A importância da autoridade moral

Head in HandsO país anda há anos a empobrecer. Com excepção de 2014 e 2015, nunca teve um crescimento decente que fosse feito sem recorrer a dívida externa. Não há investimento privado e, consequentemente, há pouco emprego qualificado. O pouco que existe é oferecido muitas vezes em condições miseráveis e até abusivas. Para que haja mais investimento, mais empregos e mais crescimento é necessário tornar o país atractivo para o investimento, nomeadamente o investimento estrangeiro. Portugal precisaria de uma revolução fiscal que diminuisse bastante a carga fiscal das empresas e de uma legislação laboral que diminuisse os riscos de contratar. O grande problema é que a maioria destas soluções são contraintuitivas para o português médio. É difícil convencer um português já sobrecarregado de impostos que o melhor para o país é baixar impostos sobre as empresas. É difícil convencer um grupo de pessoas que já se sentem (justamente) maltratadas pelos seus empregadores que Portugal precisa de flexibilidade laboral para poder criar mais e melhor emprego. Se é difícil convencer as elites disto, ainda mais difícil será de convencer o português médio, por muitos exemplos que se apontem de sucesso destas políticas. Para existir algum tipo de apoio político às reformas que são tão necessárias como incompreendidas, elas têm que ser empurradas por uma pessoa em quem as pessoas acreditem. Não podendo explicar com arugmentos técnicos que o eleitor médio não entende, essas reformas precisam de ser empurradas por uma pessoa com autoridade moral.

Para lançar reformas populares não é necessária autoridade moral. Para lançar as reformas que o país precisa, é. Ao associar-se a uma das peças literárias mais nojentas e imorais já publicadas em Portugal, Passos fica mais distante de ter essa autoridade moral. É uma pena, porque não se vislumbram grandes alternativas.

7 pensamentos sobre “A importância da autoridade moral

  1. Luís Lavoura

    uma das peças literárias mais nojentas e imorais já publicadas em Portugal

    O Carlos já leu essa peça ou, sequer, extratos dela?

    Se não leu, como pode desde já adjetivá-la desta forma?

  2. Nuno

    Eu concordo com tudo o que o Carlos diz, e até acho que Passos se devia distanciar o mais possível disto.

    Mas há uma coisa importante que está a escapar à análise: Passos não vai apresentar o livro coisa nenhuma. Nem a Passos, nem ao autor os vi sugerir isso. Não consta, por exemplo, que se vá sentar no palco com o autor, ou subir ao palanque para discursar sobre o autor ou o livro.

    Passos foi convidado por um amigo a assistir à apresentação dum trabalho que à data desconhecia, e pretende manter esse compromisso, apesar do conteúdo. Como convidado importante, estará (provavelmente) na primeira fila da plateia, mas vai daí um mundo de diferença para apresentar o livro.

    A imprensa sarjeta conseguiu habilmente transformar isto num sancionar do livro, com o double standard típico a que a Maria João alude.

    Pôr a discussão nestes termos, e coagir Passos a quebrar o seu compromisso, contra o seu feitio (donde vem a tal autoridade moral) é precisamente o objectivo.

    Passos caiu na esparrela. O amigo (se o fôr) devia publicamente liberta-lo do compromisso.

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