Alberto Gonçalves escreve em As Direitas a que Portugal tem direito algo com o qual concordo profundamente:
Em centenas de crónicas, milhares de conversas e milhões de pensamentos (é verdade, penso imenso), julgo que nunca por uma vez me afirmei de direita. Sobretudo porque não sei bem o que a direita é. Definir a esquerda é fácil: vai da moderada, que saqueia os cidadãos para financiar clientelas, destrói quem resistir ao saque e no médio prazo arrasa a economia, à radical, que saqueia os cidadãos para financiar clientelas, destrói quem discordar do saque e no curto prazo arrasa a economia. Para compor o ramalhete, a esquerda acrescenta umas palavras meiguinhas, simpáticas e falsas como Judas.
A direita é uma confusão. Há a direita que se confunde com a esquerda moderada. Há a direita que se confunde com a esquerda radical. Há a direita que combate ambas pelos melhores motivos. Há a direita que combate ambas por motivos duvidosos. Há a direita que só é direita porque se diz direita. Há a direita que só é direita porque a dizem direita. Há a direita que teima não ser direita. Há a direita liberal-conservadora. Há a direita conservadora que não é liberal. Há a direita liberal que não é conservadora. Há direita nacionalista. Há a direita “europeísta”. Há a direita “mundialista”. Há a direita autoritária. Há a direita moderna. Há, em suma, balbúrdia bastante para que unicamente os esquizofrénicos se sintam, assim sem mais, de direita. (…)
Entretanto fala dos partidos Iniciativa Liberal, Aliança e PNR e também de três movimentos que querem ser partido.
Estes são partidos de direita? Não importa, visto que em Portugal a direita se define por ser tudo aquilo de que a esquerda não gosta. Por mim, defino-me por não gostar de tudo aquilo o que a esquerda é. Quanto à direita, tem dias. E tem direitas.
Sim, este é o drama de Portugal. Tão brainwashed, tão traumatizado e “Estocolmo sindronizado” pelo 25 de Abril, que mesmo aqueles que intrinsecamente serão direita, aqueles cuja predestinação genética será ser de direita, ou seja cuja preferência neurológica seja por pathways neuronais que levam as pessoa a ver o mundo à direita, em Portugal sentem-se completamente confusos e desenraizados… esquerda em Portugal ganhou quando ganhou a linguagem. Quem não é senhor da sua linguagem não é senhor do seu pensamento. Não admira em Portugal nem um VOX consiga sequer ser esboço.
Olympus Mons,
«Quem não é senhor da sua linguagem não é senhor do seu pensamento.»
Sintetiza tudo o que penso.
Ganhemos-lhes na linguagem.
Não há esquerda: há neo-totalitários. Não há responsabilidade social: há chupanço. Não há vítimas do hetetopatriarcado (seja o que isso for): há falhados ou incapazes.
Podemos ganhar-lhes no próprio jogo. Somos mais inteligentes do que eles. Até sabemos fazer contas. Ou programar computadores. Ou projectar máquinas industriais.