Um mundo espiritual sem Deus
Em “Silêncio na Era do Ruído” (Quetzal), o norueguês Erling Kagge conta como, no dia seguinte ao da sua chegada e do explorador Borge Ousland ao Polo Norte, apareceu no céu um avião-espião norte-americano. Talvez por terem ficado surpreendidos com a presença de dois exploradores, o avião atirou-lhes uma caixa de alimentos antes de seguir viagem. Quando a abriram, viram que continha um almoço de sanduíches, sumo e arenque. Como estavam há 58 dias com temperaturas de -58 oC, Kagge diz que se preparava para devorar a sua parte quando Borge lhe sugeriu que, antes de comer, fizesse uma pausa. Contaram até dez e depois comeram. Mataram a fome e usufruíram da refeição.
Numa entrevista há dias ao “Público”, um engenheiro de nome Mo Gawdat, que trabalhava para a Google e de onde saiu para escrever sobre a felicidade, afirmava que a tecnologia e o dinheiro não fazem as pessoas felizes. No seu entender, são muitos os que procuram o bem-estar nas suas grandes casas, belíssimos carros e telemóveis que os ligam a toda a gente, a toda a hora. Para este engenheiro, a felicidade não está nesses objetos mas dentro de cada um de nós, sendo “preciso parar de acreditar nas promessas vazias do mundo moderno. Parar de acreditar que o sucesso, o ego, a imagem, os gadgets ou o dinheiro são mais importantes do que a felicidade”.
Há muita gente com um ego enorme e que depende de o alimentar. Uma alimentação constante que os torna permanentemente insatisfeitos, numa contínua comparação com terceiros que até podem ter outras prioridades ou desvalorizar tudo o que eles consideram como sucesso. Uma insatisfação permanente que acentua invejas, incompreensões, rancores, e um mal-estar indefinível e incompreendido por quem acha que tem tudo para ser feliz, mas não se sente bem.
Mas um dos aspetos mais interessantes de Kagge e Mo Gawdat é o que dizem, ou não dizem, sobre Deus. O segundo (e na mesma entrevista), à pergunta se podemos ser felizes sem religião, responde: “O nosso verdadeiro eu não é físico. As pessoas confundem espiritualidade com religião. A religião tem muitas regras.” Já Kagge não menciona Deus no seu livro, mas conta como, quando “a caminho do Polo Norte, imaginava o homem da Lua a olhar lá para baixo, para a Terra”. Lá de cima, esse homem conseguiria ver todo o nosso planeta e, no extremo norte, um rapaz, Kagge, de “anoraque azul, que seguia sempre na mesma direção”. Kagge usou esta imagem para se questionar quem seria mais maluco, se ele a caminho do Polo Norte ou se todos os restantes milhões de pessoas que, mais abaixo na Terra, o homem da Lua via levantarem–se de manhã e seguirem a suas vidas rotineiras até morrerem. Pensar nisso ajudou Kagge a continuar.
O que estes dois homens dizem é interessante porque, depois de um período materialista, vivemos uma época espiritual, mas sem Deus. A contagem até dez antes de comer era (é) a oração antes da refeição. O homem na Lua é Deus, que nos recorda que o mundo é um todo uno e que não estamos sós. O que Kagge e Gawdat dizem é o que a religião, qualquer delas, refere há milénios: que a vida somos nós, não as nossas coisas.
Os dasenvolvedores dos Sims estiveram mal, não adicionaram a função de pôr os bonecos a contemplarem-me antes das refeições, já que fui eu que os criei para meu entretenimento
Os povos primitivos sob o efeito de drogas inventaram a escrita e a religiao, o que nos deu a moralidade e a historia,mas actualmente não passam de entretenimento, sendo que cada uma é legal ou ilegal dependendo da localização.
Shakazoulu,
Dê-me dez estados ateus — iconoclastas, não meramente laicos — e ponho nove na lista dos mais mortíferos da História. O outro, em nono lugar, era um sultanato.
É exactamente por causa da religião que tem liberdade. O cristianismo é tão contrário aos interesses do poder que desde Roma ao Império do Japão, todos o tentaram suprimir matando quantos apanhavam. E ainda vive. Por outro lado, ser tão contrário aos interesses do poder levou a que milénio e meio se passasse antes de que os huguenotes e os luteranos percebessem que a simonia vigente era contrária ao cristianismo.
