A esquerda está a dar cabo do Estado social
Primeiro soubemos das cativações orçamentais. Depois que essas cativações tinham sido a causa para o dito sucesso do défice de 2% do PIB, em 2016. Como não há milagres, apesar de na crença de alguns as vacas voarem, percebemos que as cativações compensaram os aumentos salariais na função pública, que é a plataforma eleitoral do Governo.
Mais tarde fomos sabendo outras coisas. Soubemos da má resposta das autoridades ao incêndio em Pedrógão, das deficiências do Estado no combate aos incêndios de 15 de Outubro, da anedota pública que foi o roubo de Tancos, das listas de espera nos hospitais que têm vindo a aumentar, das escolas, algumas sem professores outras sem comida decente para crianças. Uma lista interminável de falhas do funcionamento do Estado, das quais o surto legionella no São Francisco Xavier é apenas mais uma gota de água num oceano que, caso o Governo fosse outro que não este seguro pela extrema-esquerda e um ciclone de categoria 5 pairaria sobre nós.
Conforme noticiado pelo Público, o Conselho Nacional de Saúde, um órgão independente consultivo do Governo terá concluído que faltam cerca de mil milhões de euros para a saúde. Não é por nada, mas quando ouço rumores de que falta dinheiro na saúde, que há atrasos no pagamento a fornecedores e os partidos de extrema-esquerda se calam é porque o assunto, além de grave, os compromete. O que me assusta: sempre que os extremistas, e os comunistas são extremistas se nos recordarmos do que disseram aquando do centenário da revolução bolchevique, estão comprometidos é porque algo muito grave e perigoso se passa.
É chocante a forma como o Governo, e quem o sustenta, mentiu antes da troika, durante a intervenção da troika e agora, depois do programa de resgate financeiro a que o Estado se teve de submeter para salvar a sua dimensão social. Até 2011, com a economia estagnada, o PS comprometeu o país, apesar de alguns avisos em contrário, a um programa de dispendiosas obras públicas para fazer a economia mexer. O resultado foi a falência do Estado. Durante o programa de resgate que visou salvar o Estado social, a esquerda, da pretensamente moderada à extremista, acusou o governo de o destruir porque se cortavam salários apesar de se manterem as despesas sociais. Como se pagar salários na função pública fosse uma obrigação social e não laboral. Já em 2017, enquanto se cativa dinheiro que falta faz a quem precisa, aumentam-se salários, repõem-se regalias.
Agora que o Estado vai perdendo a sua dimensão social a esquerda já não sai à rua porque os seus não são os que mais beneficiam dos cuidados de saúde nem das políticas sociais. Os seus são apenas os que votam e esses são os que lhe interessam.
Prioridade total em dar a mama às clientelas.
Depois as ‘justas lutas’ pela saúde, ensino habitação, que caso saiam do governo serão acrescidas das indignações histriónicas pelas políticas de direita.
Nada de novo.
E com a direita que temos vai dar cabo de mais coisas.
Ate nos fazem um favor, quanto mais depressa este ponzi scheme a que chamam estado social estourar melhor. Ontem ja era tarde.
A compra de votos por satisfação para estar é um problema mais próximo do crime do que da política, ou seria, se a maioria dos portugueses não fosse parte do sistema ou não aspirasse a ser. O descaramento, esse é total:
2016:
“Os quatro mil milhões que Portugal decidiu não pagar mais cedo transitam para daqui a três e quatro anos. Razão: CGD e manter almofada de segurança”
Hoje:
“Portugal reembolsou antecipadamente o Fundo Monetário Internacional em mais 2,78 mil milhões de euros, anunciou esta sexta-feira o Ministério das Finanças em comunicado. O pagamento da parcela, que vencia entre junho de 2020 e maio de 2021, foi realizado na quinta-feira e, com ele, “ficam liquidados 76% do empréstimo do FMI”, no montante de 26,3 mil milhões de euros”
Pormenores:
“Governo tem de pagar 23,5 mil milhões em dívida de Sócrates até 2019″
O Gutenberg tem muita culpa nisto tudo. As pessoas habituaram-se a ler coisas, e acreditar, em papéis, em vez de olhar para os factos.
