O que ainda não ouvi na exposição de ninguém , relativamente ao clima terceiro mundista que se vive nos concelhos do distrito de Setúbal, é que o tal “apartheid social”, a tal “opressão capitalista” e a tal “impunidade do Estado Policial” acontecem sob a égide do Partido Comunista. O que não se tem dito é que enquanto o Porto, sob executivos de direita, vem fazendo, desde os anos 90, um tremendo esforço para elevar a qualidade de vida da parte inferior da pirâmide social a padrões humanos, locais onde a esquerda tem resultados na faixa dos 80% ainda mantêm as pessoas num padrão de vida na linha de Caracas. Faltou explicar, mesmo que aceitemos a narrativa da violência policial, onde está o racismo quando a polícia entrar a bater nos bairros a norte, cuja população de afro-descendentes é francamente minoritária. Faltou um debate sério relativamente à imigração e questionar se um país nas condições de Portugal tem capacidade para empreender uma política de integração séria – e, na mesma media, se quem vem quer ser integrado. Curiosamente, os mesmos que gritam “Angola é nossa”, são os mesmos que repudiam os imigrantes das antigas colónias, o que é um paradoxo, sendo que na cabeça dos saudosistas estes seriam cidadãos portugueses. E faltou sobretudo, no meio do paleio de parte a parte, uma palavra para quem, independentemente da morada ou da carteira, mantém uma vida honesta e não quer viver sob o sequestro de gangs e delinquentes. No meio disto, tenha vergonha um primeiro-ministro que clareia o seu rosto nos cartazes de campanha, à boa maneira dos politicos mulatos brasileiros do início do século XX, para depois vir usar a arma do racismo em sede parlamentar.
Tenha vergonha a esquerda radical que incendeia tensões a um ponto que conseguirá o que nenhum movimento à direita conseguiu desde 74, eleger deputados de extrema-direita. Tenha vergonha o PNR e restantes viúvas dos ultras, tentando catapular politicamente a sua insignificância política através do medo, com um discurso de café que não disfarça o gosto pela máquina zero. Tenha vergonha a direita, cujo discurso securitário e o “policiamento de proximidade” morrem sempre que chega ao governo.
Mantenho o que aqui escrevi, há coisa de ano e meio:
Há um enorme problema na comunidade cigana, um problema, ainda que em menor escala, com a comunidade africana e um problema gravíssimo, que transcende raça e etnia, e inclui os brancos, nos bairros sociais por este país fora. Quem achar o contrário, ou tem a paisana à perna e não acha grande piada à ideia, ou tem que começar a sair do condomínio fechado, passear nos subúrbios, andar de transporte público a más horas, deixar o gabinete da universidade e passar a leccionar numa escola de bairro, algo do género. Essa bolha do politicamente correcto onde vocês se enfiaram, uma das causas da imunidade que grassa e das reações, algumas bárbaras, que lhe sucedem, mata pessoas. E quando eu digo que mata pessoas não o escrevo num sentido figurativo, mas num bem real.
Leitura Complementar: Você já morou num Bairro Social?
Diz bem.
A canalha comuna estima a miséria para poder evoca-la num discurso que em tudo o mais é pura inanidade e perversão.
Martin Luther King combateu o racismo e exigiu às comunidades negras que trabalhassem, que estudassem e que não deixassem para os outros o esforço que deviam fazer para progredirem… e os negros conseguiram grandes avanços.O Partido Republicano foi o primeiro a ter congressistas negros e muitos … e os negros progrediram.
O legado de Martin Luther King morreu com ele e a diferença entre brancos e negros, muito curta já, voltou a acentuar-se e mais ainda com Obama. Mas isto serve aos democratas para conseguirem imenso votos … promovendo apenas vitimização. Por cá é a esquerda que se serve … não exige. E não exigindo … e não havendo esforço, pois este é sempre incómodo nada melhora.
o clima terceiro mundista que se vive nos concelhos do distrito de Setúbal
Em França o clima é análogo, mas pior. Será que a França é Terceiro Mundo?
Excelente texto. Toca em vários pontos que o politicamente correto procura ignorar.