Em suma, criticar a religião pela Igreja Católica antes do Sec. XIX é o mesmo que criticar a economia de mercado pelos actos do Ricardo Salgado ou que negar a vida inteligente em Portugal julgando que todos são cópias do Francisco Loucão, da Cacarina e das Mortéguas.
É um pouco como aqueles que acreditam num ser sobrenatural, desde que não seja o Deus revelado pela religião. Pode ser um marciano com três olhos ou um burro com asas, agora o Deus revelado isso não, Jesus, abrenuncio.
Caro Colaço.
E eu a pensar que o catolicismo, com as suas guerras, repressão e simonia foi a principal igreja cristã durante mil anos.
Afinal parece que não conta para o campeonato…
Não convém…
E já agora, sim, o Salgado foi o capitaista mais importante em Portugal.
E iguais a ele há milhares, a um nível de importãncia menor mas iguaizinhos na qualidade do bicho.
Todos os dias vemos casos novos nas notícias e todos conhecemos pessoalmente alguns.
Mas o senhor é conhecido pela sua criteriosa seleção de exemplos, fingindo cuidadosamente que não vê os que provem a falsidade da sua ideologia.
A religião foi util para formar a moral, não é o mais, tanto é que nos paises com maior percentagem de ateus há mais respeito pelos direitos humanos. Basta comparar os paises eutopeus com os sul americanos, árabes e asiaticos excluindo a china.
Há paises com baixo risco de desastres naturais, com grande percentagem de ateus e que deram muitos efectivos para as SS ( Áustria e Alemanha) outros têm risco elevado de desastres naturais, pouco respeito pelos direitos humanos e passeiam a cruz ( Filipinas, Timor, Haiti ). Os mistérios de Deus são insondáveis.
“Há paises com baixo risco de desastres naturais, com grande percentagem de ateus”
Na verdade foi devido a um desastre natural, por acaso em Lisboa que a dúvida sobre a existencia de Deus na Europa começou a ser questionada, precisamente ao contrário do que o que o Shaka afirma. Se o skaka tivesse algum conhecimento de causa saberia que os direitos humanos como falsa moralidade, é o que está impedir esses mesmos paises de melhorarem. O crescimento da criminalidade está directamente associada ao crescimento dos movimentos dos direitos humanos. O Brazil é um exemplo clarissimo disso. Quando o presidente das Filipinas anunciou o combate implacavel às drogas que estão a contaminar o pais, quem veio logo manifestar foram as organizações internacionais dos direitos humanos. Direitos humanos são uma antitese e a subversão Direito civil da soberania das nações. Essa é a verdadeira razão pela qual os internacionalistas tanto o prezam. E o shaka assim parece ir na cantilenga.
O Ricardo Salgado está para a economia de mercado assim como a inteligência para o marxista disfarçado.
Cumprimentam-se, mas não se conhecem.
MG não entendi, o que eu quis dizer foi que nos paises onde há maior respeito pelos direitos e vida humana, medida nao por uma carta escrita, mas sim por baixas taxas de crimes violentos, baixa taxa de população prisional, sem pena de morte e com menor racismo é onde há mais ateus. A filipinas estão a combater as drogas,mas só as que não têm o simbolo da Bayer ou da jonhson e jonhson, Portugal e a Holanda também querem combater as drogas não farmacêuticas e estão a ser mais bem sucedidos que as filipinas sem necessidade de assassinatos indescriminados e a Holanda já tem tantos ateus que igrejas sem uso estão a ganhar novas utilizações como bares e outras
Eu também tenho a minha oração, pegar nas cordas e arnês para fazer escalada ou dar umas voltas de kart, que muita gente vê como actividades estúpidas assim como eu vejo a ida à igreja como uma actividade estúpida, mas todos temos o direito a ser idiotas, só espero é não estar numa situação de emergência e a pessoa ao lado da porta de emergência por-se a rezar em vez de de a abrir.
Caro Colaço.
Peço perdão, mas você é que apresenta exatamente o nível de ética e inteligência marxista.
