Ignoro eu e ignora toda a gente o que virá a ser o défice este ano. O governo diz que, ajustado de medidas pontuais, será -2,5% do PIB. Para que não possamos dizer o que quer que seja a esse respeito, oculta num gesto inédito, ou tenta ocultar, a informação necessária à avaliação dessa possibilidade.
O indescritível Nicolau Santos, que parece que, desde o momento Artur Baptista da Silva, resolveu assumir-se como chefe de claque, já anda para aí ao disparate, a gabar um resultado que ainda não há, deleitado com a ironia que há em ser o «menor défice da história democrática» uma produção do PS apoiado no PC e no Bloco (um detalhe: se o valor projetado pelo governo, aí em cima citado, se concretizar, não será o menor défice da democracia coisa nenhuma).
Do Nicolau espera-se tudo, todos os disparates possíveis, todas as exclamações próprias do «idiota de babar na gravata», na maravilhosa expressão de Nelson Rodrigues, que a usa sempre que tem de falar de pessoas do calibre do diretor adjunto do Expresso.
Imagine-se que o PS tinha herdado uma economia a crescer e um défice de -0,1% do PIB. No ano seguinte, por virtude do aumento do PIB, o défice passava a excedente, um excedente de 1,0%, por exemplo, e isso apesar de o governo em funções baixar impostos, aumentar a despesa, ajudar todos os seus autarcas a lançar uma nova geração de rotundas, etc. O Nicolau havia de delirar: que deliciosa ironia, isto de o primeiro excedente democrático ter sido atingido com o PS apoiado em partidos revolucionários! E depois, como não usa gravata, lá inundava o laço de baba, uma verdadeira maré de baba.
Admitamos, apenas para facilitar o argumento, que o défice vai mesmo ser -2,5% este ano. Isso é muito, pouco, ou nada? Depende de onde tenha estado o défice no ano imediatamente anterior e de mais uma série de coisas, relacionadas com a evolução da economia. Se não dissermos mais nada, pode representar uma deterioração efetiva da situação orçamental, mesmo estando a diminuir. É a economia a bombar, como dizia um político reformado, criando uma aparência de melhoria.
Deixemos de lado estas questões, sem as quais, porém, não conseguimos medir o que efetivamente se está a passar no orçamento, e cinjamo-nos à evolução dos défices aparentes. Quanto melhora o défice aparente, visível, o chamado saldo orçamental global?
Melhora 0,7 pontos percentuais do PIB. Ignoremos, repito, a questão de saber se é tudo efeito da evolução projetada da economia ou há alguma consolidação verdadeira. 0,7 pontos percentuais é muito ou pouco, comparando com o que se passou nos últimos cinco anos? Nos últimos cinco anos, em média, o saldo orçamental baixou 1,1 pontos percentuais em cada ano. Aquilo que põe o Nicolau em êxtase é algo como 40% menos do que a média anual dos últimos cinco anos. Ou dito ainda de outra maneira: para se chegar a um défice de -2,5% foi necessário reduzi-lo em 6 pontos percentuais do estado em que o PS o deixou no último ano em que nos arruinou. Para esse resultado, a contribuição deste governo foi de aproximadamente um décimo. Em condições incomparavelmente mais favoráveis.
Imaginemos que alguém corria a maratona e dez metros antes de cortar a meta entregava o testemunho ao Rocha Andrade, que lá rebolava até à fita e ganhava a medalha de ouro. O Nicolau explodiria de alegria: a sensacional ironia que não há nisto de um indivíduo que pesa para cima de 150 quilos limpar uma maratona!
Humilde sugestão de correção: -2,5% do PIB, corresponderia literalmente a PIB * -2,5%, o que significaria que o défice seria maior que o PIB em 2.5% deste. Alternativamente, em linguagem matemática menos formal, poderia também significar que o défice seria o resultado de uma redução do PIB em 2,5%, o que significaria que o défice seria então 77,5% do PIB.
Excelente análise Jorge Costa.
Deixo também o aviso que o cálculo que resulta no défice público deste ano foi sujeito a medidas extraordinárias que não se repetirão nos anos seguintes. O que mais uma vez deixa em aberto não só a discussão do passado (o esforço comparativo do PSD e PS para a redução do défice com um saldo bastante negativo para o PS como o Jorge bem demonstra), como também a discussão do que será o futuro do défice em Portugal e como se sustentará.
2.5% de défice é um soco na cara do oponente que valeu um ponto. Não é nenhum K.O.
O Vasco pulido valente apelidou o Galamba de demagogo da feira a quem nnão ddeveríamos atribuir qualquer iimportância. Humildemente sugiro que estendamos esta apreciação a esta canalha que nnãosabe do que fala e que vive na eexpectativa das sinecuras, sejam elas um cargozito no aparelho sseja uma nnotícia em primeira mmão. Nem sei como é que este gajo e do sSporting!
O problema de Nicolau é sofrer de ejaculação prematura. Muito possivelmente também literalmente.
Além disso, Sócrates também conseguiu um défice muito baixo através do aumento de impostos, tal como a geringonça está a tentar fazer agora. É muito fácil baixar o défice através do aumento de impostos, o problema é que a economia estagna tal como acabou de acontecer.
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Foi o próprio Sócrates que disse uma vez (numa entrevista a uma revista francesa) “Baixar o défice é fácil, posso fazê-lo a qualquer altura, já o fiz e sei como fazer. Mas o que eu quero agora é fazer a economia crescer” e foi aí quando o investimento público disparou, a dívida duplicou e o défice chegou a 10%.
Toda a esquerda defendia isso, António Costa era um dos grandes defensores do TGV, mas agora chega ao poder e fecha os cordões à bolsa, reduz o investimento e o crescimento estagna. E quanto ao défice, muito provavelmente ficará perto dos 3%..
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Passos Coelho foi o único PM que baixou o défice através da redução de despesa e fez crescer a economia sem ser à custa de políticas keynisianas de investimento público que só levam ao endividamento do país. Tal feito, jamais algum socialista conseguiria.