Quando O Insurgente decidiu convidar as quatro personalidades — que mais à frente apresentarei, porque há um método para apresentações que consiste em adiar o mais possível a surpresa, até porque chega a um ponto em que o leitor se começa a maçar e achar que certas e determinadas interjeições são demasiado longas para ainda poderem ser consideradas parte integrante de uma frase — para integrarem o quadro empreendedor do próximo quadritriénio Insurgente — aquele que levará à necessária mudança em Portugal, na Europa, no Mundo e na Via Láctea —, Bel’Miró achou bem — mas não o disse, porque Bel’Miró é um artista e, como tal, só diz coisas que causem grande impacto social, coisas transformadoras do tecido que nos une enquanto seres civilizados por oposição aos selvagens dos socialistas, coitadinhos.
Quando Deus criou o Universo, criou-o para que Bel’Miró pudesse criar, como se poderá comprovar lendo Ortega y Gasset — que, após Bautista Alberdi, sintetizou coisas que me dispenso de explicar para quem julga que conhece — mas não conhece, pelo menos como Bel’Miró — Popper, Paton e, muito particularmente, o contraste heterogéneo entre Rawls e a dupla Voegelin e Gray, os que sob o poder da secção rítimica de Oakeshott na bateria e Popper no baixo eléctrico fizeram um cover irónico do êxito dos Chicago Boys, “If you leave me now”.
Há mar e mar, há ir e Voltaire. Quando o cão se Rousseau na perna de Bel’Miró, percebi que era hora de o levar à rua, ou, como diz o pequeno Saul na sua fase mais madura: “mete mais tabaco nisso”.
Portanto, em suma, como em jeito de conclusão dos parágrafos anteriores, os que formalmente podemos caracterizar como introdução e desenvolvimento, tornando, portanto, este parágrafo e os que se seguem na conclusão, O Insurgente decidiu convidar quatro pessoas — mas Bel’Miró não convidou ninguém, é para isso que Bel’Miró tem assistentes — e elas aceitaram — de outra forma, seria ridículo fazer esta apresentação, como certas e determinadas pessoas parecem querer fazer para mostrarem que existem, enfim, coisa que Bel’Miró não faz, nunca fez, e nunca fará, pelo menos diz ele e diz Oakeshott, se lermos nas entrelinhas.
RUI ROCHA foi convidado, aceitou, publicou um post sem apresentação prévia, Bel’Miró expulsou-o sem que ele soubesse, voltou a ser convidado sem que soubesse e voltou a aceitar sem que soubesse, pelo que tudo acaba bem quando acaba bem. Rui Rocha é homem e identifica-se como sendo do género homem.
REGINA CRUZ é uma mulher que se identifica como sendo do género mulher. Tem em comum com Fernanda Câncio já ter atravessado uma rua numa passadeira e difere desta pelo bizarro hábito de agradecer às pessoas quando estas se prestam a gestos gratuitos de cortesia. Tem a sorte de viver longe disto.
BERNARDO BLANCO é um homem que se identifica como sendo do género homem. Tal como alega a defesa de José Sócrates, também não é proprietário de um apartamento de luxo em Paris. Vai ocupar o lugar abaixo de Bel’Miró na ordem alfabética da barra lateral e, por isso, só pode culpar os seus pais, que não escolheram um nome começado pela letra A.
JORGE MIGUEL TEIXEIRA é um homem que se identifica como sendo do género homem. Enquanto a Cher partilha com Madonna a mania de usar um único nome, Jorge Miguel Teixeira partilha com John Wayne Gacy o uso dos três nomes. Contudo, ao contrário do último, Jorge ainda pode cair na fúria #MeToo se não tiver o cuidado para evitar ser confundido com Bel’Miró.
Já está. Agora deixo-vos com um retrato de grupo que pintei. Dispenso-me de identificar quem é quem no quadro, que qualquer pessoa que tenha lido Ortega y Gasset identificará sem qualquer dificuldade.
Boa tarde.
Obrigado pela atenção.
Bel’Miró, 29 de Outubro de 1968–2018
> Obrigado pela atenção.
De nada, há 24 horas que não há balido das ovelhas do rebanho. Ficaram esmagadas pela retórica pesada.
Mais leve da próxima, OK? Parece o arrenego saramago, inda lhe amandam com um noble à cabeça, e isso traumatiza.
(Fui treinado nas crónicas da Guidinha, estou preparado para tudo.)