
Temos, portanto, que a acusação de Pedro Marques é completamente falsa e revela uma forma de fazer política que só não é surpresa porque conhecemos o seu percurso ao lado de Sócrates (mais um dos que não viram) e o seu trabalho enquanto foi ministro de Costa.
Notas adicionais:
a) A meio da tarde de Sábado, Pedro Marques apagou o post original. Poderá tê-lo feito porque referia erradamente um número de deputados do PE superior a 760 (na verdade são 751) e ficaria mal não conhecer regras básicas da Instituição a que se candidata; para apagar alguns comentários menos abonatórios que entretanto o post tinha merecido; para quebrar os links de retweets que entretanto algumas pessoas tinham feito (foi o meu caso, num post em que expunha o que escrevi acima). Ou então para assegurar todas estas finalidades. Em todo o caso, passados uns minutos publicou novo post em que faz a mesma afirmação, mas com o número de Eurodeputados corrigido. Uma tristeza, em qualquer circunstância.
b) Os dados que refiro estão integralmente disponíveis aqui: http://www.mepranking.eu/
c) A propósito desta questão, o ECO fez uma análise detalhada sobre a afirmação de Pedro Marques.
d) Em artigo publicado hoje também no ECO, Joaquim Miranda Sarmento traça um retrato demolidor do percurso de Pedro Marques.
“Pedro Marques fazia parte de um núcleo que alimentava o blogue de Miguel Abrantes, personagem criada por António Peixoto. João Galamba e o comentador Pedro Adão e Silva eram outros dos interlocutores”
(Sábado)
Esta malta governa e faz opinião em programas televisivos onde são pagos. E depois aparecem os amigos a pronunciar-se sobre “fake news”! Isto nem em Angola! Aliás, isto nem no saneamento básico!
Estes são os tipos que depois aparecem na TV a dizer que a oposição não faz outra coisa senão dizer mal do governo. Começa-me a parecer que já sei de onde vinha o planeamento dos discursos que o 44 fazia quando no papel de coitadinho agredido, tais são as semelhanças no estilo, no tem de voz e até no esbracejar do Costa Concordia. O discurso é praticamente igual, em modo Hillary Clinton.
E já agora, gostava de saber onde é que estão contabilizados os custos dos noticiados 700 + 180 autocarros para Lisboa e Porto a mais de 300.000 a peça (Lisboa) e 197.000 (Porto, incluindo os que não passam debaixo de viadutos porque se esqueceram das medidas) neste plano de transportes que só custaria 80 milhões, ou se são dois investimentos separados e autónomos que se somam ao existente, e como é que empresas que vão vender bilhetes muito mais baratos e com histórico de problemas crónicos de sustentabilidade vão resolver os problemas. Gostava de ver as folhas de Excel com os cálculos detalhados. De certeza absoluta que nenhum governo nem nenhum ministro avançam com uma coisa destas com cálculos feitos em cima do joelho. De certeza que há um dossier com tudo no ministério das finanças, que aliás já deveria ter sido pedido pela oposição.
E gostava de saber, do total para este ano, qual é exatamente o valor que estará PAGO à data das eleições, não vá dar-se o caso de se repetirem casos como o dos magníficos apoios às autarquias para a floresta que no fim acabam em apenas 8 delas.
Qual é a surpresa?
Uma aberração democrática no topo da europa parlamentar.
Alguém diga ao PS que pode começar o combate às fake news pelo seu cabeça de lista às europeias!
Um verme será sempre um verme.
Quanto menos os deputados fizerem melhor.