Só mesmo o Ronaldo das finanças seria capaz de ter dois défices ao mesmo tempo para o orçamento de estado de 2019. Para Mário Centeno, o défice do próximo ano tanto pode ser de 0,2% como de 0,5% do PIB (fonte).
De maneira a garantir a aprovação do orçamento e a evitar orçamentos rectificativos, o Doutor Mário Centeno está a “pedir ao parlamento que aprove tectos de despesa mais elevados do que aqueles que conta efectivamente usar“.
A polémica partiu do facto, já assumido pelo Governo, de que a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano tem, na prática, duas estimativas de défice implícitas: um de 0,2% do PIB, e outro de 0,5%.
Ainda segundo a mesma fonte, desta forma o Parlamento perde o seguinte:
- O parlamento não sabe onde vão ser feitos os cortes.
- O Governo pode gastar mais sem pedir autorização
- O Governo pode transferir verbas entre programas sem pedir
- Transparência não está assegurada
Na prática, vai se aprovar e promulgar um orçamento, que ninguém sabe bem o que é, nem como será executado. Temos Gato de Schrödinger no orçamento.
O ministro está-se lixando para as contas: o que interessa é o glamour dos corredores do Kremlin de Bruxelas.
Só mesmo quem nunca trabalhou com números pode fazer-lhe confusão desvios orçamentais.
“Se as vendas correrem bem, teremos um margem líquida de 5%”, porém, se a concorrência nos obrigar a fazer descontos de 5% no nosso produto mais forte “teremos só uma margem líquida só de 2%”.
Segundo a Maria Teixeira Alves do blogue Corta Fitas (uma pessoa insuspeita de simpatias esquerdistas), a coisa é muito simples: o défice será sempre de 0,2% porque as despesas adicionais somente serão feitas se houver receitas adicionais suficientes para as cobrir. Ou seja, o “défice” adicional não é real, ele corresponde apenas ao elencar de despesas prioritárias que serão feitas no caso de haver disponibilidade financeira adicional para elas.