Para quem diz que o Observador é um jornal de direita (lol), aqui fica mais um daqueles artigos que provam o contrário.
No 116º Congresso dos EUA, Alexandria Ocasio Cortez é o elemento mais imaturo e inexperiente de toda a assembleia: não só é jovem, como nunca foi responsável por nada na sua curta vida profissional.
A sua infância foi passada em Yorktown Heights, um subúrbio a 70km de Nova Iorque – apesar de ela se afirmar do Bronx. O Observador mente ao escrever “Alexandria, que cresceu nos subúrbios que hoje representa em Washington DC”.
Nessa infância, Alexandria viveu numa casa que mais tarde a família vendeu por $355.000 e andou numa escola de elite, a Yorktown High School. Um bairro 90% branco e onde o rendimento médio por família é de $141.254 – quase o triplo do NY14 ($58.331). O Observador não providencia o necessário contexto quando escreve “Desde as primeiras declarações públicas que se descreve como membro da classe trabalhadora.”. Sobretudo quando ela teve de corrigir a sua biografia por causa deste tema.
A morte do pai deixa a família em apuros financeiros: sem seguro de vida (na América, uma necessidade – mas planear o futuro não é o forte desta família, como veremos). Alexandria trabalha então como bartender, a única experiência profissional que tem e que leva para o Congresso Americano (e dança). Para entrar no Congresso, tem uma vitória “forte”. Disse Bernie Sanders em Junho de 2018, papagueou o Observador. Bem, NY14 tem 691.715 habitantes. Em Junho, AOC teve 16.898 votos contra 12.880 do incumbente. Foi bem jogado da parte dela, mas não, não foi uma vitória “forte”. Foi apenas um bom exemplo de “Primaring“, ou seja, de um extremista escolher bem um assento que o seu partido ganha nas calmas (NY14: 83% em 2016) e apostar tudo numa mobilização forte dos seus amigos extremistas nas primárias.
O campanha foi, segundo a Wikipedia e o Observador, feita a partir de uma taqueria. Ambos citam a mesma entrevista à Bon Appétit (eu também, já agora). O Mauro Gonçalves coloca a proposta de “garantia de emprego” entre aspas, mas o “seguro de saúde para todos” ele acredita ser exequível e portanto não tem o mesmo tratamento. A administração Obama não conseguiu atribuir seguro de saúde a todos, mas vai ser esta jovem servente a consegui-lo. O Observador tem um believer.
O incumbente gastou $4.331.649 na campanha (e não 3 milhões) e, segundo o NYT, “despite two decades in Congress, had never run in a competitive primary“, ou seja, nunca tinha tido uma primária competitiva. AOC gastou $1.673.699 (já incluindo a campanha pós-primárias). Já agora, o adversário republicano gastou $2.500 (!). Em Novembro, a vitória frente ao candidato republicano foi menos expressiva que em 2016: de 82,9% para 78,2%. Tendo sido eleita, revelou não ter dinheiro para a renda em Washington DC – aprendeu com a família a não planear o futuro, mesmo numa situação previsível desde Junho – e foi chorar para os media, o que originou uma novela (extra). Nem o Observador nem a AOC são muito bons com números.
Como o artigo está na secção de Lifestyle (!), o Mauro continua depois com comentários a opções de cosmética e de guarda-roupa da congressista, uma “objectificação” de acordo com o vocabulário de AOC.
Um exemplo de estilo, para ele.
Eu limito-me a incluir uma imagem, sem comentários.
O que fica por falar no artigo?
