25 Abril de 2017: 43 anos de défices

Ontem comemorou-se os 43 anos da Revolução dos Cravos, que trouxe, no ano seguinte, a “liberdade” dos portugueses votarem nos políticos que os governam. Usei aspas porque, apesar da democracia ter sido uma importante conquista, o direito de voto livre não nos dá total liberdade. Grande parte da nossa vida ainda é regida pelas classes políticas, mesmo que exista agora a possibilidade destas elites se revezarem através de eleições. Nesse aspecto somos apenas um pouco mais livres…

Para mim, a maior conquista do 25 de Abril de 1974 foi a liberdade de expressão (verdadeiramente garantida somente com a rejeição dos projectos políticos da extrema-esquerda nas eleições para a Assembleia Constituinte em 25 de Abril de 1975 e, depois, no golpe falhado de 25 de Novembro de 1975). Sem liberdade de expressão, este blog nem sequer existiria; sem ela, não poderia hoje aqui escrever que os socialistas (PS, PSD, CDS), comunistas (PCP, PEV) e neo-comunistas (BE) que nos garantiram/garantem liberdade de opinião são os mesmos que nos levaram (e querem continuar a levar) à crescente escravidão perante o Estado.

Como podem discernir pelo título deste post, quando falo de escravidão estou a referir-me à dívida acumulada por sucessivos défices, durante 43 anos de democracia. Para o efeito, o Jornal de Negócios apresentou no mês passado um revelador gráfico:

Muitos portugueses sentem que esses défices (linha vermelha) foram úteis, por terem permitido ao Estado fornecer mais serviços e prestações sociais que nas gerações anteriores. Mas a dívida foi subindo…

Claro que, anos atrás, um ilustre(!) estudante português em França – seu nome José Sócrates – disse:

“pagar a dívida é uma ideia de criança. As dívidas dos Estados são por definição eternas. As dívidas gerem-se. Foi assim que eu estudei. (…) para um país como Portugal, é essencial financiamento para desenvolver a sua economia”.

A ideia deste e de todos socialistas (comunistas e neo-comunistas incluídos) passa por acreditar que défices públicos estimulam o crescimento económico. É que se este for superior à taxa de crescimento da dívida, o pagamento daquela não é prioritário, dado que o rácio Dívida/PIB tenderia a descer. Simples matemática: se o denominador (PIB) crescer mais que o numerador (Dívida), o rácio diminui. Voltem a olhar para o gráfico acima (linha azul) e digam se assim foi nos últimos 43 anos de democracia.

Sim, em Portugal temos uma qualidade de vida superior aos dos nossos pais e avós. Mas também temos maior factura! E essa é, por via da crescente carga fiscal, a corrente que nos escraviza cada vez mais perante o Estado.

Nota final: endividamento público não resultou e, no entanto, há quem queira voltar à mesma cartilha, mas a partir de patamar mais baixo, recorrendo à reestruturação da dívida (por outras palavras não a pagar, total ou parcialmente). Sobre este tema já aqui escrevi.

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