#WalkAway

Existe desde final de Maio um movimento que anda a desgastar a base de apoio do Partido Democrata. Tal como o movimento #NeverTrump desgastou o Partido Republicano em 2016, o movimento #WalkAway desgasta agora o Democrata em 2018 (porque o 1º passou dezenas de vezes nos Legacy Media portugueses e este 2º não passa, deixo à vossa consideração).

Far Right.jpgA ideia é simples: o Partido democrata assenta hoje numa política do medo. A intolerância, a inflexibilidade, o ódio, a hipocrisia, o racismo invertido, o sexismo invertido e a ameaça são a norma. Quem apoia Trump ou tem as posições erradas é perseguido (ao ponto de um gay num dos vídeos da campanha afirmar que saiu de um armário sexual para entrar num armário político!). A hierarquia de vitimização é agora uma hierarquia de poder político e quem não é vítima, que se cale. Quem não estiver no canto da “esperança e do amor”, é extrema direita. Nesta fase, já nem Bernie Sanders é de Esquerda!

Vejam aqui o vídeo que originou a campanha:

Sublinhe-se que quem sai dos Democratas geralmente fica Independente, tornando-se swing voter. O ponto aqui é sair da “plantação” – onde os democratas “escravizaram” o seu voto – e ser um espírito livre, que pense pela sua cabeça, e que depois do seu “Red Pill moment” já não acredite em tudo o que os Legacy Media lhe empurram pela goela abaixo.

Devo dizer que vejo com bastante esperança movimentos destes. Se virem os vídeos do canal, são todos de indivíduos interessantes que acordaram recentemente e que baixam agora os decibéis da gritaria para se juntarem a uma discussão calma e lógica sobre alguns dos grandes temas do momento. Deixo aqui por exemplo um para perceberem do que falo – mas aconselho a que ouçam os mais que possam deste canal de YouTube:

Face a isto, como reagem os legacy media ligados aos democratas? Não vão acreditar: são Bots russos! Same old, same old. Podem ver no Salon “Russian bots are back: #WalkAway attack on Democrats is a likely Kremlin operation” ou na CNN “Russian bots are using #WalkAway to try to wound Dems in midterms” ou até no Washington comPost “The #WalkAway meme is what happens when everything is viral and nothing matters“. Quando a realidade magoa, culpem-se os Russos. Depois de Obama ter em 2012 atacado Romney por achar Rússia era o papão, e de ter relançado a relação com a Rússia em 2009, creio que esta história da Rússia está a ir longe demais. Mas hey, é ainda assim a melhor narrativa que eles têm. O desespero tem destas coisas.

11 pensamentos sobre “#WalkAway

  1. Um aparte – eu já tinha visto esse “mapa” e, atendendo ao que os eixos do political compass são suposto significar, parece-me que o “love and hope” não são tanto esses 4 quadradinhos, mas sobretudo os 10 quadrados do lado esquerda da ultima linha (e nem sei se os 10 quadrados do lado direito da ultima linha também não estarão incluídos). Explicando melhor – o eixo “esquerda-direita” do political compass é, fundamentalmente, um eixo intervencionismo-liberalismo na economia (é por isso que políticos e movimentos que toda a gente chama “extrema-direita” frequentemente aparecem como “esquerda” no political compass), enquanto o eixo “autoritário-libertário” anda perto de ser um eixo conservador-progressista nas questões “fraturantes” (não totalmente – também inclui questões de segurança e “lei e ordem” – mas anda perto).

    E o que hoje em dia leva frequentemente alguém a ser ostracizado e chamado de “extrema-direita” não costuma ser opiniões em matéria económica – desde que alguém seja pró-imigração, pró-LGBT e pró-feminista, pode defender a privatização das ruas e travessas e o fim da segurança social que ninguém se incomoda por aí além (não pode é fazer como o Charles Murray e dar a entender que há algum angulo racial nas críticas ao “estado social”); são as opiniões no eixo cima-baixo que costumam causar polémica (e veja-se o caso do Bernie Sanders – o que está a levar algumas pessoas a dizer que ele não é verdadeiramente de esquerda é uma posição dele que tem mais a ver com o eixo libertário-autoritário do que com o eixo esquerda-direita: a oposição à abolição da versão local do SEF).

  2. Cinchh

    Não percebo para quê ler legacy média ou #walkaway quando existe uma fonte direta sem filtro dos media. Basta seguir a conta Twitter do Presidente Trump.

  3. https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_wars_involving_the_United_States

    Tal como na matriz romana, em que as portas do templo de Janus raramente fechavam, porque a república estava sempre metida numa guerra ou outra – a expressão “casus belli” ser latina não é acaso.

    E o partido da guerra, uma subdivisão do partido único dos proprietários, e como este com alas D e R (cf. Gore Vidal), tem muito interesse em despesas militares e escaqueirar coisas.

    Se calhar ao Trump, como pato bravo de nascença, apela mais a construção civil do que a destruição militar. E já o Gore Vidal – ele outra vez – tinha apontado que a Rússia era um aliado natural dos EUA.

    Mas espantalhos e monstros debaixo da cama dão sempre jeito …

    (Os tipos dos media estão a queimar credibilidade a uma taxa impressionante. Nos últimos três anos o tom passou de arrogante a patético, a caminho do desesperado. Esperemos que o fim não seja trágico.)

  4. Não existe nem racismo inverso nem sexismo reverso porque racismo contra brancos é simplesmente racismo e sexismo contra homens é simplesmente sexismo, racismo e sexismo não tem direcções predeterminadas vai para ambos os lados

  5. c3lia

    @JPDL: já para não dizer q, a existir sexismo institucional, é contra os homens (“quotas para mulheres”, etc…); e a existir racismo institucional, é contra os brancos e asiáticos (“quotas para negros”).

  6. Caro JPDL.

    Concordo consigo.

    Infelizmente não é essa a opinião da maior parte da esquerda, para quem só existe sexismo contra mulheres e racismo contra negros.

    Nesse caso legitimam a revolta dos homens brancos de classe baixa, muitas vezes miseráveis, explorados e discriminados mas apresentados por uma certa esquerda como se fossem uma elite privilegiada só por serem homens e brancos.

    Neste caso concreto uma certa esquerda traiu o proletariado ocidental…

  7. JDPL,
    Em termos de conceitos, tem razão.
    Mas em termos culturais, as palavras estão tão desgastadas que eu tenho 2 hipóteses: ou escrevo como escrevi e se entende o que eu pretendo… ou escrevo como o JDPL sugere (e que no fundo é a forma correcta) e tudo se torna menos claro (!).
    Enfim, é como usar a palavra Liberal: hoje em dia chama-se “liberals” aos apoiantes de Obama e companhia, pelo que apesar de ser essa a palavra correcta para falar de uma pessoa como eu, agora se use a palavra Libertário.

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