O sarilho catalão, opinião de Bruno Alves no Jornal Económico.
Como mais ou menos toda a gente, tenho acompanhado com interesse e estupefacção os acontecimentos na Catalunha, onde um grupo de gente de penteados esquisitos e higiene pessoal duvidosa parece estar empenhado em dar início a uma nova guerra civil espanhola. Mas maior interesse e estupefacção tenho tido com o entusiasmo com que aqui em Portugal e um pouco por essa Europa fora muita gente parece ter simpatia e apreço pelas acções e opções dos “independentistas” catalães. Mais tolos que tolos só mesmo os tolinhos que os seguem.
Os argumentos da autodeterminação do “povo” e da ilegalidade do processo de secessão com que os dois lados se digladiam não me comovem particularmente. Os “povos” não têm vontade: uma parte dos ditos tem uma vontade, outra tem outra, e as duas não formam uma terceira, “Geral”. Um país torna-se independente quando uma dessas partes consegue ter força (nas suas várias formas) para a impôr ao país de que fazia parte e à parte do seu “povo” que não quer tornar-se independente. Os EUA, por exemplo, tornaram-se independentes não por ter sido a vontade do “nós, o Povo” supostamente autor da Declaração de Independência, mas porque a parte do povo que queria ser independente ganhou uma guerra civil à parte que não queria, e décadas mais tarde, a Confederação não se tornou independente porque quem queria ser independente não conseguiu ganhar uma guerra civil aos que não queriam que eles fossem independentes, não por a secessão ser ilegítima. (…)
“gente de penteados esquisitos e higiene pessoal duvidosa”
Isto diz muito da qualidade da argumentação!
” a Catalunha sair desta confusão como um país independente, em rebelião, a ideia da União Europeia como garante da normalidade democrática morre”
Pensava que o garante da democracia eram as instituições democráticas. Que conversa vem a ser esta que só garantimos o normal funcionamento da democracia com a União Europeia? Logo com a UE, que está repleta de instituições democráticas. Não é?
E todo vimos o imenso nível de preocupação da União Europeia quando no seu seio se formou um governo de coligação com a extrema esquerda. Não com um, não com dois, mas com TRÊS partidos de extrema esquerda. Mas le Pen, isso é que é o o fim da democracia. Pois é. Esse é o normal funcionamento da democracia. na UE.
De resto, bom texto. O Autor não cai na armadilha de defender a democracia espanhola (que está bem e de boa saúde e não precisa de advogados de defesa de um pais a morar ao lado feito de banda desenhada) ou defender a consitutuição espanhola, que só pode ser defendida pelos espanhóis. E faz um excelente argumento lógico contra a independência da Catalunha. Um dos melhores que li até agora.
Admira-me que o Jornal Económico publique textos do seguinte jaez:
um grupo de gente de penteados esquisitos e higiene pessoal duvidosa
Mais tolos que tolos só mesmo os tolinhos que os seguem.
Isto não é linguagem que se use num qualquer jornal sério.
Proponho o Lavoura para editor de opinião no JE.
Uma coisa indigente, de vez em quando , só faz bem.