AOC graduou-se na Universidade de Boston em Relações Internacionais e Economia. Mas acredita que o desemprego é baixo porque todos têm dois empregos. Que devia haver uma “garantia de emprego universal”. Que a habitação é um direito humano”. E que os mais ricos deviam pagar uma taxa de IRS de 70% (e que isso financiaria os programas que ela propõe). Não acredita em equilíbrio orçamental. Acredita que acusações de assédio sexual não acaba com carreiras, mas que as acelera. Acredita também que a polícia de fronteiras e alfândegas (ICE) deve ser “abolida” (extra). Que o controlo fronteiriço é uma violação dos Direitos Humanos (2),(3). Que o colégio eleitoral é um resquício da escravatura nos EUA. Uma democrata que tem gozo em enfurecer os sindicalistas que sempre foram a base do seu partido. Quer que os EUA usem energia 100% renovável em 10 anos (Ben Shapiro responde). Acredita que estar logicamente e semanticamente correcto é menos importante que estar “moralmente correcto” (ver exemplo anterior). E que se nada for feito pelo ambiente, o mundo vai acabar em 12 anos. lol.
Mauro Gonçalves do Observador acha que os “vestidos e blazers que lhe assentam na perfeição” justificam admiração por tal figura. Assim vai o “jornal de direita”.
Fantástico. Na idade média aconteceu o pânico com o fim do mundo que seria na passagem do 1º milénio. Nesses tempos de fervor espiritual e religioso em que a ciência dava os primeiros passos, seria normal acreditar em tais profecias. Agora em pleno seculo XXI temos de lidar de novo com os profetas do fim do mundo. Desde 2000 para cá que a nova religião do fanatismo ambientalista prevê o fim do mundo. O NYT, o The Guardion, o IPPC ( ONU), o vice presidente EUA AL Gore e restantes discípulos já previram ( e fracassaram) que a neve estaria a acabar ( e só nos cinemas poderia ser recordada), que o nível de subida dos mares iria submergir as cidades costeiras em todo o mundo, que o aquecimento global iria aumentar decisivamente as temperaturas do planeta etc…isto tudo em pouco mais que 10 anos. Agora que estamos em 2019 ( 19 anos depois ) e todas essas previsões se mostraram infundadas ( sem base cientifica ) aparece-nos uma nova maluquinha americana a prever o fim do mundo em 12 anos e em vez de ser demitida de funções ainda tem tempo de antena. Maravilhoso mundo moderno .
Esta é um bobo no Congresso: coitada é de um primarismo que tresanda. Pobre EUA onde isto chega ao topo.
O Observador é apenas o isco para um segmento ideológico, que os senhores disto tudo não conseguem controlar: a direita conservadora. A Janela de Overton do jornal vai-se apertando pouco a pouco até que pouco se distinga de um Impúdico ou de um Jornal sem Notícias.
Entretanto têm que fazer os fretes habituais aos donos. Trump mau. Bolsonaro mau. Imigrantes islamitas necessários e bem intencionados. Sanders bom. Hillary estadista. Ocasio-Cortez génio, e, sabe-se lá como!, modelo de beleza. Meninas do Bloco de Esterco simpáticas, mesmo se iludidas. Marinabela paraíso na Terra.
Tempo haverá em que nem a Helena Matos nem o Alberto Gonçalves lá podem escrever. No momento são precisos.
Com espantalhos destes, se não fizer borrada a camarada Kamala Harris limpa a nomeação, e provávelmente a eleição, nas calmas.
(Só de ver os títulos ao longe. É mais higiénico, e se calhar fica-se melhor informado do que lendo os artigos. Cf. a amostra bravamente analisada aqui.)
Que tipo de nome é Insurgente, se sua posição é de auxiliar a manter o status quo? Insurgente contra quem?
Caro Ricardo Campelo de Magalhães.
Se me permite.
Não tenho qualquer interesse pessoal, por isso estou à vontade para escrever o seguinte. Penso não é justo confundir o “Observador” (que é óbvio não ser um jornal “de direita”, antes de valores pluralista, democrático, conservador, liberal e etc.) com a aberração que são alguns colaboradores que por lá escrevem. O Mauro Gonçalves – já devidamente posto no seu devido (…) lugar pelo grande “Patriarca” é um desses exemplos mais infelizes, mas não é o único. Há outros casos, até pelo “pedigree” que supostamente apresentam e responsabilidade inerente, que são bem mais graves. Bem mais graves. É fácil lembrarmo-nos de alguns nomes, por isso nem vale a pena referi-los.
