Entre 1960 e 2000, Portugal cresceu mais ou menos a uma taxa média anual de 4% / 4,5% (mesmo com toda a dificuldade pós-Revolução e com pequenas crises pontuais). O ano de 2000 é o ano de mudança (negativa) que leva a uma enorme estagnação. Primeiro, tivemos um período de baixíssimo crescimento económico entre 2000 e 2007. Depois, tivemos a somar a isso o impacto da crise mundial (e das dívidas europeias) até ao início da nossa recuperação económica em 2013/2014. Em 2014 estávamos no mesmo patamar de 2000/2001 para se ter uma noção. Cerca de 15 anos desperdiçados. A última vez que a economia tinha tido um desempenho tão mau foi nas duas primeiras décadas do século XX com toda a instabilidade da transição da Monarquia para a República.

Portugal é um dos países do Mundo com menor crescimento económico nos últimos 20 anos. Neste período foi ultrapassado por vários países da Europa, incluindo alguns que pouco tempo antes eram bastante mais pobres. Nos últimos 4 anos poderíamos ter aproveitado a excelente conjuntura internacional para fazer reformas importantes e crescer muito mais. No entanto, o grande consenso socialista/social-democrata que impera em Portugal, sobretudo no PS e PSD com pequenas variações, continuou.
Continuamos, apesar de importantes reformas feitas (destaco a laboral e a do turismo durante o governo de Passos Coelho, ambas com efeitos notórios), a ter impostos altos e despesa pública alta, a ter um Estado que pesa muitíssimo na economia, a ter níveis de corrupção e burocracia altos, a asfixiar fiscalmente os indivíduos e as empresas, a ser um dos países mais centralizadores da UE, etc.. Totalmente o contrário do que fazem países como a Irlanda e a Estónia, os quais fizeram importantes reformas liberais e não as reverteram. Nós insistimos na mesma fórmula que não nos tem permitido crescer. Cada vez mais vamos ficando na cauda da Europa, vendo os países de leste a ultrapassarem-nos.
Agora vivemos numa permanente austeridade, com a carga fiscal em máximos (mas com serviços públicos mínimos), com a poupança em mínimos históricos, com recursos escassos e um crescimento pobre, apesar do bom momento da economia internacional, para sustentar uma despesa pública elevada. Continuamos a insistir como já referi na mesma fórmula. E enquanto assim for, nunca iremos crescer muito e de forma sustentada.
Talvez o Iniciativa Liberal seja a solução, mas mesmo que tivessem uma maioria absoluta iriam esbarrar no Tribunal Constitucional e nas paralisações e greves da CGTP, como esbarrou Passos Coelho – que não sei se é liberal, uma vez que governou a cumprir um programa determinado pelos credores.
O que não duvido é de que a Irlanda e a Estónia tenham populações com literacia cívica e financeira muito superior à portuguesa. Eu ouço conversas todos os dias que me fazem desesperar. Por exemplo; “o Passos roubou-me 180€ na reforma, mas estes devolveram-mos”. Ou “estes tipos (do governo) são muito espertos, conseguem vender dívida!”. Ou “quero lá saber que a dívida aumente, quando for para pagar já cá não estou”.
Em primeiro lugar não perceberam que sem a intervenção da troika ficavam sem a reforma toda, e que quem empresta uns biliões pode impor condições. E também não conseguem perceber a ligação entre a falência gradual do Estado e o aumento da dívida, e os 180€ que voltaram a receber, e nem percebem que esses 180€ estão a ser reabsorvidos por impostos, taxas, e má qualidade dos serviços públicos.
Por incrível que pareça, há quem julgue que a “venda de dívida” significa que alguém nos pagou pela dívida, ficou com ela, e vai pagá-la por nós. Custa a crer, mas há.
Finalmente, essa do já cá não estar daqui a 30 anos quando a dívida tiver que ser paga, esquece que são os filhos e netos que vão pagá-la. Ou esquecem ou que se lixem os filhos e netos. O que importa são os 180€ “a mais”, agora.
Não sei como a Iniciativa Liberal pensa resolver estas formas de pensar. O que é certo é que esta gente vota. E é muita gente.
É preciso mexer a fundo na educação, na justiça, e na Constituição. Os professores, juízes e políticos não vão deixar. Estão muito bem assim. Portanto, boa sorte.
Esforço meritório,p e de louvar, mas na minha opinião infelizemnte uma perda de tempo.
Portugal nunca foi liberal, e mesmo os ténues esforços para tal sempre esbarraram nos obstáculos que “AB” muito bem descreve acima.
Portugal há de ser sempre esta “merdianice”. Tem a descomunal sorte de por um bambúrrio de sorte geológica estar agarrado à Europa e não a África aquando da separação dos continentes. Caso contrário, seriamos o mesmo ou pior que Marrocos.
E é o que merecemos, nem mais, nem menos.
Outro caminho só é possível quando tudo arder de vez. Não há forma de mudar, sem que o país fique em cacos.
O povo é ignorante, desconhece principios básicos de finanças e economia, adora a cunha, o compadrio, o favorzinho e tem a mioleira formatada por 40 anos de lavagem cerebral pela escola e os media.
Há uma casta que nos (des)governa, igualmente ignorante e alarve, que não abdica das regalias que usufrui.
As grandes empresas vivem no corporativismo, dividem o bolo entre elas ou encostadas ao Estado, temem a concorrência e por isso não temos liberdade económica.
