Sobre os jornais
Perdoem-me os jornalistas, mas vou falar de jornalismo. Da minha perspectiva, enquanto leitor de jornais e revistas, sobre a transformação do modo como lemos notícias e somos informados, ou desinformados.
O meu avô lia o “Jornal do Fundão” para se manter a par do que acontecia na região de onde vinha. Todos os dias comprava um vespertino que lia com cuidado. E todos os dias aguardava pelo noticiário das oito e via o que acontecia no mundo. Para ser informado, ele passava pela papelaria e comprava o jornal quando regressava a casa ao fim do dia. Tinha de se sentar, de o abrir e de o ler. Tinha de ter iniciativa.
A internet e os tablets mudaram isso. Com acesso directo à notícia a toda a hora, a maioria fica-se pelos títulos dos artigos, cuja leitura adia para mais tarde, para um momento em que outros títulos lhe tiram o tempo que tinha para ler o que o tempo já deixou para trás. Pior que isso, a notícia vem ter connosco, sem esforço. Esta passividade matou o interesse.
E sem interesse não vejo grande futuro nos jornais diários em formato de papel. A época do meu avô já não existe. Uma publicação precisa de ter conteúdos para nos fazer sair da redoma em que vivemos e sermos ativos. E para termos algo que tenhamos tempo de ler, a imprensa escrita talvez deva ser menos generalista e menos periódica. Noticiar não é ir atrás da notícia. Deixem os títulos com o telemóvel e examinem o que se passa. Precisamos disso. Porque se pensar é perigoso, não pensar é muito pior.
jornais e tvs são redigidis no rato do ps
podem falir
sem nenhum pesat por eles
Os jornais são organização políticas. Existem como catalizador da acção política, ou seja para tornar a política sempre a mais importante das actividades humanas.
Estão por isso a tornar a Democracia no Ocidente numa Democracia Totalitária.
Os jornais são instrumentos que gastam milhões a dar formação ao povo, a formar opinião pública. A maior parte deles estão falidos. Mas vale a pena… o lucro não é o objetivo destas empresas…
A utilidade pública dos jornais não é nunca demais salientar. Limpar o rabo em situações de emergência, acender o churrasco, limpar vidros, manter o chão limpo quando se está a pintar a casa, segurar castanhas assadas. E alguns jornais são melhores que outros.
É por estas razões que fiquei chocado quando no último congresso de jornalistas fiquei a saber que tantos ganham tão pouco. Certamente que quando os jornalistas prestam tão magnifico serviço à sociedade, o valor do seu trabalho deveria ser melhor recompensado.
Também se pode embrulhar peixe com os jornais.
“seu trabalho deveria ser melhor recompensado.”
A outra do Al-Púbico já atirou essa posta. Eu até acho que o Orçamento devia ter uma verba alocada aos jornalistas.
Em Portugal o jornalismo de investigação está onde? Por exemplo saíu há tempos uma notícia bombástica sobre o facto de haver uma lista de políticos e jornalistas alegadamente pagos pelo BES. Seria um excelente exemplo de bom jornalismo, se a dita lista fosse publicada e fundamentada. Em papel ou não. Ao não se falar mais disso fica a suspeição de que na alegada lista estarão nomes com poder para a manter bem guardada – ou seja, políticos e jornalistas no activo. É mau, porque a suspeita incide igualmente sobre os inocentes.
Ou, alguém deitou mão a essa lista e está em posição de chantagear políticos e jornalistas no activo.
Os media perdem a credibilidade quando todos os dias nos bombardeiam com notícias chocantes mas não dão seguimento.
O jornalismo existe – sempre existiu – para entremear a publicidade.
(A “liberdade de imprensa” é um subproduto da mercearia.)