Todos já ouvimos a expressão: “se as eleições fossem hoje, o partido X teria maioria absoluta”. Theresa May também a ouviu e convenceu-se que, convocando eleições antecipadas, teria sua liderança no governo britânico reforçada. Claramente não foi o que aconteceu.
Em Portugal também já se diz que a proto-coligação de esquerdas (“Geringonça”) pode ruir nas próximas eleições legislativas porque PS, segundo as sondagens, teria maioria absoluta… se as eleições fossem hoje!!! Até pode ser, mas qualquer prognóstico é, nesta altura, demasiado incerto.
Sondagens são, na maioria das vezes, encaradas como previsões do futuro e não pelo realmente representam: estimativas sobre uma “fotografia” de determinado momento social. Pode nem sequer chegar a ser uma imagem fidedigna do que se tenta representar, tendo em conta erros de amostragem e outros outliers. E, tratando-se de seres humanos, opiniões podem rapidamente mudar. Convém lembrar Heráclito: “nenhum homem entra duas vezes no mesmo rio, porque não é o mesmo rio, nem ele é o mesmo homem”.
O que acontece é que no Reino Unido os deputados eleitos pouco têm a ver com os votos em urna, pelo que é impossível fazer previsões fidedignas sibre o resultado de uma eleição. O partido conservador aumentou em 5% a sua votação mas perdeu muitos deputados. Theresa May estava certa – o seu partido tem agora maior adesão popular – mas não reparou que o sistema eleitoral britânico falsifica tudo.
Há uma importante diferença. No Reino Unido abomina-se “chicos espertos”, como a Sr.ª May, que desdizendo aquilo que repetidamente prometeu, convocou eleições antecipadas apenas por achar que as ia ganhar. “It’s just not cricket”, como por lá se diz. Já por cá, como é sabido, o princípio é o inverso: “o mundo é dos espertos” e a “habilidade” de um aldrabão é gabada até ele ser condenad por sentença transitada em julgado, pelo que, caso o Sr. Costa fosse “esperto” como Sr.ª May, o mais certo era a sua “habilidade” ser premiada.