Basta falar com um marxista que temos uma fotocópia sua.
Por exemplo, os marxistas “soft”.
Quando confrontados com os crimes do marxismo, com exemplos como pol pot, Estaline, Mao, dizem SEMPRE que esses “não contam” porque não são verdadeiros maxistas.
Nenhum exemplo negativo conta porque para eles não existem marxistas reais, mas ideais.
Assim é você.
Confrontado com exemplos de capitalistas trafulhas, para você “assim não vale” porque os capitalistas reais nunca correspondem á imagem ideal que você faz dos capitalistas.
Do mesmo modo, milhares de exemplos destes capitalistas reais, compõem o quadro de como o mercado REALMENTE FUNCIONA NA PRÁTICA.
O mercado que realmente existe, que sempre existiu, é o mercado em que se movem os Ricardo Salgado e milhares de outros como ele.
Mas você recusa a aceitar a realidade porque vive num mundo á parte que só existe na sua imaginação e na propaganda com que lhe induzem esse onanismo mental.
Fanaticos religiosos,tal como nadadoras salvadoras de meio metro e quarenta kilos ou pessoas obesas, não inspiram confiança em situações de emergência
ShakaZoulou,
O bom cristão ora enquanto salva vidas. Uma coisa não preclude a outra.
De qualquer maneira, fora os idiotas apegados à lei, os fariseus modernos, concederá que mais vale viver ao lado de cristãos razoáveis, cuja obediência provenha de dentro de eles mesmos, do que ao lado de marchistas ou islamotralha que, tomando o poder, serão os primeiros a virar-se contra os vizinhos e a encher covas.
Ork ou Orc (ambos),
Sou uma pessoa terrível. Acho que o capitalismo é que cria a classe média.
Sei de boa fonte (o ex primeiro ministro da Dinamarca) que os países nórdicos são de economia de mercado.
Acredito na responsabilidade individual. Acredito na capacidade de o homem se melhorar. Só um idiota é que diz aos outros que se têm de aceitar como são.
Vejo que o homem não precisa de Estado tão grande. Com este tamanho, o Estado deixa de servir o homem. Quem controla o mastodonte serve-se dos homens. Creio ainda que o crápulo-capitalismo do Salgado não é economia de mercado.
Sabe uma coisa? A realidade dá-me razão. E mostra quão estulto o nosso colectivo vara Ork consegue ser. Leia os livros que lhe receitei. Serão bom remédio para a sua condição.
Sim se existisse dava graças a deus por ter nascido num pais europeu de tradição católica, pior estão os africanos,arabes e sul americanos, a esses deus não quis agracia-los
Há pessoas que se querem fingir de César e de Deus, ou pretensamente em nome d’Ele. Quando as contas se acertarem, os que misturaram compulsão e cristianismo serão julgados por quem nunca lhes deu licença para usarem o Seu nome para compelir e enriquecer.
Claramente, o cristianismo só é genuíno quando envolve sacrifício pessoal em prol dos que estão próximos, e não de ganhos nem de sinecuras. Bendita Idade das Luzes.
“MG não entendi, o que eu quis dizer foi que nos paises onde há maior respeito pelos direitos e vida humana, medida nao por uma carta escrita, mas sim por baixas taxas de crimes violentos, baixa taxa de população prisional, sem pena de morte e com menor racismo é onde há mais ateus.”
e também é “onde há mais obesos”…
O Skaka tem o seu nexo de causalidade trocado.
Tal como como já sabemos fazer rabiscos em grutas sem necessidade de estar sib o efeito de drogas , também não precisamos de temer o inferno para respeitar os direitos humanos. E talvez para o respeito destes a carta magna e a propria evolução da humanidade tenham dado um contributo maior que a religião
«Tal como como já sabemos fazer rabiscos em grutas sem necessidade de estar sib o efeito de drogas , também não precisamos de temer o inferno para respeitar os direitos humanos.»
Isso funciona apenas para *algumas* pessoas, sejam religiosas ou não. Obviamente, um padre como Richilieu não temia o inferno — e não me venham dizer que fez o que fez em nome da religião, porque certamente nem ele acreditava nisso. Era simplesmente o uso da religião para manter poder e compulsão sobre outrem — e agora tenho a certeza de que o homem já acredita na justiça divina.