Mas, e apesar de eu simplesmente desprezar gente que tal e respectivas opiniões, compreendo e aceito que o “Observador” os albergue. Se não presenciassemos a estupidez, ignorância, burrice e maldade e fealdade moral no seu estado mais puro, como iriamos tr consciência aquando da presença da inteligência, lucidez, racionalidade, cultura e beleza moral e intelectual?
Para terminar, e quanto à Alexandria Ocasio Cortez. É apenas e só mais uma deficiente mental cadelamunista. São os custos da nossa democracia liberal capitalista do heteropatriarcado branco. Mas a gaja – como qualquer outro animal similar – tem a importância que lhe quisermos dar.
Nota-se no autor alguma queda para “factos alternativos” e mentiras disfarçadas de verdades. Coisa típica de um Trump à portuguesa. Apenas para citar um exemplo (porque não quero estar a perder aqui muito tempo) a taxa dos 70% é apenas para valores acima dos 10 milhões, isto é, se ganhar 1 dólar acima desse valor, apenas esse dólar é taxado a 70%. E atenção que isto não é nada de novo. Já chegou a ser taxado de 90%. O autor do artigo parece ter-se esquecido desse pormenor importante. Enfim.
O Observador deve ser o jornal que tem mais comentadores de direita. O que só pode classificá-lo como ‘jornal da direita” num país habituado a ver entre zero e um comentadores de direita nos outros jornais. Tirando essa meia dúzia de comentadores, sobra a mesmice esquerdelha e/ou incompetente. Eu não estou a par do que se passa no meio jornalístico nacional, mas a julgar pela má qualidade do material humano contratado pelo “jornal da direita”, sou levado a concluir que as escolas de jornalismo em Portugal só produzem incompetentes avermelhados.
Estando no Brasil há anos, pude constatar, para minha surpresa (não imaginava o tamanho do problema), o quão parciais e mentirosos são os media nacionais quando falam de assuntos internacionais. E se são assim quando escrevem para o “Internacional”, são-no quando escrevem para o “Nacional”, certamente.
O que o Ricardo nos traz aqui é só mais um exemplo. Quem se quiser informar realmente sobre o que se passa não pode depender do que vê ou lê nos MSM. São versões diluídas do esquerda.net ou do Avante.
A secção de opinião tem muita gente de direita.
Já a redação do Observador…
Mas que falta de conhecimento de causa… valham-me os santos…
Só porque vendeu, a familia dela, a casa por 355 mil dolars já é automaticamente uma milionaria com escolas de elite e tudo … uma correção se me permite, nos EUA uma casa de 355 mil dolars é considerada bastante normalzinha, para não fuleira, tlvz da proxima tentar aprender alguma coisa sobre o que se diz não ficase mal …
Ah, entendi… Meu comentário anterior ficou empacado na moderação, apesar de não quebrar nenhuma regra, apenas fazer uma pergunta incômoda.
Direita é um negócio cagão mesmo. Não tem coragem de publicar qualquer opinião em contrário… Continuem tomando Toddynho e vivendo na sua bolha de auto glorificação.
@KURAREDB
“Nota-se no autor alguma queda para “factos alternativos” e mentiras disfarçadas de verdades. Coisa típica de um Trump à portuguesa.”
Falta-me é a parte do dinheiro dele 😉
“Apenas para citar um exemplo (porque não quero estar a perder aqui muito tempo) a taxa dos 70% é apenas para valores acima dos 10 milhões, isto é, se ganhar 1 dólar acima desse valor, apenas esse dólar é taxado a 70%. E atenção que isto não é nada de novo. Já chegou a ser taxado de 90%. O autor do artigo parece ter-se esquecido desse pormenor importante. Enfim.”
Sei perfeitamente o que é uma taxa marginal de imposto. Aparentemente o Kuraredb também sabe: muito bem. E…