Os publicitários aproveitam-se impiedosamente disso. Evitam dizer coisas muito obviamente falsas, tipo que o Sol nasce a Norte, e o resto, bem preparado, escorrega que é uma maravilha para os miolos dos papalvos.
Por exemplo, embora todos os factos apontem que somos governados por umas quantas centenas de famílias donas disto tudo, a ortodoxia mais firme do que a do tempo da inquisição (oh, muito mais) afirma que todos os cidadãos têm igual voz e responsabilidade pelo governo.
É formidável.
(Ah, o tópico. Um regateio típico. Cf. http://discworld.wikia.com/wiki/Cut-Me-Own-Throat_Dibbler )
Gritar a favor de mais e melhor Estado, zurrar contra os privados, e a seguir ir à consulta pela ADSE para tratar da garganta que ficou rouca.
Já só falta criar escolas só para filhos de funcionários públicos. Já faltou mais:
https://ionline.sapo.pt/447402
Uma pergunta: sabem por que razão os funioncários públicos nunca pedem diminuição de impostos (nem IVA, nem IRS, nem mais coisa nenhuma) e pedem sempre, pelo contrário, aumento de salários? Esta é fácil…
“On topic”: Sexta feira é o dia de evangelização dos canais de “informação” portugueses.
Marisa Matias, Francisco Louçã (genuflexão!), Miguel Vale de Almeida (hoje substituído por Pedro Adão e Silva 😂) e outros que não me lembro agora, conseguem transformar pessoas normais, distraídas, é certo, em SJW.
Ainda nos queixamos do actual PS e apêndices.
A “comunicação social” que temos é a principal culpada da próxima “escorregadela” que, inevitavelmente, irá acontecer dentro de 2 anos.
Nunca mais aprendemos.
O sapateiro remendeiro da minha aldeia era mais sério no ajuste das meias-solas do que este governo no negócio dos fiados.
JMS,
Porquê à Sexta-Feira? Esse dia não é inocente.
Gabriel Conçalves,
«Gritar a favor de mais e melhor Estado, zurrar contra os privados, e a seguir ir à consulta pela ADSE para tratar da garganta que ficou rouca.»
É coisa de sempre os desfuncionais públicos e os pulhíticos que os comandam impudicamente rejeitarem os serviços públicos. Não tomam do remédio que nos impõem.
Rão Arques,
«O sapateiro remendeiro da minha aldeia era mais sério no ajuste das meias-solas do que este governo no negócio dos fiados.»
O objectivo é contrário. Um destes tapa buracos, o outro abre-os.
Não lhe parece estranho que o PS tenha adiado para a próxima legislatura a dita reposição de contagem de anos de carreira aos piro-fessores? Dasu duas uma: ou não conta ganhar as próximas eleições ou conta que isto tudo estoire antes de dois anos.
Francisco Miguel Colaço,
Se bem me lembro já vi este filme velhinho entre nós, e a coisa deu para o torto. O rapaz morreu e a rapariga não casou com o cavalo.
Rão Arques,
«O rapaz morreu e a rapariga não casou com o cavalo.»
E no fim de conta os burros foram os espectadores, espetados com a conta do bilhete.
Não ha vergonha
“Agora que o Estado vai perdendo a sua dimensão social a esquerda já não sai à rua porque os seus não são os que mais beneficiam dos cuidados de ……;”
Greve dos enfermeiros, manifestações e greve dos médicos e técnicos de diagnóstico, greve e manifestações dos professores, Os trabalhadores da Efacec, da Apapol, da Somincor, da Rodoviária de Lisboa, do Hotel do Luso e da Euroessen, organizados nos sindicatos da CGTP-IN, decidiram recorrer à greve. Greve nas minas de Aljustrel, greves na segurança do aeroporto.
Tudo greves e saídas à rua da direita.