Os mais capazes, audazes e inovadores emigram, caso contrário são silenciados ou mal pagos.
Com a economia estagnada vai para 2 décadas, uma dívida colossal, uma população envelhecida, sem ideias e sem forças e com os jovens a emigrar em massa, não é dificil imaginar o caminho para onde vai Portugal: a bomba demográfica vai ser o verdadeiro tsunami que varrerá Portugal do mapa. E ainda bem. Só então poderemos trilhar outro caminho.
A Irlanda em parte cresce porque o sistema jurídico é radicalmente diferente do nosso. Não são só os impostos. É a cultura jurídica nacional, que doentiamente quer regular o mais ínfimo pormenor de qualquer actividade económica, e que depois cria multas e penalizações exageradamente elevadas. O exemplo mais recente está na multa de 150 euros para quem deitar uma beata para o chão. O nosso sistema jurídico permite que um grupo económico com conhecimentos e redes de contacto com o poder consiga leis favoráveis e proteccionistas, veja-se por exemplo a novela em torno do alojamento local. Mudar esta realidade não é fácil, seria necessário despedir quase todos os professores de Direito que temos e substituí-los por estrangeiros!
Não é legítimo comparar Portugal com a Irlanda e a Estónia. A Irlanda e a Estónia são países muito pequenos (Irlanda é um terço de Portugal, Estónia é ainda muito menor) que em grande medida atuam como offshores da Europa. Os offshores (como a Suíça, no passado) são em geral sítios muito liberais e muito ricos, mas não são escaláveis – aquilo que funciona para um pequeno país não pode ser aplicado num país grande, porque os offshores são, pela sua própria natureza, exceções às regras.
Já agora, Malta é atualmente o país que mais cresce na União Europeia, cresce mais do que a Irlanda e mais do que a Estónia, mas não tem um governo liberal. Acontece que Malta é, tal como a Irlanda e a Estónia, um país muito pequeno que atua como um offshore.
Luis Lavoura,
Talvez isto ajude um gajo de esquerda, de regime, a entender, em vez de ativar o ACC (anterior Cingulate cortex) para fazer um “Pretend not to see”, que a neurociência diz ser a mentira da esquerdalhada.
Como sabe o HDI (human development Index) não é só dinheiro. È tudo, desde Mortalidade infantil, saude, eduacaçao, liberdade de imprensa, acesso a bens e serviços, Pib per capita, a panóplia toda….
Quando em comecei a seguir O HDI Portugal era a nível de desenvolvimento humano, vida das pessoas, o vigéssimo primeiro. 21! lembro-me sempre que estávamos ao lado de Israel, que lá continua quase 20 anos depois em 22nd. Lembro-me que até tinha piada estarmos à frente da espanha…. que lá está em 25. Nós estavamos juntos e rodeados por países europeus.
Consegue ver abaixo em que lugar se encontra agora portugal? Junto a que países e que países até estão à nossa frente???
Consegue entender assim????
31 Decrease (1) Greece 0.870 Increase 0.002
32 Steady Cyprus 0.869 Increase 0.002
33 Increase (1) Poland 0.865 Increase 0.005
34 Decrease (1) United Arab Emirates 0.863 Increase 0.001
35 Steady Andorra 0.858 Increase 0.002
35 Increase (1) Lithuania 0.858 Increase 0.003
37 Decrease (1) Qatar 0.856 Increase 0.001
38 Increase (1) Slovakia 0.855 Increase 0.002
39 Increase (1) Brunei 0.853 Increase 0.001
39 Decrease (1) Saudi Arabia 0.853 Decrease 0.001
41 Increase (2) Latvia 0.847 Increase 0.003
41 Increase (1) Portugal 0.847 Increase 0.002
43 Decrease (2) Bahrain 0.846 Steady
44 Steady Chile 0.843 Increase 0.001
Oh Luis poupe-nos a tantos disparates! Portugal é um país grande???
Já que fala na Suiça, fique sabendo que sem mar consegue ter o segundo maior armador e a maior empresa de perfuração e prospeção petrolífera!
Portugal é um país pequeno, mas pior é ser habitado por gente pequena com mentes pequenas…
Aqui é o cantinho dos portugueses que gostam de dizer mal de Portugal e de si próprios!
Ganda noia!!!
@AB é pena só dar para fazer upvote 1x
@ManoloHeredia
Ah é aqui esse “cantinho”? Curioso que eu me farto de ouvir portugueses a dizer mal de Portugal e de si próprios por todo o lado. Pode, por favor ajudá-los, e lhes dizer que para dizer mal de Portugal e de si próprios o lugar é aqui. Obrigado
Acho o argumento de que os portugueses não são liberais francamente inútil.
Os portugueses não são diferentes de todos os outros seres humanos. Reagimos a incentivos/desincentivos conforme os percebemos e permanentemente ponderamos os custos e benefícios do status quo por comparação com os da mudança.
Portugal tem uma história, cultura, contextos social e político, herança legislativa e de organização do Estado com todos os seus organismos, competências, funções, dependentes e outros que tornaram o país numa espécie de armadilha para os portugueses: o “Estado” de coisas não é bom, mas porque não é péssimo, a resistência a mudar é grande.
Assim, o ponto de partida é desfavorável mas é importante passar a mensagem, explicar, e discutir construtivamente. A realidade encarregar-se-á de facilitar a tarefa. À medida que for inescapável e insofismável a nossa mediocridade a tendência para aceitar será maior. Resta esperar que o estado de coisas não fique demasiadamente mau, entretanto.