“BCE tem vindo a distorcer o sistema de preços do mercado de dívida. Criou uma desconexão permanente entre os fundamentais das economias e as taxas de juro associadas às dívidas soberanas.”
Destaque do meu texto de hoje no ECO – Economia Online. Sobre a reforma do euro, o BCE e o ordoliberalismo alemão.
Claro.
O BCE devia deixar afundar a economia europeia sem fazer absolutamente nada!
Os gajos estão lá só para levar os ordenações para casa.
Mesmo à liberal.
O BCE tem vindo a distorcer o sistema de preços do mercado de dívida.
Os bancos centrais distorcem sempre os juros. Ou para cima ou para baixo, distorcem-nos sempre. A distorção pode agradar a uns e desagradar a outros, mas distorção existe sempre. Não há juros que não sejam distorcidos num sistema financeiro com bancos centrais.
O BCE tem vindo a distorcer o sistema de preços do mercado de dívida.
O BCE tem um mandato unívoco: manter a inflação próxima de 2%. É apenas esse o mandato do BCE. O BCE não tem nada que se preocupar com o sistema de preços no mercado da dívida nem com as suas eventuais distorções – isso não está no seu mandato. Como a inflação está baixa, o BCE pode e deve prosseguir a política que prossegue – mesmo que ela tenha efeitos impopulares junto dos aforradores alemães. O BCE não tem nada que se preocupar com os aforradores alemães – isso é um problema dos políticos alemães, dos quais o BCE é independente.
A UE está moribunda e não deixa saudades: o bom é que dura menos que a sua congénere URSS.
Ri-te, ri-te! quando souberes que a vaselina tem areia, até choras!
Distorcer aparece no texto com uma carga negativa. É um ponto de vista, ideológico.
Na verdade o bce corrigiu uma trajetória de aprofundamento da crise.
Os libertários mais puristas defendem que se deve cair abismo abaixo até se bater no fundo. A queda livre é naturalissima e só deve parar com a dureza natural do solo. Chegados ao fundo não tem nada que saber, não caímos mais. A partir desse ponto começamos a ascenção.
Isto é errado. Sob vários pontos de vista. O econômico também. A queda não é inevitável. Podemos usar arnês para descer mais devagar. Paraquedas tambem.
A minha preferida, porem, é a retropropulsao. Quando sentimos estar a cair usamos um motor da marca bce ou fed que, além de evitar a queda, pode mesmo fazer-nos subir , se for bem calibrado, para além do ponto de partida.
Pode haver a ilusão de que, com motores para contraiar a queda que já não é preciso ter cuidados para não voltar a cair. Mas é apenas uma ilusão. Mal começa a subir para alem do ponto de partida o motor começa a precisar de recarregar o deposito. Entra em modo de poupança automático.
Rb
Ricciardi,
Se o pára-quedas é de operação gratuita, quem tem de pagar o combustível que alimenta os motores FED ou BCE?
Francisco, é um enigma tão grande que só pode ser respondido se conseguirmos perceber quem paga o armazenamento desta informação toda da internet.
Ele há pessoas que acham que não pagam nada pela informação que acedem na internet. Na verdade, se perguntarmos ao pessoal toda a gente afirma que não paga nada. Incluindo eu. Não me sai dinheiro algum da carteira e, no entanto, há armazéns, edifícios inteiros, aos milhares cheios de equipamentos para prover a internet de informação.
Quem paga isso?
Quando perceberes isso, vais ver que percebes facilmente quem paga as políticas antiqueda no abismo do bce e do fed.
Rb
Ricciardi,
Não é com informação que se fazem bailouts, a palavra bife para safa-compinchas.
É com pecúnio.
Ora, o BCE não tem, ao que dizem os seus próprios relatórios, entrada de dinheiro de anunciantes que desejam publicitar os seus produtos. Logo, é tudo uma questão de pilim para os crapitalistas-do-compincha passarem por entre a chuva sem se molhar.
E quem paga? Quem não manda.
O bce tem o pilim que quiser imprimir se, concomitantemente, mantiver as metas de inflação dentro dos limites definidos.
Portanto, não há propriamente alguém especifico a pagar pilins para o bce.
Se produzir pilins mais a inflação pode subir e, nessa altura, pagamos todos porque o bce sobe as taxinhas de desconto. Sendo essa a ideia por trás da produção de pilins-fazer subir os preços e com eles a confiança num futuro de curto prazo mais lucrativo para cada agente econômico. Em suma, a produção de pilins é paga com maiores lucros e rendimentos que a mesma suscita. Atingida a meta o bce vai secando o mercado com alguma parcimônia para não ferir aqueles que era suposto salvar. Com cuidado vai retirando estímulos.
Sem bce haveria matança em massa e depois la viria a bonanca. Com bce não se mata ninguém. Uns calmantes, uma pinguinha de vodka para animar o pessoal e, quando dermos por ela, a crise já passou e preparamo-nos para outra por devir.
Rb
Ricciardi,
Pesando ser engenheiro mecânico, teve dezanove às cadeiras de economia na minha licenciatura. Sei bem como agem os bancos centrais.
Infelizmente, o QE paga-se, cedo ou tarde, ou em inflação (que, concedo, não se manifesta, para estranheza de muitos), ou em estagnação, que não ê mais do que ter a economia ligada às máquinas, com medo de que morra se a retirarmos.
A estagnação da economia leva a progressivamente termos menores salários — o que bem se percebe hoje. É assim que pagamos a almofada, que apenas serve para que quem fez bosta com os bancos delegue noutros o serviço de pá e balde.
Não me admira que o Ricciardi defenda com as suas unhas e os seus dentes o BCE e os QE e os bailouts. Outra coisa séria de estranhar. Não o imagino de mola no nariz e de luvas de borracha a limpar o que se fez no sistema bancário a empurrar com a barriga as dívidas dos favores à pulhiticada.
Bendito Passos Coelho!
Isso não é argumento.