É hoje notícia no jornal Público que o governo PSD/CDS, chefiado por Pedro Passos Coelho, escondeu informação sobre agravamento do buraco na Caixa Geral de Depósitos (CGD), para evitar, meses antes das eleições, comunicar aos contribuintes que teriam de meter dinheiro neste banco público:
Durante seis meses, o Ministério das Finanças liderado por Maria Luís Albuquerque teve na gaveta pelo menos dois pareceres da Inspecção-Geral das Finanças relativos a relatórios trimestrais da Comissão de Auditoria da Caixa Geral de Depósitos de 2014 que mostravam um agravamento das imparidades do banco público.
Um ano depois das eleições PSD acusa o governo PS, chefiado por António Costa, de adiar injecção de capital na CGD, para evitar que este valor tenha influência no cálculo do défice orçamental do Estado para 2016.
É notório ainda que muitas daquelas imparidades se referem a empréstimos efectuados a empresas/indivíduos a operar em actividades que políticos designam de “sectores estratégicos”. E agora os contribuintes terão de pagar a factura dessas más apostas.
Mesmo assim, a classe política continua a afirmar que a CGD deve permanecer pública, para que seja um importante factor no estímulo ao crescimento económico. Estas notícias dizem o contrário: a CGD seria mais útil à economia portuguesa se fosse privatizada.
a CGD seria mais útil à economia portuguesa se fosse privatizada
Não vejo qual é o raciocínio que leva a tal conclusão.
Os bancos privados também fizeram más apostas e também tiveram que ser saneados através de dinheiro dos contribuintes. Não foi só a CGD.
Luís Lavoura, uns bancos privados receberam empréstimos do Estado, não aumentos de capital. Que pagaram! Outros (BPN, BES e BANIF) tiveram de ser nacionalizados. Claro que a próxima questão deveria ser: porque devem ser os contribuintes a salvar bancos?
A CGD é tutelada pelos governos ou administrada pelos governos?
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Desde há muito que defendo que a CGD deveria cingir-se ao papel que abandonou de Caixa de Aforro, especializando-se na captação e na aplicação de poupanças, devendo, por isso, desfazer-se das suas outras áreas de negócio, com excepção da dedicada ao fomento, pelo que poderia passar a chamar-se CGDeF.
A notícia de hoje, no Público, parece fazer parte de uma campanha contra o governo anterior e não uma peça jornalista para esclarecer os portugueses. Pelo que ali se diz, a “jornalista”, autora da notícia, limitou-se a ler uns relatórios que lhe fizeram chegar às mãos e depois, sem melhor se informar e, sobretudo, sem procurar validar as conclusões a que chegou, escreveu uma peça para impressionar incautos.
E estamos nisto. Infelizmente.
A CGD tem de ser privatizada porque não serve absolutamente nada a causa pública. É um banco inteiramente privado no conjunto das suas atividades no mercado financeiro e tem-se revelado um buraco sem fundo onde os portugueses são obrigados por decreto a colocar o seu dinheiro, sem que isso tenha trazido qualquer beneficio à economia portuguesa. Não tão pouco a CGD tem quaisquer mecanismos de apoio às empresas nos termos da sua condição de banco público.
A CGD é talvez a maior desgraça deste país. A todos os níveis a vergonha-mor da classe governativa, do PS ao PSD e CDS, que revelam ser incapazes de nos últimos 45 anos por um simples banco a funcionar bem, pelo que não se pode esperar nada da sua capacidade para a maior tarefa de pôr um país inteiro a funcionar bem. Tal como inúmeras outras empresas públicas que entretanto foram caindo, a CGD é um espelho da capacidade governativa dos sucessivos governos que a tutelaram.
Não se vislumbra na sociedade portuguesa qualquer tentativa de se perceber o mal que este banco nos tem feito. Tanto pelo dinheiro que nos tem sacado, como pela má gestão digna da mais vil das empresas públicas. Os biliões de euros que 45 anos anos de CGD sugaram aos portugueses, nem assim elevam as vozes de protesto. Carneiros mansos e capados, seguimos de administração em administração incapazes de iniciar um braço de ferro com a classe política para acabarem com o tacho da CGD.
Antes de ontem no Política Sueca da RTP3 ouvi defender a CGD como banco público porque… veja-se ao que isto chegou… “não tem hoje nenhuma função pública, mas perdemos todos os bancos nacionais e portanto que pelo menos exista um”. Ou seja, já é mesmo só por causa de uma bandeira. Dito, não por um fascista, não! Mas por Cristina Azevedo, uma analista política, não filiada, mas com declarada preferência por políticas de esquerda centrista. Com um acenar de cabeça de Cerveira Pinto e até mesmo de Ricardo Jorge Pinto.
A CGD devia ser privatizada por tudo isto. Mas se for para continuar a expor a classe política deste país pela sua mais completa irresponsabilidade e incapacidade, então deixe-se ficar pública. A CGD tem servido bem esse papel. É um espelho claro da in-governação deste país onde todos tivemos o azar de nascer porque os nossos pais não viajaram nesse dia.
Quanto menos dinheiro à disposição da política melhor para todos. L
Sem a possibilidade de imprimir moeda só resta ao governo a possibilidade de decidir onde e a quem é alocado o capital, daí que seja pecado falar em privatizar a CGD. Se perdem este instrumento só restam os impostos, taxas e taxinhas para manipular a economia da nação, o que é insuficiente para um Estado Socialista.
Tem muita graça estes artigos, mas na verdade quem está contra auditorias internacionais é e foi a geringonça. E até parece mentira como homens (e cavalheiras) sérios como a comunagem e as bloqueiras também não querem auditorias. Depois de socrates do ps já ninguém desconfia….
Um retrato da CGD da época em que foi aquário:
Essa notícia seria relevante se a CGD não publicasse as contas para toda a gente ver.
Mas as contas da CGD são públicas, são colocadas no seu site e no site da CMVM, e as imparidades estão lá para toda a gente ver.
A ideia que as imparidades estiveram escondidas pelo Passos ou pela Albuquerque é simplesmente absurda.
Concordo com o autor.
O nosso banco público serve apenas para financiar o “clientelismo partidário”. Se virem o crédito malparado que culminou na recapitalização da CGD, este está fortemente concentrado nesses “grupos estratégicos”, apoiados tanto por PS como PSD e afins- aqui nenhum partido escapa.
Sem Caixa não há pesca nem indústria do “roubá-lo”, pá!
E o “roubá-lo” é um peixe que dá de comer a muita gente.
Algumas das melhores famiglias do país, pá, vivem do “roubá-lo” e só do “roubá-lo”.
Não me digam que também querem privatizar o desporto do “salto à Vara” ou impedir os “sucateiros” de fazerem “reciclagem” do “património”.
São coisas que o Estado até devia incentivar, pá!
Sem Caixa não há “Medalhas”, pá!
E quando um gajo estiver em Paris e precisar de fotocópias, quem é que empresta o pilim para as fotocópias, pá? A Caixa, pá!
E se a Caixa for privada já não dão atenção ao interesse priv… público do social… da sociedade, pá!