Portugal tem a infeliz particularidade que mesmo os partidos de direita são de esquerda. Ainda assim, os partidos da direita têm relutância e receio em se afirmarem de direita (e fogem como o diabo da cruz de serem rotulados como liberais – uma palavra que de acordo com a intelligentsia portuguesa parece ser um insulto da pior espécie).
Assim, é com muito agrado que assisto ao percurso do partido Iniciativa Liberal – um partido assumidamente liberal, sem receios e sem complexos; assim como ao percurso do Partido Libertário que ainda se encontra em fase de constituição.
Nesta linha, saúdo também a criação do movimento 5.7 (nome alusivo à data de formação da Aliança Democrática) liderado pelo Miguel Morgado, sendo um movimento que reúne elementos do PSD, CDS, Iniciativa Liberal, Aliança e da sociedade civil com o objectivo de refundar e reconstruir a direita em Portugal, sem alinhar no discurso do politicamente correcto e assumindo-se frontalmente como “não socialista“.
Os leitores poderão encontrar o manifesto do movimento 5.7 (de onde o excerto abaixo é retirado) aqui e podem fazer o dowload em PDF clicando aqui. Também podem aderir ao movimento 5.7 clicando aqui.
A direita atravessa hoje uma crise política e cultural que é evidente para todos. O perigo que a espreita não é menor do que a oportunidade que abre – refundar-se e reconstruir-se para depois se federar. Este é o momento para iniciar essa tarefa.
Não é possível, por isso, ignorar a crise actual; cumpre antes renovar energias hoje envelhecidas. A direita não é e não será uniforme. Não é homogénea, declina-se na diversidade e recusa o pensamento domesticado por ostracismos ou hegemonias culturais. Daí que o nosso apelo exija uma ousadia, uma imaginação política sem precedentes e uma nova forma de pensar – uma forma de pensamento crítica, corajosa e criativa, que não se subordine aos lugares comuns do pensamento único, que hoje fazem da direita um refém cultural da esquerda.
É urgente romper com a tutela cultural da esquerda, com a agenda que nos é imposta e com a linguagem que nos é ditada. É urgente reafirmarmo-nos sem pedir licença aos guardiões das novas ortodoxias. É urgente propor o País que ambicionamos sem cinzentismos acomodados, nem moralismos rígidos. Já chega de fórmulas vazias como a “convergência com a Europa”. Basta de apelos repisados a “pactos de regime”. Dispensamos todos e quaisquer alibis.
Este é o momento de se fazerem ouvir vozes originais e jovens – com inteligência, arrojo e alegria. Queremos iniciar uma discussão intensa e frutuosa entre todas as direitas democráticas. Mas sabemos de onde partimos.
Faz-me repensar, porque já tinha apontado o meu voto ao RIR do Tino de Rans.
Incrível que num país onde o Partido Socialista é responsável pela bancarrota do país, quer por corrupção quer por gestão danosa, é a direita que em apenas dois ciclos eleitorais acaba em crise existencial e a ter que se reconstruir.
Onde arranjar o autocolante “Não Sou Socialista” ?
Há uma coisa que eu não entendo. A Iniciativa Liberal diz não ser de esquerda nem de direita. Mas o seu presidente (não um simpatizante ou militante anónimo qualquer) coloca-se na linha da frente de um movimento que se declara frontalmente de direita. A mim parece-me mal: ou a IL é mesmo de direita, ou o seu presidente é um irresponsável que anda a meter o nome do partido onde não deve.