Na verdade, os regimes sem religião tornam-se iconoclastas e perseguidores de quem crê, mais depressa até do que os regimes religiosos perseguem ateus. Essa é a evidência histórica. Aliás, a sanha em suprimir quem ninguém magoa ou aborrece por simplesmente crer em Deus, por quem diz não acreditar em Deus, diz muito mais sobre a existência de Deus do que todos os argumentos teológicos apresentados até hoje — excepto talvez o do Princípio Antrópico.
Quem vive na verdade não teme a mentira. É por isso que não vemos libertários ou conservadores a impedir discursos de comunistas e vemos os escarralhados a continuamente tentar impedir os conservadores de falar. Veja-se o que aconteceu oa Jaime Nogueira Pinto.
Tudo aquilo em que creio é repetidamente confirmado pela minha experiência pessoal. Deus tem sido na minha vida um rabo escondido com um grande gato de fora. E, tal como no Princípio Antrópico — algo que a qualquer físico ou matemático deslumbra —, quando as coincidências e as ex-machinae se tornam habituais o gato tem o tamanho de um tigre. E de dentes de sabre. Sou por isso uma testemunha, imperfeita mas testemunha, da existência divina. Não preciso de ir ao Japão e ver com os meus olhos o Japão para saber que o Japão existe. Há testemunhos indirectos da existência do Império do Sol Nascente em demasia para serem negados.
De qualquer forma, aprecio que o Shaka Zulu não seja um cientóino, dos que acha que todos os crentes são burros. e que têm de ser reeducados ou até fisicamente suprimidos. Pessoalmente, lutarei pelo direito de um ateu ser ateu, de um agnóstico agnóstico, ou de um muçulmano ser muçulmano, muito embora saiba que a maioria deles não me retribuirá o favor se a seita materialista ou a islamista chegarem ao poder. Sinceramente, estou-me a borrifar para o que as pessoas sentem, pensam, creem ou divisam, com excepção da minha família. O que me pode afectar é como as pessoas *agem*, e aí a nossa liberdade acaba com o início da dos outros.
Somos todos ateus, uns a todos os deuses outros a todos os deuses menos um, mas não há necessidade de suprimir qualquer religião, todas naturalmente morrerão, tal como aconteceu aos deuses romanos,gregos e egípcios, mesmo na actualidade estamos a assistir à morte do deus Ahura Mazda. Uma coisa é certa deus não é nem omnipotente nem omnipresente,não tem qualquer poder ou presença sobre mim.
Shaka Zule,
Desde que a sua crença não seja para me coartar, acredite no que desejar ou no que não desejar. Temos demasiado em comum e estamos tantas vezes no mesmo lado da barricada para nos desavermos por minudências inócuas. 😉
«Somos todos ateus, uns a todos os deuses outros a todos os deuses menos um,»
Trinta mil, no caso de um Hindu.
Caro Colaço.
O capitalismo só iria classe média nos seus estádios iniciais, quando funciona à base de pequenas empresas.
Depois evolui para grandes empresas que destroem a classe média.
Deixado entregue a si próprio o mercado até se extingue a si mesmo, criando monopólios e oligopólios que acabam com a própria concorrência.
Entregue a si próprio, o mercado destrói até a maior parte dos capitalistas, que reduz ao proletariado – e reduz o proletariado à miséria.
Por causa disto tudo é necessário um estado forte que não permita que a concentração capitalista passe certos limites em que se torna destrutiva para o resto da sociedade.
Para tal é necessário a imposição de medidas fortes que protejam os pequenos e médios capitalistas e o proletariado.
Não sou eu que o digo, até os liberais americanos do princípio do Séc.XX criaram leis para impedir os excessos da concentração capitalista que estava destruir os pequenos e médios empresários e o próprio mercado – e o próprio Bismarck criou o estado social para impedir que a mesma concentração capitalista reduza à miséria o proletariado.
Eu sei que os livros que anda a receitar não abordam estes problemas…
Entretanto eu vou lê-los, quando tiver tempo e dinheiro. Já estão na minha lista.